Aliados aparentemente incondicionais na eleição que deu ao prefeito Ubiracy Vasconcelos e à vice-prefeita Maria Auxiliadora o segundo mandato consecutivo na prefeitura de Xapuri, PT e PSB começaram o novo ano não tão afinados quanto demonstraram na vitoriosa última campanha eleitoral.
Com posicionamentos discordantes acerca da composição da Mesa Diretora da Câmara, os dois partidos seguiram caminhos diferentes nas articulações que antecederam a votação e a desarmonia resultou no fato de os petistas ficarem sem cargos na composição do comando da Casa nesta legislatura.
O resultado da eleição definiu para o cargo de presidente o vereador Eriberto Mota, do PSB. O Democratas (DEM) ficou com a vice-presidência, elegendo o vereador Kaíco Roque, e com a primeira-secretaria, com o vereador Clemilton Lima. O PSB ainda ficou com a segunda-secretaria, por meio do vereador Dim Lopes.
O ponto central do mal-estar gerado nos bastidores do processo de definição da mesa Diretora foi o fato de o PSB haver negociado com o verdadeiro rival da Frente Popular de Xapuri (FPX) na eleição, o partido do deputado Antônio Pedro (DEM), que é comandado pelo filho do parlamentar, o empresário Aílson Mendonça.
Com três vereadores eleitos, o Democratas não teria como granjear vagas na Mesa Diretora sem que houvesse uma surpresa de última hora, pois dos seis restantes quatro eram da FPX e pelo menos mais um estava alinhado com o grupo vencedor, o vereador Ronaldo Ferraz, do MDB.
A reportagem do ac24horas no município conversou com representantes dos dois lados. Alguns petistas reclamam de que tomaram a famosa “rasteira” dos aliados. Os socialistas rebatem e afirmam que o partido sempre deixou clara a posição de não abrir mão da posição de destaque na Câmara.
“Sei que está repercutindo mal, que se fala em rasteira e até em rompimento. Mas a gente enxerga de outra forma: o PT e o PSB tinham convicções diferentes sobre a Mesa Diretora e ambos seguiram suas convicções até o final. Agora, a eleição da Mesa ficou pra trás. Precisamos seguir trabalhando juntos e unidos pelo bem da gestão e de Xapuri”, disse um representante do PSB.
O prefeito Ubiracy Vasconcelos também usou um tom pacificador a respeito do assunto. Segundo ele, não há crise, mas, no máximo um “arranhão” pelo fato de, segundo ele, haver um acordo prévio entre os partidos para que a Mesa Diretora fosse composta por PT, PSB e MDB, não necessariamente nessa ordem – a intenção de Bira era a de que o vereador Ronaldo Ferraz fosse reeleito presidente.
Para o gestor municipal, o resultado de toda eleição tem que ser respeitado e, enquanto prefeito, lembrou que não pode nem deseja interferir na independência do Poder Legislativo. Bira afirmou que, de sua parte, não existe abalo na confiança entre as duas siglas em razão desse fato, apesar de admitir a estranheza com o ocorrido.
“O que ocorreu, mas não a ponto de causar uma crise, foi o com quem se fez a aliança, que poderia ter sido com o PSD ou com o próprio MDB, mas foi feita exatamente com quem se estava engalfinhando na eleição. Mas, enfim, são poderes independentes e eles devem cuidar da Câmara e eu da prefeitura, como sempre foi”, afirmou o prefeito.
Até o fechamento desta reportagem não foi possível manter contato com os presidentes dos diretórios municipais dos dois partidos, João Ribeiro de Freitas, do PT, e Wagner Menezes, do PSB. O ac24horas também tentou falar com o deputado estadual Manoel Moraes, mas, igualmente, não conseguiu contato por meio do telefone.