Não foi uma entrevista formal, bem planejada, com gravador, caderneta e caneta. Foi mais um bate-papo, uma boa conversa que tive com o ex-governador Jorge Viana, em sua casa, no Ipê, onde mora desde 1986.
Falamos de quase tudo, mas o cardápio principal foi a política nacional e local, principalmente a tarefa que pesa sobre seus ombros de recomeçar, de reconstruir tijolo por tijolo o novo PT que deverá ressurgir das cinzas nas próximas eleições.
“Não serei candidato a deputado federal, seria muito cômodo me eleger tirando a vaga de alguém que caminha e que sonha com a gente a tanto tempo; na verdade vou ajudar a construir as chapas de deputado estadual e federal. Serei candidato a um cargo majoritário”, disse, não revelando se seria o de senador ou governador.
Vai depender do cenário político de 2022.
Na conversa J.V. não apontou o dedo para ninguém. Reconheceu que errou muito na condução do processo político nos últimos anos quando o irmão era governador. Poderia ser diferente, ter ajudado mais, participado mais. Porém, são águas passadas e o olhar agora repousa sobre o horizonte, sobre o futuro.
Durante o encontro, lembrou da preocupação que sempre teve em escolher os melhores, os mais preparados para a formação da equipe de governo. Destaco alguns pontos da conversa com Jorge Viana que relato a seguir:
GLADSON CAMELI
Na sua opinião o governador Gladson Cameli está bem avaliado no momento, principalmente porque a luta para conseguir a vacina (indo na contramão do presidente Bolsonaro e dos negacionistas) é muito importante. Para ele, a única saída política para Gladson em 2022 é disputar à reeleição. Porém, ressalta, que ele vai precisar de partidos aliados porque sozinho o caminho será difícil. Ele disse que vai escolher o vice e que a senadora Mailsa é sua candidata, onde ficam os aliados”, questiona.
O PROGRESSISTA
Sempre acusaram o PT de querer dominar tudo, mas nunca fizemos o que o PROGRESSISTA fez: tem o governador (Gladson), o presidente da Assembleia (Nicolau), o prefeito da capital (Bocalom), o presidente da Câmara (N. Lima), o prefeito de Cruzeiro do Sul (Zequinha) e o presidente da Câmara de lá também). Daí para frente não passa mais porque as pessoas não aceitam. O PT, afirmou ele, passou 20 anos porque compartilhou o poder; perdemos porque mudamos. Ele acha que errou também quando quis o Marcus Alexandre disputando o governo; poderia ter continuado na prefeitura. “Eu queria o melhor”, lamenta.
O PT EM 2022
J.V. descarta totalmente disputar a Câmara Federal. Sua tarefa será a de construir chapas majoritárias (Senado e governo), Câmara Federal e Assembleia Legislativa. “Já temos o nome de cinco mulheres que deverão disputar a Câmara. Para a Aleac teremos uma chapa muito boa também. “Minha preocupação não é ter um mandato, mas reconstruir junto com as principais lideranças do PT, de partidos do nosso campo (inclusive o PSB) e com pessoas de setores importantes da sociedade que nos conhecem e já estiveram com a gente no passado”. Para ele, o PT precisa mudar, oxigenar.
COMEÇANDO DO ZERO
Segundo disse Jorge Viana, o prefeito Raimundo Angelim está voltando para ajudar e colaborar com a futura presidente do Tribunal de Justiça, desembargadora Waldirene Cordeiro. Ele e o ex-prefeito Marcus Alexandre sempre estão juntos. Vai conversar com o ex-governador Binho Marques e o ex-senador Aníbal Diniz para ajudarem nesse novo momento. Com antigos aliados, que não são exatamente da política, já tem conversado.
PT X BOLSONARO
“A nossa linha de divisão é o presidente Jair Bolsonaro”. Está horrorizado com a posição do presidente frente a pandemia, as mortes e a vacina. De acordo com ele, o PT errou muito na relação com aliados, principalmente o PP, porque entrou no jogo de ceder e entregar o poder de qualquer forma para ter apoio”. O PT que corrompeu e foi corrompido aguarda pelo julgamento no STF do Juiz Sérgio Moro (se foi parcial ou não), que deverá ocorrer até março. Para Jorge Viana, ainda é cedo para se falar em candidatura de Lula a presidente, mas nada está descartado.
SÉRGIO PETECÃO E FLAVIANO MELO
Para Jorge Viana, Flaviano Melo é um dos políticos mais preparados, principalmente na bancada federal. “Tem se distanciado um pouco, talvez por conta da pandemia”. Sobre Petecão, disse que foi um dos mais importantes aliados que teve em seu governo. Avalia que ele pretende sim disputar o governo, mas vai depender de outras variantes. “O governador agora vai ficar bonzinho com ele”, ironizou.
O LEGADO DA FPA
“Se eu sair de casa agora já vejo o parque de caminhar; se pegar à direita na rotatória vou para a via verde, a esquerda, para o aeroporto, se seguir em frente vou pela avenida Ceará duplicada. Todas elas fomos nós que duplicamos”. Lembrou que a marca dos 20 anos de gestão do PT e da Frente Popular estão por todo estado. Tudo isso foi e é muito importante, porém, nesse momento o fundamental é reacender a chama da esperança de dias melhores através da política.
“A palavra e escrita ajudam a organizar o caos que há em nós e no mundo”.(Yudith Rosenbaum)
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