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Por falta de médicos, hospital de Xapuri deixa de atender criança em emergência

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O policial militar Evaniel Rêgo de Souza, de 38 anos, entrou em contato com a reportagem do ac24horas em Xapuri para denunciar uma grave situação ocorrida na manhã desta terça-feira, 29, no hospital Epaminondas Jácome, único da cidade.


O militar relatou que levou sua filha, de 1 ano e 8 meses, que tinha febre acima dos 39 graus para ser atendida no hospital, nas primeiras horas da manhã, mas ao chegar foi informado de que não havia médicos no plantão.


Diante da situação, o pai levou a filha a uma Unidade Básica de Saúde (UBS), mas foi orientado pela médica que o recebeu a retornar ao hospital, uma vez que o caso da criança era de emergência, em razão da febre de 39,1 graus.

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Novamente no hospital, Evaniel diz que encontrou a mesma situação anterior, mas foi recebido por uma profissional de nome Vanessa, que aferiu a temperatura da menina, constatando que a febre da criança já estava em 39,4 graus.


Sem a presença de um médico para avaliar e prescrever medicação para a paciente, o policial militar se dirigiu a outra Unidade Básica de Saúde onde, finalmente, conseguiu atendimento para a filha que já teve melhora em seu quadro e está em casa se recuperando.


Depois de buscar atendimento para a filha por mais de duas horas, Evaniel formalizou uma reclamação contra o hospital na Promotoria de Justiça de Xapuri e afirma esperar providências a respeito do caso pelas autoridades competentes.


“Não podemos admitir que isso continue acontecendo, pois pagamos nossos tributos religiosamente para termos o mínimo de atenção do poder público às nossas necessidades. Algo precisa ser feito antes que alguém morra sem assistência”, disse.


Procurada, a direção do hospital admitiu o problema e explicou que a falta de médicos na manhã desta terça-feira se deu porque a profissional responsável pelo plantão teve um afastamento médico por atestado na noite anterior.


O gerente geral da unidade, o enfermeiro Josimar dos Santos, afirmou que não houve tempo para que a substituição da plantonista fosse feita, mas garantiu que o problema já foi resolvido com o deslocamento de uma médica de Brasiléia.


“Tentamos de tudo para que não houvesse problemas, inclusive procuramos por médicos do município, mas eles não possuem habilitação para atendimento hospitalar. Porém, conseguimos trazer uma profissional de Brasiléia para atender até amanhã”, respondeu.


Para o gerente Josimar dos Santos, o episódio desta terça-feira foi um caso isolado para o qual todos os esforços estão sendo direcionados no sentido de não se repetir. Segundo ele, a Sesacre acaba de contratar mais um médico para atuar no hospital local.


Problema antigo


Há pouco mais de um ano, o juiz da Vara Única de Xapuri, Luís Gustavo Alcalde Pinto, deferiu pedido do Ministério Público Estadual, por meio de Ação Civil Pública, para determinar que a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) procedesse a contratação de médicos plantonistas para atuar no hospital local.


A medida proposta pela promotora Bianca Bernardes se baseou em relato do próprio gestor do hospital à época, João Honorato Cardoso, de que a unidade de saúde se encontrava há mais de 3 meses com déficit nos plantões médicos semanais referentes aos dias de segundas e quartas-feiras, momentos em que o hospital ficava totalmente desguarnecida de profissionais da área.


Na ocasião em que os fatos foram noticiados, o hospital possuía em seus quadros apenas quatro médicos, contratados por diferentes modalidades, que se revezavam para suprir as necessidades da comunidade local, esforço que não se mostrava suficiente. Depois da decisão judicial, alguns profissionais foram contratados e a situação de atendimento na unidade melhorou.

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Precariedade


Mas os problemas no hospital de Xapuri não se resumem à falta de médicos nas escalas de plantão. Em outubro passado, a direção do Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC) fez uma visita à unidade e relatou que a situação era de precariedade.


Paredes com infiltrações, uma porta improvisada que potencializava a contaminação e o afundamento do piso da sala de emergências, com risco possível de desmoronamento, foram alguns dos problemas encontrados.


A entidade também afirmou ainda que faltavam medicações e havia oscilação de energia que inutilizava o equipamento de raio-x. O presidente do Sindmed em exercício, Guilherme Pulici, disse na ocasião que um relatório seria enviado à Sesacre e ao Ministério Público apresentando todas as demandas encontradas com o objetivo de cobrar melhorias.


“O hospital passou apenas por uma pintura na fachada do prédio, deixando a parte interna sem os reparos necessários. A situação pode resultar inclusive na interdição por parte do Conselho Regional de Medicina (CRM), se o órgão fiscalizador julgar procedente”, explicou o sindicalista na oportunidade em que a visita foi realizada.


Promessa


Seis dias depois da visita do Sindmed, o secretário estadual de Saúde, Alysson Bestene, esteve no hospital, quando fez a entrega de equipamentos avaliados em R$ 1,5 milhão e anunciou a reforma da unidade, que ainda não teve data de início divulgada, e a conclusão do novo laboratório de análises, que foi entregue em novembro passado pelo governador Gladson Cameli.


Raio-X e Covid-19


Apesar de entre os novos equipamentos que foram entregues pelo secretário em outubro passado constar um aparelho de raio-x recém-adquirido, o hospital continuou a ter sérios problemas com relação a esse tipo de exame, principalmente em razão da maior necessidade provocada pela pandemia de covid-19.


No entanto, servidores do hospital que pedem sigilo da identidade relatam que o aparelho novo de raio-x foi levado pela Sesacre dias depois de ser entregue. Entre as explicações, está a dificuldade com a rede elétrica, que teria inviabilizado o funcionamento do novo equipamento, tendo a unidade voltado a operar com o antigo aparelho que vive quebrando.


Outra informação apurada junto a servidores do hospital é a de que, com o aumento de casos de covid-19 no município, pacientes diagnosticados com a doença tiveram que ser encaminhados ao hospital regional Raimundo Chaar, de Brasiléia, para realizarem radiografias do pulmão.


Procurada pela reportagem do ac24horas, a assessoria de comunicação da Sesacre trouxe uma resposta da Direção de Assistência em Saúde. Segundo a explicação, havia um aparelho de raio-x fixo e outro móvel no hospital de Xapuri.


“O fixo, por problemas de diversas quedas de energia, queimou a placa e já foi dada a ordem de serviço para a empresa. O móvel continua em pleno funcionamento, mas não é indicado no diagnóstico de covid”, enfatizou a Assistência em Saúde.


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