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Previsão da safra agrícola para 2021

A safra estadual de grãos para 2021, conforme estimativas do IBGE, deve atingir 111,65 mil toneladas, ficando 15% acima da produção de 2020 (97,12 mil toneladas). As informações são do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado em 11/02, pelo IBGE. A LSPA fornece estimativas de área plantada, área colhida, quantidade produzida e rendimento médio de produtos selecionados com base em critérios de importância econômica e social para o País e para os estados. Ela permite não só o acompanhamento de cada cultura investigada, desde a fase de intenção de plantio até o final da colheita, no ano civil de referência, como também o prognóstico da safra do próximo ano. A sua abrangência geográfica é nacional, com resultados divulgados para Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação.


A previsão da safra de cereais, leguminosa e oleaginosas do Acre, inclui os seguintes produtos: arroz (em casca), feijão (em grão), milho (em grão) e soja (em grão). Os dados são obtidos mensalmente pela rede de coleta do IBGE, por meio das Reuniões Municipais de Estatísticas Agropecuárias (REAGRO Municipal) ou das Reuniões Regionais de Estatísticas Agropecuárias (REAGRO Regional), constituídas por técnicos do IBGE e de outros órgãos que atuam na área, produtores e outros colaboradores, bem como por representantes técnicos de entidades públicas e privadas que participam das Reuniões Estaduais de Estatísticas Agropecuárias (REAGRO Estadual). Os dados oriundos das comissões são analisados, em nível estadual, na Reagro Estadual e, posteriormente, submetidos à aprovação na Reunião Nacional de Estatísticas Agropecuárias (REAGRO Nacional) em nível federal.


Como podemos observar na tabela acima, na previsão da produção de grãos, com exceção do arroz (queda de 2,7%), teremos crescimento na área plantada em todas as demais culturas, com destaque para o crescimento da área da soja (82%) e do milho (8,3%). Pelas previsões, as duas culturas juntas, totalizam mais de 103 mil toneladas. A soja e o milho também deverão ser os grandes recordistas da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas no Brasil. No Acre, estas duas culturas vêm se mostrando extremamente competitivas do ponto de vista empresarial, alcançando níveis de produtividade compatíveis com os números nacionais. O rendimento médio da soja no Brasil, em 2020, foi de 3.280 kg/ha, na Região Norte foi de 3.143 e no Acre foi de 3.165. Quanto ao milho (2ª safra) no Brasil foi de 5.653 kg/ha, na Região Norte 4.597 e no Acre 4.355. 


Em entrevista dada ao ac24horas no dia 20/02/2020 (https://ac24horas.com/2021/02/20/safra-de-soja-de-2021-sera-809-maior-que-2020-no-acre-diz-ibge/), o secretário de Produção e Agronegócio, Edvan Maciel, discorda dos dados do IBGE e diz que a produção de soja não será de somente 18.878 como prevê o IBGE e que será de 36 mil toneladas, reforçando que em 2020, a produção foi de 15 mil toneladas e não de 10.380 como diz o IBGE. O Secretário diz ainda que o que está em expansão no estado são realmente os grãos, em função dos preços pago ao produtor.


A LSPA forneceu ainda estimativas para outros produtos importantes para a agricultura acreana, cujas informações estão contidas na tabela a seguir:



A previsão para 2021 aponta pequenas variações em relação a 2020, tanto na área plantada como na produção. O maior aumento da área, em hectares, desse grupo de produtos é a da banana (6,7%), seguindo pela da cana-de-açúcar (5,1%), do café (4,0%) e da Laranja (3,9%). Já na produção em toneladas, a previsão é de aumento na cana (4,7%), na laranja (3,9%) e na banana (3,5%). A mandioca sofrerá um pequeno aumento (0,9%), enquanto deverá acontecer queda na produção de fumo (5,5%) e café (0,8%).


As previsões destacam que a produção agrícola não foi fortemente atingida pela crise sanitária como outros setores importantes da nossa economia. Os aumentos esperados na produção de milho e de soja estão conectados com o cenário nacional. No caso do milho, o IBGE, enfatiza que as exportações brasileiras do produto têm aumentado nos últimos anos, o que, junto à desvalorização cambial do Real, faz com que o produto aumente de preço no mercado interno, já que a oferta não é tão alta. Como a demanda interna pelo cereal continua elevada, em decorrência do maior consumo do complexo de produção de carne suína e de aves, bem como o da produção de ovos de galinha, os preços do produto devem continuar elevados. Além do mais, milho e soja são os principais produtos de origem vegetal mais representativos nas exportações do Acre para o exterior. 


Também no IBGE, obtive dados interessantes sobre Produção Agropecuária do Acre. O acesso direto pode ser feito pelo link https://www.ibge.gov.br/explica/producao-agropecuaria/. Consultando os dados verifica-se que a mandioca, em 2019, foi o produto que alcançou o maior valor da produção agrícola com R$ 221,34 milhões, correspondendo a 53,8% de toda a produção do Acre. A mandioca foi seguida pela banana, que rendeu R$ 60,35 milhões, correspondendo a 14,7% e pelo milho com R$ 54,98 milhões e 13,4% do total.


É bom ver a expansão da produção de grãos no Acre, principalmente nas áreas priorizadas e definidas pelo Zoneamento Ecológico e Econômico. Mas é importante também não esquecer dos produtos oriundos da pequena produção familiar, como os produtores de mandioca e de banana, por exemplo. Como vimos, esses dois produtos foram responsáveis por 68,5% de todo o valor da produção agrícola do Acre em 2019, envolvendo mais de R$ 281 milhões. Esses produtos além de manter economicamente a maioria dos produtores rurais acreanos, ainda são os responsáveis por alimentar uma outra gama de outras atividades comerciais e de serviços nas zonas urbanas do estado, dinamizando ainda mais as atividades econômicas locais.



Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas.