A farinha de mandioca sempre foi o carro chefe da agricultura familiar do município de Mâncio Lima, mas culturas como coco, café e frutas já fazem a diferença, mudando o cenário rural e garantindo maior renda e melhoria da qualidade de vida para os produtores da cidade
Segundo a secretaria de Agricultura de Mâncio Lima, os agricultores locais já vendem 40 mil cocos por mês para o mercado consumidor de Rio Branco. A meta também é tornar o município um grande produtor de café. Alguns colonos já estão colhendo a terceira safra do item. A saca de 60 quilos de café é vendida por R$ 420.
A diferença do ganho entre a mandioca e o café ilustra bem o novo momento. Em um hectare de roça de mandioca, um agricultor consegue R$ R$ 3.600. Na mesma área de café, poderá lucrar R$ 40 mil por ano.
Seu Edmo Ferreira, o Dim, diz que em 40 anos na propriedade no Ramal do Batoque, só começou a ganhar dinheiro quando diversificou a produção com café, abacaxi, laranja e coco anão. “Com a mandioca o trabalho é muito e o ganho é pouco, só dá pra manter a comida em casa. Foi com o abacaxi que comprei meu primeiro carro. Com o café, coco e demais frutas, já tenho 3 carros e uma casa boa na cidade”, conta ele, que vende 400 cocos por semana, entregando a R$1.50 na porta de casa. O ganho com a venda dos vários produtos é de R$ 10 mil mensais, sem contar com o café.
Os mesmos itens são produzidos por Cleucio Pereira, o Caboco, no Ramal do 20. Ele já comprou uma motocicleta e agora vai adquirir um carro com carroceria . “A gente vê o resultado do que colhe e planta. Agora eu já posso dar o que minha família precisa em casa. Nossa alimentação e a qualidade de vida melhorou como um todo”.
O café cultivado em Mâncio Lima é o clonal. Atualmente são cerca de 140 mil pés e a prefeitura do município incentiva a expansão da produção com a doação de mudas, adubo e transporte . O objetivo é alcançar 1 milhão de pés. “Aqui no Vale do Juruá há torrefadoras de café que compram o grão de Rondônia. Mas nós vamos mudar essa realidade e Mâncio Lima vai produzir café suficiente para abastecer toda essa região e vender para outros Estados. Queremos uma agricultura familiar forte no nosso município”, ressalta o prefeito Isaac Lima.
O processo de descascar e secar o café, feito pela maioria de forma natural e manual, também já passa a ser executado de forma industrial. O deputado e produtor rural Jonas Lima montou uma indústria na prioridade dele, que pode ser usada pelos demais mediante pagamento feito com 10% do produto a ser beneficiado.
Maria José de Melo, que tem 400 pés de café plantados, levou 5 sacas do produto para a industrialização e avalia ser a melhor solução. “Trago do jeito que colho e daqui saio com o café descascado e seco, no ponto de vender. Pra mim é mais prático e fácil”, relata.
Sebastião Oliveira, do Ramal do Pentecoste, resume o sentimento dos agricultores familiares neste novo momento. “É um meio pra gente alcançar uma melhora pra vida da gente e deixar as coisas pros filhos. Eu vou aumentar minha área plantada”, conclui.
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