A imagem que ilustra esta publicação não é recente, mas retrata uma realidade que se arrasta por mais de duas décadas e se mantém até os dias atuais.
A Estrada da Variante, que já foi uma importante alternativa de acesso a Xapuri, teve um novo rompimento nesta semana, causado pelas chuvas, e ampliou as dificuldades de dezenas de produtores rurais estabelecidos às suas margens.
A Variante corta um dos mais antigos projetos de assentamento do INCRA no município, o loteamento Aquidaban, uma área de cerca de 7.500 hectares que pertencia ao estado.
A região foi repassada ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, em 23 de outubro de 1974, pelo então governador Francisco Wanderley Dantas, através do decreto nº 554 de 23/10/74.
A rodovia estadual dá acesso a diversas comunidades rurais do município, entre elas o Polo Agroflorestal da Variante, um projeto que destinou um pedaço de terra para famílias que viviam na periferia da cidade, numa tentativa de inverter o êxodo rural. É por ela que os produtores de duas comunidades importantes escoam seus produtos até a cidade: Morro Branco e Ribeiracre.
Além disso, a via também é usada como corredor para os extrativistas da Resex Chico Mendes que saem dos seringais Albrácia e Palmari. A única opção existente para essas populações chegarem até Xapuri é a navegação pelo rio Acre, solução hoje adotada apenas em casos de extrema necessidade, em razão da distância e dificuldade oferecidas pela viagem de barco.
Há cerca de 20 anos, moradores da região cortada pela Variante reivindicam maior atenção à estrada pelas gestões estadual e municipal. Após o asfaltamento da antiga Estrada do Entroncamento, rebatizada de Estrada da Borracha e inaugurada pelo governo Jorge Viana, a velha Variante começou a perder importância e deixou de ser usada como entrada e saída de Xapuri.
A recuperação da estrada e o seu asfaltamento é um pleito constante da população local, especialmente dos que vivem e produzem ao longo de seu curso. Tendo passado por diversas obras ao longo dos últimos anos, em nenhuma ocasião os serviços tiveram qualidade suficiente para que a rodovia voltasse a ter tráfego normal, como ocorria há cerca de 20 anos.
Em 2019, a estrada passou por uma obra de terraplanagem e piçarramento na qual foram aplicados recursos da ordem de R$ 1 milhão, provenientes de convênio federal, mas executada pelo município. O dinheiro, no entanto, não contemplou as pontes e os bueiros, que representam os maiores problemas para a total reestruturação da rodovia.
Ainda em 2019, o senador Marcio Bittar anunciou a aprovação no Orçamento Geral da União (OGU) de 2020 de R$ 23 milhões destinados à reconstrução e asfaltamento dos 18 quilômetros da Variante. Desde então, pouco se falou sobre o assunto e, com a chegada da pandemia, nada aconteceu de concreto a respeito do começo das obras.
Nesta quinta-feira, 4, o prefeito Ubiracy Vasconcelos anunciou uma parceria com o governo do estado, por meio do Deracre, para a tomada de providências para resolver o interrompimento do tráfego na estrada. A intenção é a de que os serviços de instalação de bueiros que foram substituídos na BR-317 sejam utilizados nas obras de recuperação do trecho rompido.
“O Deracre enviou uma escavadeira hidráulica e uma carreta para que transportássemos os bueiros para fazer os desvios com uma maior vazão de água. Vamos juntar as forças para resolver a situação. Não interessa se é de responsabilidade do estado ou do município, o que vale é que está dentro de Xapuri”, disse o gestor.
A previsão feita pelo prefeito é de que os serviços comecem a ser realizados a partir desta sexta-feira, 5.