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Canalhice explícita na CPI circense

Por
Valterlucio Campelo

Já se disse muitas vezes que os canalhas também envelhecem. É fato. Nada garante que Caronte os encontre antes que seus cabelos embranqueçam, nem é forçoso que o passar dos anos lhes imponha caráter, respeito às leis, honestidade, rigidez moral. Rostos vincados não são sinônimo de bondade ou, sequer, de discernimento. Uma casa de anciãos não é, então, necessariamente, uma casa moral, pode ser, em sentido contrário, uma espécie de armazém onde são estocadas as nojentezas impunes. Parece que Deus os conserva como mostruário da decadência humana.


Foi a impressão que tive ao acompanhar por algumas horas a CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado. O circo montado pela velhacaria para de algum modo construir um enredo que justifique o desfecho trazido no bolso de seus proponentes é deprimente. Gente que apenas pelos crimes conhecidos deveria estar entre as grandes, enfileira-se para ameaçar, intimidar e constranger testemunhas escolhidas a dedo. Alguns inquisidores, mais jovens, porém ideologicamente imorais, se esfregam na linguagem como se fornicassem na lama, aperfeiçoando a má índole. 


Depois de dois anos de bombardeio acumpliciado com a mídia e o STF, a oposição ao governo federal através da CPI  circense mira o ministério da saúde, enquanto se nega a passar as vistas sobre a (im)probidade de governadores e prefeitos, que encheram as burras de dinheiro farto transferido pelo governo federal sob uma legislação prontamente afrouxada. Buscam nas entrelinhas e entrefalas de ex-ministros algum lastro para sua narrativa previamente elaborada. O desvio de recursos financeiros, em alguns casos já conhecido em níveis estaduais e municipais (vide consórcio nordeste), é solenemente jogado sob o carpete azul da Casa.


A versão maliciosa de que o governo federal tenha sido omissivamente criminoso, só precisa de uma frase mal colocada de um depoente para fazer levantar a malta de plantão na mídia. “Genocida!” gritarão as hienas da oposição que não aceitam a alternância de poder, a agenda vencedora nas eleições e um governo desalinhado ao progressismo globalista. Na carona, vão os isentões de calcinha vermelha.


O Brasil é, certamente, um dos poucos países em que o enfrentamento do vírus chinês foi transformado em plataforma para derrubada do governo. Enquanto as sociedades nacionais se davam trégua política e buscavam soluções negociadas, por aqui, ao arrepio dos interesses do povo, na primeira hora, dos marxistas mofados aos liberais de cueiros, dos artistas chapados do Leblon aos jornalistas dos rincões, dos coronéis nordestinos aos financistas paulistas, do ladrão bebum de Garanhuns ao sociólogo maconheiro da Sorbonne, todos os derrotados de 2018 anteviram a possibilidade de um golpe e se juntaram para, com amparo em decisões do STF, açoitarem sem dó, toda ação ou palavra que não estivesse em conformidade rasa com aqueles que tem à mão a alça da coleira no pescoço do chefe da OMS, ainda que o vai e vem de suas declarações demonstram o óbvio – não se conhece a doença, não há ciência firmada a respeito, o mundo está aprendendo a lidar com a peste de Wuhan.


Nesta quarta-feira e quinta-feira, enfim, prestou depoimento o general Pazzuelo, ex-ministro da saúde entre maio de 2020 e março de 2021, período em que a peste se agravou, houve o caso do oxigênio em Manaus e se iniciaram as tratativas de aquisição das vacinas. É, portanto, figura central do governo ao tempo em que se deu a administração da crise pandêmica. O teatro foi aprontado com esmero. O roteiro, os personagens, a audiência e a crítica. Era só “apertar o general” e aguardar o parto da montanha. Para desespero da velhacaria e da mídia de manchete pronta, Pazzuelo, que prevendo a cilada obteve o direito de ficar calado, surpreendeu os Torquemadas de ocasião e falou quanto quis, respondeu a todas as perguntas firmemente e deixou atordoados os inquisidores.  Nem um rato saiu da montanha “prenhe”.


Algumas coisas ficaram demonstradas. Arrisco a mencionar algumas importantes: O tratamento precoce é protocolo formal em 29 países, inclusive a Meca da esquerdalha – Cuba; Vários governadores, inclusive o do São Paulo, adotaram protocolo com hidrozicloroquina contra a peste; As tratativas da aquisição de vacinas, incluindo a da Pfizer, escolhida como casca de banana para o espetáculo, foi oportuna, correta e zelosa em relação aos interesses nacionais; a questão de Manaus foi tratada da maneira adequada – se houve negligência, foi do governo local. No conjunto, os velhacos do senado levaram para casa a necessidade de repensar seu roteiro perverso. 


De sobra, como se interpretando o sentimento da população, Pazzuelo foi certeiro em sua resposta ao coronel, digo, senador Tasso Jereissati; “Quem matou muitos doentes foi quem mandou o paciente pra casa esperar a falta de ar”. Esta assertiva atinge frontalmente o ex-ministro Mandetta, queridinho da imprensa, e põe a pensar (pelo menos deveria), os médicos que trataram seus pacientes com dipirona e expectativa de vaga na fila da entubação/morte.


Desconfio que ainda não foi dessa vez que a mídia de manchete pronta e a oposição macabra conseguiram êxito em sua faina diária de cavar masmorras à virtude. A personagem mais emblemática daquilo que seria o ponto mais frágil da atuação governamental não caiu na cilada do roteiro traiçoeiro, programado para aniquilá-lo. Pelo contrário, Pazzuelo saiu maior que entrou e, mais uma vez, deixou a nu os interesses mesquinhos da patifaria que leva o nome de CPI da COVID.


Para surpresa de ninguém, os donos da CPI declaram que levarão ainda dois meses, no mínimo, para concluírem seu trabalho. Tempo suficiente para disputarem os holofotes da mídia toda sorte de gente e interesses espúrios. Dos sino-proxenetas aos chantagistas de sempre, todos os canalhas terão repetidos momentos de histeria filmados e transmitidos pela grande mídia, até que, esvaindo-se na falta de razão e fatos, tenham cumprido seu papel – mostrarem-se aos seus eleitores e desgastar o presidente, tentando, desse modo, a restauração do projeto que desgraçou o Brasil enquanto enchia os bolsos de uma certa elite política e empresarial.


Contra a informação de todo o establishment, com dados oficiais desta quinta-feira, vê-se que no Brasil, de cada 100 casos confirmados, 90 foram curados, 6,6 estão em observação e a letalidade é de 2,8%. Com dados do worldmeters, o Brasil tem 9,5% dos casos registrados no mundo e 9,9% dos casos recuperados. A taxa de letalidade global é de 2,1%. No Brasil registra-se menos mortes pela peste por habitante do que em países como a Bélgica, Hungria, Bulgária, Eslovênia e Bozia-Herzegovina. 


Quando se trata de vacinas, o Brasil é o quinto país que mais vacinou no mundo e possui o dobro da taxa média global de pessoas totalmente vacinadas. Estes são os dados. Pesquisem se quiserem. Poderiam ser melhores? Certamente. Pergunte-se nos EUA ou na Inglaterra e a resposta será a mesma. Mas, daí a jogar no colo do governo uma inação criminosa, por si mesma desencadeadora de uma situação anormal, afastada da realidade global, genocida, é coisa de idiota ou, de vagabundo, diria certo senador dirigindo-se a outro.


Essa CPI circense, tal qual a movimentação de certos líderes e partidos ao longo do último ano, nunca foi pela vida de quem quer que seja, nunca foi pela saúde do povo. Tudo o que essa gente fez e continua fazendo é com o fito único de derrubar o governo e impedir a afirmação da identidade e valores nacionais, para submeter o país ao itinerário progressista. Curiosamente, a palavra honestidade sequer é proferida no teatro inquisitório. Seria demasiadamente debochado que a espécie Renan, Aziz, Otto, Tasso, Humberto Costa etc., se atrevesse a propor valores éticos ao circo da CPI. 



Valterlucio Bessa Campelo escreve opiniões às sextas-feiras no ac24horas e em seu BLOG


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