Uma carta pública assinada pelo Padre Jairo Coelho, diretor administrativo das obras sociais da Diocese de Rio Branco, mostra a gravidade em que se encontra a Colônia Souza Araújo, que cuida e alimenta portadores da hanseníase no Acre há muitas décadas no Acre.
O padre lembra que desde o ano de 1966, a igreja assumiu a administração da Colônia Souza Araújo, à época, com aproximadamente 400 internos. No contrato firmado com o Estado, ficou estabelecido que “a manutenção continuaria sendo responsabilidade do Governo do Estado, o que consistiria em remédios, alimentação, salários e até a conservação dos prédios. O valor repassado seria através de subvenções sociais, reajustado de acordo com a moeda do momento”.
Na carta, o padre explica que apesar do contrato estabelecido entre as partes, todos os anos a novela para a renovação do convênio revela o completo descaso do Estado.
“Não foram poucas as vezes que o desamparo do Governo ameaçou o fechamento do local, deixando abandonados, sem nenhuma assistência, os hansenianos que ali residem e também os que procuram o lugar em busca de tratamento e abrigo. Muda o governo, mas a incúria continua a mesma. Neste ano, a situação tem se mostrado ainda mais grave. Apesar das incontáveis tentativas das Obras Sociais da Diocese de Rio Branco, até a presente data, o convênio, que segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SESACRE) deixará de ser por subvenção e passará a ser Termo de Fomento, ainda não foi assinado”, diz Padre Jairo.
Com isso, o administrador conta que os internos e demais pacientes da Casa de Acolhida Souza Araújo, além da ameaça da Covid-19, sofrem mais uma vez, a ameaça de verem a Casa fechada. E o pior, sem ter para onde ir, pois o Estado, que tem o dever de oferecer abrigo e vida digna a essas pessoas, não tem onde os acolher e demonstra completa rejeição àqueles que deveriam ser suas pupilas dos olhos.
“O tempo avança e os problemas se avolumam. São fornecedores, funcionários, pacientes, todos vítimas do desamor daqueles que têm o dever de promover a dignidade e a proteção à vida e à saúde dos idosos, conforme preconiza o Estatuto do Idoso. Portanto, está na hora de nos mobilizarmos e exigirmos que o Estado cumpra com a sua obrigação. A Igreja, fiel aos ensinamentos de Cristo, tem feito a sua parte. Porém, não pode assumir um dever que não é seu. Não se trata de favor à Igreja por parte do Governo, trata-se de obrigação. Por isso, não podemos pecar por omissão. Vamos todos nos unir em torno desta causa e mostrar a nossa indignação com tamanho descaso e injustiça e, ao mesmo tempo, a nossa força como Igreja Católica”, diz em outro trecho.
Para não fechar as portas de fez, está sendo lançada a campanha “SOUZA ARAÚJO: ESSA OBRA NÃO PODE MORRER”. “Além de exigir que o Governo do Estado assuma a sua responsabilidade de cuidar dos hansenianos, queremos, também, mobilizar toda a sociedade, em especial a comunidade católica e os empresários, para que se tornem sócio-mantenedores da Casa de Acolhida Souza Araújo, através de doações mensais”, explica o padre.
Para saber como ajudar, entre em contato com as Obras Sociais da Diocese de Rio Branco ou pode fazer uma doação na conta 110273-7, agência 0071-X, do Banco do Brasil.
O ac24horas entrou em contato com o governo que ainda não se manifestou.
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