ão há um candidato que possa ser considerado franco favorito nas eleições presidenciais do Peru, que ocorrem neste domingo (11). As pesquisas apontam para uma disputa tão acirrada que é difícil prever até quem irá para o segundo turno, marcado para junho.
As pesquisas mais recentes mostram que nenhum candidato apareceu com mais de 15% das intenções de voto. Há ao menos sete nomes embolados entre as primeiras colocações. Veja abaixo em ordem alfabética:
Há outros 11 candidatos correndo por fora que podem surpreender, dado o acirramento da disputa. Entre eles, o ex-presidente Ollanta Humala, que ocupou o cargo entre 2011 e 2016 e chegou a ser preso por acusações de corrupção em 2017.
A situação de Humala, inclusive, é só um exemplo de como estas eleições ocorrem em um momento político tenso no Peru. Desde a última eleição presidencial, em 2016, o país passou por trocas de presidentes e viu ex-mandatários e outras lideranças políticas serem presos e sofrerem processos criminais em escândalos de corrupção.
Cinco anos atrás, o Peru elegia Pedro Pablo Kuczynski em uma votação apertada no segundo turno. Com discurso de renovação política, ele derrotou Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, que governou o país de maneira autoritária na década de 1990.
No entanto, escândalos de corrupção envolvendo a empreiteira brasileira Odebrecht abreviaram o mandato de Kuczynski, que se viu obrigado a renunciar ao cargo em 2018. Com isso, assumiu o vice, Martín Vizcarra.
As investigações do braço peruano da Operação Lava Jato chegaram aos seguintes ex-presidentes:
O escândalo político se espalhou por diferentes lados e partidos peruanos. Keiko Fujimori, opositora do governo, também se viu envolvida nas denúncias de corrupção e acabou presa duas vezes: em 2018 e em 2020. A herdeira do fujimorismo foi acusada de receber dinheiro da empreiteira brasileira durante a campanha eleitoral de 2011.
O discurso anticorrupção e choques frontais com a antiga classe política levaram o novo presidente a ganhar popularidade entre os peruanos. Por outro lado, Vizcarra ganhou antipatia dos congressistas peruanos e principalmente do grupo fujimorista, majoritário.
Assim, em setembro de 2019, o então presidente vinculou uma proposta de reforma no sistema de escolha dos juízes do Tribunal Constitucional — uma tentativa de evitar que a oposição controlasse a corte — a uma moção de confiança.
Pela legislação peruana, quando uma moção desse tipo não é aprovada pelos congressistas ao menos duas vezes, o presidente pode dissolver o Congresso e convocar novas eleições parlamentares. Foi o que Vizcarra fez.
No entanto, logo em seguida, o Congresso aprovou a suspensão temporária de Vizcarra alegando “incapacidade moral” e nomeou a vice Mercedes Araóz como nova presidente. Pressionada por protestos nas ruas de Lima e por manifestações das Forças Armadas, ela desistiu de seguir adiante.
Apesar da retomada do controle de Vizcarra, sobretudo após novas eleições parlamentares, a crise do presidente com o Congresso continuou. A pandemia de Covid-19, devastadora para os peruanos — o Peru é um dos mais atingidos pelo coronavírus em números relativos — piorou a tensão política no país.
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