Foto: Sérgio Vale/ac4horas.com
Na segunda-feira passada, dia 08/03, o mundo comemorou mais um Dia Internacional da Mulher. Data comemorativa que foi oficializada pela Organização das Nações Unidas na década de 1970. O dia simboliza a luta histórica das mulheres para terem suas condições equiparadas às dos homens. Aproveitando a data, nosso objetivo hoje é trazer alguns números da mulher na sociedade acreana. Para tanto, vamos utilizar informações disponibilizadas para os estados da federação, na segunda edição das estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil, que analisa as condições de vida das brasileiras a partir de um conjunto de indicadores proposto pelas Nações Unidas, que foram publicadas pelo IBGE no último dia 04, através da compilação de informações de suas pesquisas e de outras fontes externas.
Na tabela ao lado, destacamos o percentual do nível de escolaridade das pessoas com mais 14 anos por sexo, demonstrando que as mulheres dominam nos níveis de instrução mais elevados. Para exemplificar, em 2019 o Acre tinha 53 mil mulheres com nível superior contra 32 mil homens.
Apesar de mais instruídas, as mulheres ainda são minoria na docência superior. No Acre, as mulheres representavam 46,3% dos professores de instituições de ensino superior. Essa proporção vem crescendo, ainda que lentamente, nas últimas duas décadas. A proporção mais alta é na Bahia (51,8%) e a mais baixa, em São Paulo (43,4%).
O número médio de horas semanais dedicadas aos cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos das pessoas com 14 anos ou mais de idade foi, em média, 16,7 horas em 2019, sendo 11,2 para os homens e 20,3 para as mulheres. Destacando que, quando se analisa pela cor ou raça, as mulheres pretas ou pardas estavam mais envolvidas com os cuidados de pessoas e afazeres domésticos, com o registro de 21,3 horas semanais, ante 19,2 horas para mulheres brancas. Também há diferenças marcantes das mulheres por grupos de idades: as mulheres de 14 a 29 anos trabalham 17,3 horas nas atividades de cuidados e afazeres domésticos, enquanto as que tem entre 30 e 49 anos trabalham 18 horas e as de 50 e 59 anos trabalham 20,3 horas semanais.
Mesmo as mulheres com mais de 14 anos, que estavam trabalhando, os dados indicam que elas dedicaram mais horas aos cuidados de pessoas ou afazeres domésticos que os homens: 18,1 horas contra 11,3 de horas semanais dos homens.
Em 2019, a taxa total de desocupação (%) de pessoas de 14 anos ou mais de idade, foi de 14,6%. Nessa taxa são contabilizadas as pessoas que não têm trabalho, mas estão à procura de um. Quando a taxa é desmembrada por sexo, verificou-se que a taxa de desocupação das mulheres foi de 18,6%. Entre os homens, esta medida foi de 11,4% – uma diferença de 7,2 pontos percentuais. No período de 2015 a 2019, essa taxa de desocupação para as mulheres pretas ou pardas foi superior aquelas de cor branca. A maior diferença, ocorreu no ano de 2017, onde verificou-se que a taxa das pretas ou pardas foi de 18% e nas brancas foi de 12,3%o – uma diferença de 5,7 pontos percentuais.
O percentual de parlamentares mulheres na Câmara federal passou de 12,5%, em dezembro de 2017, para 50,0%, em setembro de 2020. No Brasil, o percentual de parlamentares mulheres na Câmara dos deputados passou de 10,5%, em dezembro de 2017, para 14,8%, em setembro de 2020. O Acre e o Distrito Federal são os que detêm os maiores percentuais do Brasil. Na Assembleia estadual 4 mulheres foram eleitas em 2020, correspondendo a 16,7% das cadeiras disponíveis.
Quanto aos vereadores, o percentual em 2016 era de 13,5% e passou para 20,8% em 2020, o segundo maior percentual do Brasil, superado somente pelo Rio Grande do Norte com 21,8%. Das 231 cadeiras disponíveis nas 22 Câmaras de Vereadores do Acre, 48 foram ocupadas pelas mulheres.
Os dados indicam avanços na luta das mulheres para terem suas condições equiparadas às dos homens. Mas, de repente, temos alguns dados que nos indicam que a luta é árdua. Como por exemplo, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério da Economia, que trata dos registros com carteira assinada no país. Entre março e novembro de 2020, foram extintos 220 mil postos de trabalho ocupados por mulheres, enquanto foram criadas 107,5 mil vagas para homens. A realidade mostra a desigualdade.
O espaço foi pequeno, voltarei ao tema na próxima semana.
Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas.
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