A maioria das exportações acreanas (20,3%), em 2020 foi para Hong Kong, principalmente as exportações derivadas de bovinos. Nosso objetivo hoje é comentar o desempenho do comércio exterior do Acre, em 2020. Em um ano marcado por uma grave crise sanitária que impactou, indistintamente todos os países do mundo, é muito interessante observarmos que, desde 2015, o ano passado registou o segundo melhor saldo positivo em sua balança comercial, sendo superado somente pelo ano de 2018, como podemos observar no gráfico abaixo.
Em 2020 o Acre exportou mais de 33,95 milhões e importou mais de 2,85 milhões, apresentando, portanto, um saldo no ano de mais de 33,10 milhões, em valores FOB de dólares. Numa análise mês a mês do ano, verifica-se que foram os meses de janeiro (3,45 milhões) e março (3,22 milhões), aqueles que apresentaram os melhores saldos na balança comercial.
Quando centramos a análise nas exportações vimos que o grupo de madeira e derivados, mesmo liderando as exportações acreanas com 13,15 milhões, teve uma queda de 9,1% em sua participação no total exportado, passando de 44% em 2019 para 38,7% em 2020. Por outro lado, as exportações do grupo de produtos derivados de bovinos foram de 9,66 milhões, aumentaram 15,2% frente ao ano de 2019 e já representam 28,4% do total. As grandes surpresas positivas vieram dos grupos de produtos de origem vegetal e o de derivados de suínos que apresentaram aumentos de 49,5% e 49%, respectivamente, em relação ao ano de 2019.
A maioria das exportações acreanas (20,3%) foi para Hong Kong, principalmente as exportações derivadas de bovinos. Em seguida para o Peru (13,6%), principalmente a castanha e EUA (13%) destaque para as exportações de madeira.
O porto de Manaus foi a alfândega brasileira mais utilizada pelos exportadores acreanos. Mais de 31,6% do total do valor exportado, a grande maioria madeira, foram exportados por aquele porto. Em seguida os portos de Santos (20,3%) e Paranaguá (19%). Pela Estrada do Pacífico, através da alfândega de Assis Brasil, foram exportados mais de 5,16 milhões, correspondendo a 15,2%, principalmente castanha, carne e derivados de bovinos. A maior parte dos produtos industrializados e de carne e derivados de suínos foram exportados para a Bolívia através da alfândega de Epitaciolândia, que totalizou 3,2 milhões e correspondeu a 9,4% de tudo o que foi exportado no ano.
O valor das importações em 2020 foi o segundo maior dos últimos 6 anos. Alcançou 2,854 milhões contra os 6,450 milhões de 2015. Em 2020, elas se limitaram a poucos produtos, sendo os mais representativos: Pneus de borracha vindos, principalmente da China (US$ 831.078), os telefones celulares vindos da China, do Reino Unido, da Romênia e da Espanha (USS 585.507) e os sulfatos utilizados como fertilizantes, oriundos da Índia, da Bélgica, dentre outros (US$ 330.490).
Os principais parceiros comerciais, com as respectivas participações percentuais em 2020 foram: China, com 36,7% (principalmente pneus, celulares e policloreto de vinila; Índia, com 9,0% (principalmente sulfatos); Espanha, com 8,3% (principalmente equipamentos para telecomunicação); Bolívia, com 8,1% (principalmente castanha do brasil); Argentina com 6,6% (principalmente farinha de trigo); Turquia, com 5,6% (principalmente produtos tonantes), Reino Unido, com 4,8% (principalmente celulares); Romênia, com 4,3% (principalmente celulares); Mianmar, com 3,6% (principalmente pneus) e o Peru, com 3,4% (principalmente azeitonas e cimento).
Os produtos importados pelo Acre em 2020, entraram prioritariamente com as respectivas participações percentuais, pelas seguintes alfândegas: Porto e Aeroporto de Manaus, com 23,3% (principalmente produtos tonantes, policloreto de vinila e sulfatos); Porto de Itaguaí, com 22,5% (principalmente pneus, celulares e equipamentos de telecomunicação) e Assis Brasil, com 11,7% (principalmente pneus).
Mesmo com a crise, o comércio exterior do Acre, no ano de 2020, foi superior ao alcançado em 2019. Logicamente que o bom desempenho das exportações do Acre está relacionado à desvalorização do real diante do dólar, o que torna o produto nacional mais barato nos mercados internacionais. Mas também tem a ver com os estímulos à competitividade, principalmente para as exportações de suínos e aos produtos de origem vegetal. No entanto nossos números ainda estão muito baixos e existe um longo caminho a ser percorrido. Aos que gostam de comparar o Acre com o Estado de Rondônia, mesmo sabendo que muitos produtos do Acre (principalmente a carne bovina) é contabilizada como se fosse do nosso vizinho, a diferença é muito grande, Rondônia exportou mais de 1, 371 bilhão e importou mais de 567 milhões medidos em dólares, em 2020. Não esqueçamos que uma comparação simplista entre Acre e Rondônia não cabe nesse artigo e deve ser feito em outras dimensões.
Temos muito o que caminhar na questão do nosso comércio com o mercado externo, não somente melhorar a nossa base produtiva para aumentar nossas exportações, mas também, melhorar as nossas importações. Não podemos esquecer que a importação é muito importante e precisamos compreender que, com ela, o dinamismo da demanda interna se amplia e reduz custos de produção. Portanto, um aumento das importações desempenha papel central no sentido de moderar as pressões inflacionárias internas.
Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas
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