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Luiz Calixto

Comecei a trabalhar com carteira assinada na empresa Organização Mansour, da honrada e tradicional família Mansour, aos 15 anos.


Antes disso, fiz de tudo um pouco: ajudante na padaria do “seu” Nonato, quebrei concreto pro Chico Tarzan, limpei quintal e também fui pintor de parede.


Da Organização Mansour fui convidado pelo Pantoja para trabalhar na empresa dele, a Oliveira & Santos, mais conhecida como Casa Real.


Naquele tempo, não havia divisão de tarefas, tampouco o uso de equipamentos de segurança individual era uma exigência trabalhista.


Ao tempo que atendia clientes no balcão, também varria o piso, limpava banheiros e descarregava mercadorias que havia embarcado no depósito.


Às vezes, ficava encabulado com as moças bonitas que passavam rumo ao Colégio Acreano, enquanto passava a vassoura de piaçaba na calçada.


Hoje, sem lembrar que me viram com vassoura nas mãos e já com a beleza carimbada pelo tempo, algumas conversam comigo.


À noite, sem faltar, ia para os estudos no Ceseme, que funcionou, temporariamente, na atual Heloísa Mourão Marques, diga-se, em homenagem a minha avó paterna.


Em 1982, passei em concurso realizado pela Escola Superior de Administração Fazendária do Ministério da Fazenda (ESAF), para a função de Auditor da Receita, que exerço há 38 anos e 7 meses.


Nesse cargo fui lotado em Tarauacá, época em que o acesso ao município se dava exclusivamente por meio de aviões monomotores e com a telefonia pra lá de precária, muitas vezes, me valia das fônias do  “seu” Omar Bandeira e do “seu” Carlos Freire para ter notícias de casa.


Em tempos do belicismo bolsonarista, sempre repito: a melhor e mais eficiente arma do pobre ainda é o estudo. Este ainda é o caminho mais curto para subir na vida.


Nessa levada, já se foram 42 anos e alguns meses e dias, entre os quais 12 anos de mandatos de deputado estadual, sendo boa parte destes fazendo oposição ao PT.


Fui pra Universidade Federal do Acre de ônibus, quando o Conjunto Tucumã impingia preconceito a quem lá residia.


Hoje, aos 58 anos, com tempo de sobra para aposentadoria e seguidor das medidas de prevenção indicadas pelas autoridades sanitárias, tenho que me contrapor aos liberais de araque cuja única bandeira é demonizar o serviço público.


Alguns desses “liberaloides” são bem conhecidos no Acre: uns por negociarem unicamente com o poder público e outros que nunca deram sequer um prego em barra de sabão, pois herdaram o que os pais amealharam,
desonestamente ou não, junto ao poder público.


Vale ressaltar que estes liberalistas também são bem chegados a cargos comissionados. No meio deles ainda temos os parlamentares que seguem a agenda liberal e tramam dia e noite ardilosamente para enfraquecer o serviço público.


Recentemente, o SUS e o FUNDEB só não foram covardemente abatidos em razão da vigilância da “esquerda”, como os sem cultura e sem caráter dessa tal direita tentam rotular genericamente qualquer opositor.


De maneira geral o serviço público atende as demandas da população. Os professores estão trabalhando, os policiais também, a arrecadação do Estado idem e os profissionais da saúde estão todos nos limites de suas resistências.


A maioria dos funcionários públicos tem função meritória.


Da mesma forma que a vassoura outrora não me envergonhava, também não me encabulo com o patrulhamento nocivo em voga.


No caso específico do Acre, torçam os liberais para que o governador Gladson Cameli mantenha o cabresto das finanças bem atracado nas mãos para não corrermos o risco de atraso no pagamento do funcionalismo.


E não esqueçam: a economia liberal do nosso Acre ainda tem como maior cliente o servidor público.



Luiz Calixto escreve todas às quartas-feiras no ac24horas.com


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