Depois de percorrer os mais de 680 quilômetros da BR- 364, entre Rio Branco e Cruzeiro do Sul, nesta quarta e quinta-feira, dias 12 e 13, o superintendente do Departamento Nacional de infraestrutura e transportes (DNIT) do Acre, Carlos Moares, disse que a rodovia federal precisa ser reconstruída e que o serviço de tapa buracos, executado anualmente, não resolve o problema, sendo um eterno ” enxugar gelo”.
O valor do quilômetro da obra deve alcançar R$ 3 milhões, mas segundo ele, não há recursos disponíveis. O orçamento deste ano para a manutenção do trecho é de R$ 93 milhões. “Ocorre que pelas características locais, a solução de reconstrução é muito onerosa, supera os R$3 milhões/km. E no atual cenário de restrições orçamentárias, pandemia e demais dificuldades, somente a união de forças da sociedade, dos políticos e instituições poderá viabilizar esse projeto” garante Moraes.
O superintendente diz já ver movimentação dos parlamentares acreanos. “Essa semana tivemos uma reunião na FIEAC, a pedido do Presidente Adriano Silva, como desdobramento da visita técnica que eles fizeram à rodovia , e na ocasião fizemos uma apresentação de toda problemática que envolve a BR-364/AC, com propositura de solução definitiva. Notamos uma boa receptividade de nossas propostas e um interesse em unir forças para tentar viabilizar os projetos”, citou.
O solo, com predominância da tabatinga, é o grande problema da estrada, segundo o superintendente, que é engenheiro civil. A técnica aplicada na implantação da rodovia, de envelopamento da tabatinga e base de solo cimento, que viabilizou economicamente a obra, tornou a manutenção da rodovia, no curto e médio prazo extremamente difícil. Para Moraes, a manutenção a longo prazo será praticamente impossível.
“A tabatinga, que é o solo predominantemente do Bujari ao Rio Liberdade, é altamente expansivo e com baixíssima capacidade de suporte, ou seja, totalmente impróprio para aplicação em obra rodoviária. A solução para viabilizar a construção, creio eu, foi o envelopamento da tabatinga para evitar o contato dela com a água, uma vez que seca ela é menos ruim”, relata.
Ele relata eu essa ideia foi excelente, mas na prática trouxe sérios problemas. “Já a base de solo cimento, é o melhoramento do solo local com a incorporação de determinado percentual de cimento. A solução imediata seria sua remoção e substituição por material de melhor características físico-mecânicas. Ocorre que não há esse material melhor nas imediações em volume necessário, então, seria extremamente oneroso em razão da distância de transporte. Mas a missão da equipe do DNIT é dar solução ao problema atual da BR-364/AC, propondo e executando uma rodovia durável e segura, julgar o passado compete aos órgãos de controle”, garante.
Manutenção
O trabalho que começa a ser executado agora por 3 empresas e o 7° Batalhão de Engenharia e Construção- BEC, de Rio Branco até Cruzeiro do Sul, é de manutenção corretiva convencional, compreendendo os serviços de reparos superficiais e profundos, além de restaurações localizadas, nos piores segmentos, não superior a 500m de extensão.
O pior trecho segundo o DNIT é o de aproximadamente 215 quilômetros entre Sena Madureira e Feijó. “A carteira contratual atual e o nosso orçamento não nos permitem a resolução em definitivo do problema. Estamos trabalhando num projeto de restauração robusto, com técnicas bem sucedidas e já comprovadas em segmentos experimentais na BR-364/AC. Vamos ter que concentrar os esforços de manutenção nesse trecho, do contrário o próximo inverno amazônico será muito preocupante, ou seja, se não trabalharmos forte nesse trecho, agora no verão, ano que vem certamente teremos de volta os indesejados atoleiros”, concluiu Carlos Moraes.