O secretário-executivo do Ministério da Saúde durante a gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello, Élcio Franco, disse à CPI da Covid nesta quarta-feira (9) que devido a “incertezas” e medo de que a CoronaVac terminasse num “cemitério de vacinas” o governo não comprou doses do imunizante em 2020.
Ele argumentou que, no segundo semestre de 2020, quando o Butantan afirma que o contrato já poderia ter sido firmado, a vacina ainda estava na fase 3 de desenvolvimento. Segundo Élcio, essa fase gera incertezas.
“A Fase 3 de estudos clínicos de desenvolvimento de imunizantes também é considerada o cemitério de vacinas. Isso cabe para destacar que o desenvolvimento da vacina gera muitas incertezas. Então, esse é um aspecto que permeou a negociação com todas as vacinas”, disse Élcio respondendo sobre a demora do governo em fechar contrato com o Butantan, que produz a CoronaVac no Brasil.
O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), questionou o argumento sobre a fase 3, já que a vacina da Astrazeneca/Oxford foi adquirida pelo governo nesse estágio.
Élcio argumentou que a vacina da AstraZeneca poderia dar errado, mas o contrato previa transferência de tecnologia ao Brasil.
“Poderia haver insucesso, sim. Mas durante o desenvolvimento tecnológico, a Fiocruz ampliou a estrutura de vacinas, adquiriu equipamentos e assimilou uma nova tecnologia. Essa tecnologia poderia continuar sendo estudada até que se conseguisse desenvolver a vacina”, respondeu Élcio.
O senador Eduardo Braga (MDB-AM) contestou a fala do ex-secretário-executivo. “O que temos visto é um cemitério de pessoas, que morreram por falta de vacinas”, disse. “Os nossos cemitérios estão cheios de brasileiros por causa da falta de vacina. Essa é a grande questão.”
“O argumento do cemitério de vacinas não convence, não é um argumento. Porque, ao não contratar, faltaram vacinas ao país”, completou o senador.