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Regina, a mulher que trabalha com guinchos de carro no Acre

Por
Leônidas Badaró

Regina Santos, que atualmente tem 47 anos, nascida em São Paulo, veio ao mundo para desconstruir a figura machista da mulher do sexo frágil. Sua história é um exemplo de superação e de caminhos que vão se tornando totalmente opostos ao que se imaginava para a sua vida.


Depois que casou, Regina foi morar em Botucatu, interior de São Paulo. Conhecida pelo sobrenome do marido, Volpato, foi dona de uma academia, modelo fitness, capas de diversas revistas, bailarina da Banda Djavú que fez muito sucesso em todo o país entre os anos de 2008 e 2011, formada em duas faculdades e com pós-graduação, o que menos pode se pensar de um currículo assim é que Regina ainda não tinha encontrado a sua felicidade profissional.



A realização só veio a milhares de quilômetros do interior de São Paulo quando veio morar no Acre. Como se separou do marido, Regina decidiu jogar tudo para o alto e encarar o desafio de cortar o país até o Acre. Um filho de 25 anos mora em Sena Madureira e por conta da proximidade do nascimento de seu primeiro herdeiro, chamou a mãe para vir morar ao estado.


Há pouco mais de dois anos, Regina chegava ao Acre. “Eu cheguei aqui só com roupa e mais cinco cachorros. Queria mesmo recomeçar”, conta.



Em Sena passou a dar aulas como personal. Como a cidade é pequena, decidiu se mudar para Rio Branco. Rapidamente foi contratada como gerente técnica de uma academia na capital até que veio a pandemia.


“Apesar de ter a renda da academia em Botucatu eu me vi desempregada. Eu acho que a vida é feita de recomeços. Comecei a lembrar que minha mãe queria que eu estudasse, mas meu pai dizia que achava lindo uma mulher dirigindo um caminhão. O meu ex-marido tinha uma empresa que prestava serviço para uma fábrica de ônibus e eu precisava manusear os ônibus do pátio. Lembrei que meu pai dizia: “Filha, um homem dirigindo um caminhão é bonito, mas uma mulher é linda demais”, afirma.



Regina conta que estando desempregada no Acre foi fazer uma pesquisa no mercado de trabalho. Advinha o que ela encontrou? O estado estava com vagas excedentes justamente para motorista de caminhão. Ela explica que quando contou o queria fazer apareceu o tal do preconceito.


“Sofri muito preconceito. O pessoal dizia que isso não era serviço de mulher. Só que eu nasci para fazer tudo que disseram que mulher não pode fazer”, conta Regina.



A primeira oportunidade foi entregando carvão. Passou um mês no trabalho para conhecer a cidade. O que Regina queria mesmo era dirigir um “brutão” como são chamados os guinchos. Decidida, encontrou Liberalino Carvalho, dono de um serviço de guincho na capital acreana e não teve dúvidas, lhe entregou um currículo. De primeira, recebeu a informação de que não havia vagas. Continuou insistindo até que Liberalino lhe desse uma oportunidade.


“Confesso que fiquei meio desconfiado no começo. Até pelo currículo dela que era muito bom. Mas, a Regina insistiu e resolvi dar uma chance. Hoje não me arrependo de jeito nenhum, ela faz o serviço de forma competente e a procura até aumentou depois que a contratei”, diz o patrão.


Foto: Sérgio Vale/ac24horas

Hoje, Regina faz em média de cinco a seis guinchos por dia, sem hora para o trabalho. “Trabalho 24 horas por dia se for preciso. Sempre digo que sou o Samu dos carros, se precisar eu vou de salto alto e vestido, mas não abandono um cliente. Tenho muito orgulho de mim e da mulher que me tornei”, confessa.


Quando perguntada sobre se tem saudade da vida de modelo fitness e capa de revista, a resposta está na ponta da língua. “E tem sido bom quebrar esses preconceitos. A vida me ensinou a ser feliz com pouco. Em São Paulo, eu tive uma vida boa e não era feliz. Hoje estou muito mais feliz e confesso que se fosse para voltar para o ramo de personal trainner e deixar o caminhão, eu não voltaria. Atrás do volante do brutão é que sou feliz e sinto minha liberdade. Hoje, eu não tenho medo de mais nada nessa vida”, afirma.



Sobre o Acre, Regina fala de como se sente após mais de dois anos no estado. “Acreano é muito acolhedor, parece que te conhece há muito tempo. Sou muito grata”.


Veja as fotos de Sérgio Vale/ac24horas.com (PROIBIDA A REPRODUÇÃO).


Foto: Sérgio Vale/ac24horas
Foto: Sérgio Vale/ac24horas
Foto: Sérgio Vale/ac24horas
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Foto: Sérgio Vale/ac24horas
Foto: Sérgio Vale/ac24horas
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Leônidas Badaró

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