Em abril de 2018, foi instituído oficialmente o Fórum Permanente de Desenvolvimento do Acre, importante movimento que criou um ambiente onde o setor empresarial, parceiros públicos, academia e outros colaboradores importantes, trabalharam coletivamente para discutir e impulsionar o desenvolvimento sustentável do Acre. Nos dois últimos anos, tive o prazer de coordenar tecnicamente o Observatório do desenvolvimento do Fórum, que teve como objetivo reunir informações estratégicas para o setor produtivo; avaliar o impacto de iniciativas empreendidas no estado; acompanhar o desempenho dos principais indicadores locais de desenvolvimento econômico, social e ambiental; dentre outros. Sempre com a expectativa de que estas informações pudessem contribuir para a tomada de decisões de empresários, de agentes públicos e da sociedade como um todo.
Durante os anos de 2018 e 2019, a prioridade do Fórum foi conhecer os pontos de partida, definindo os potenciais estratégicos do Acre e definindo uma visão de futuro da nossa economia. Depois disso, surgiram as Câmaras Técnicas, espaço que reúne a inteligência técnica dos diversos setores do estado que, através de debates técnicos, propiciaram consistência e agilidade na busca das melhores alternativas de soluções para o desenvolvimento econômico do Acre. Nesse contexto, foram criadas seis Câmaras Técnicas: do Turismo, da Economia Criativa, do Agronegócio, da Construção Civil, da Tecnologia e Inovação e a do Comércio Exterior.
As discussões travadas no seio das Câmaras, que envolveram 241 técnicos voluntários, das mais diversas áreas de atuação, dos setores governamentais, empresariais, academia, instituições de pesquisa, dentre outros, resultaram na definição das chamadas Rotas do Desenvolvimento, que consistem em definir uma macrometa, um futuro desejado, os desafios e as pautas estratégicas para cada uma delas. No quadro abaixo, faço um resumo das principais indicações de cada uma das Câmaras.
Definidas as rotas do desenvolvimento e as suas pautas estratégicas, agora chegou o momento de partir para a execução. Chegou a hora de partir em busca de uma estrutura que financie programas e projetos que surgirão a partir das estratégias definidas. Sabemos que muitas ações discutidas e definidas como prioritárias já estão, bem ou mal, sendo executadas pelas diferentes instituições que compõe o Fórum, principalmente pelo governo estadual. Porém, muitas precisam de um foco, ou de um suporte financeiro maior. Chegou o momento de sair do planejamento para a execução. Para isso, o Fórum do Acre teve que se reinventar para assumir esse novo papel no processo de desenvolvimento do Acre.
TECNOLOGIA E INOVAÇÃOMacrometa: Consolidar o Acre como um estado reconhecidamente inovador, principalmente nos segmentos do agronegócio, biotecnologia e ativos naturais. Desafios: 1. Criar o Centro de Inovação e Desenvolvimento para implementação de projetos estratégicos para o estado, 2. Integrar os projetos Viveiro da Inovação e Parque Tecnológico, 3. Estimular a criação de um polo de desenvolvimento significativo no âmbito dos negócios inovadores, com foco na biodiversidade e ativos naturais, 4. Estimular a presença efetiva de agrotechs que aumentam e potencializam a produtividade do agronegócio acreano, 5. Criar as verticais Setoriais de apoio ao desenvolvimento empresarial de setores estratégicos implementados. Pautas Estratégicas: – Desenvolvimento e Implementação do Projeto do Parque Tecnológico; – Capital Intelectual para atuar nos Segmentos Tecnológicos; – Incentivo ao Desenvolvimento e Implementação de Projetos; – Atrair Empresas de tecnologias com Foco no Agronegócio, Biotecnologia e Ativos Naturais; – Integração dos projetos Viveiro da inovação e Parque Tecnológico do Acre – Criar as verticais setoriais; – Capital intelectual para atuar nos segmentos tecnológicos. |
ECONOMIA CRIATIVAMacrometa: Consolidar o estado como referência em atividades criativas e eventos culturais na região amazônica. Desafios: 1.Mapear informações e levantar dados da economia criativa no Acre; 2.Articular e estimular iniciativas de fomento para empreendimentos criativos; 3.Prover assistência técnica, gerencial e logística continuado ao setor criativo; 4. Garantir infraestrutura adequada de criação, produção, distribuição e fruição de bens e serviços criativos; 5. Acompanhar e propor marcos regulatórios que se adequem à realidade do setor no estado do Acre. Pautas Estratégicas: – Formação e Consolidação dos Negócios Criativos; – Política Pública de Cultura; – Apoio Técnico e Logístico; – Controle Estatístico e Mapeamento de Informações; – Rede de Serviços de Negócios Criativos; – Portfólio e Calendário de Eventos do Acre. |
CONSTRUÇÃO CIVILMacrometa: Empresas da cadeia da construção civil têm participação expressiva no PIB do Acre e agregam valor por meio da aplicação de tecnologias inovadoras. Desafios: 1. A retomada do investimento em obras de infraestrutura torna-se ainda mais urgente e fundamental para a economia acreana, 2. A necessidade da utilização de parâmetros regionais para especificação das obras fica ainda mais evidente – principalmente por custos logísticos e disponibilidade de mão de obra, 3. O câmbio é altamente favorável à exportação – sendo uma das escolhas mais prováveis dos grandes produtores de insumos nacionais, aumento o custo da construção civil, 4. Implementação de políticas de incentivo para o setor habitacional, 5. Articulação para o fomento às atividades produtivas em condições diferenciadas, principalmente considerando as condições atuais do mercado. Pautas Estratégicas: – Leis e Normas que Impactam na Cadeia da Construção Civil; – Retomada de Investimentos, Aprimoramento na gestão de obras públicas e revisão dos modelos de contrato; – Novas tecnologias na Construção Civil no Acre; – Formação e Qualificação. Profissional; – Formação de Preços na Construção Civil (Tabelas Regionais SICRO e SINAPI); – Incentivo aos Investimentos na Área Habitacional; – Startups e Novas soluções Mercadológicas para Engenharia. |
AGRONEGÓCIOMacrometa: Consolidar o agronegócio como setor estratégico no desenvolvimento do Acre, aliando a perspectiva econômica com qualidade de vida. Desafios: 1. Ampliar e garantir assistência técnica e gerencial aos produtores rurais; 2. Estimular a qualificação da mão de obra rural; 3. Estabelecer um processo de licenciamento ambiental adequado às necessidades do setor produtivo; 4. Assegurar competitividade ao sistema tributário do Acre, permitindo a implementação de negócios favoráveis ao desenvolvimento; 5. Investir em logística de infraestrutura (ênfase na abertura e manutenção de ramais), 6. Integrar políticas públicas regionais – AMACRO; Melhorar condições de alfandegamento e demais elementos necessários à exportação; 7. Aumentar a produtividade do agronegócio no Acre; 8. Fortalecer e dinamizar as agroindústrias já estabelecidas no Estado, aproveitando o potencial instalado. Pautas Estratégicas: AMACRO; – Zoneamento Ecológico-Econômico do Acre – fase III; – Agentes Locais de Inovação Rural; – Acre: Zona Livre de Febre Aftosa sem vacinação; – Investimento em Infraestrutura (grãos); – Fortalecimento da Cadeia Agroindustrial de Mandioca; – Assistência Técnica e Gerencial Continuada; – Programa de Melhoria da Qualidade Genética; – Dinamização das Cadeias produtivas de Piscicultura, Suinocultura, Avicultura e Pecuária Leiteira. |
TURISMOMacrometa: O estado do Acre consolidado como o destino mais sustentável da região amazônica. Desafios: 1. Os visitantes nacionais e internacionais ainda desconhecem o Estado do Acre como um destino para fazer turismo sustentável; 2. O Estado do Acre não é certificado como destino sustentável; 3. O Trade turístico ainda não é organizado e fortalecido e recebe um baixo do fluxo de visitantes; 4. O turismo do Acre dependerá de auxílio público para manter o setor vivo, em especial para o setor aéreo; 5. As micro e pequenas empresas precisarão de uma atenção especial para manter suas atividades no médio prazo; 6. Será necessário um esforço de crédito especial às operadoras de turismo e consumidores de forma viabilizar a estada de lazer no Brasil. Pautas Estratégicas: – Gestão do destino. – Cultura e tradição; – Ambiente e Clima; – Negócio e hospitalidade; – Natureza e paisagem; – Bem-estar social. |
Em outubro de 2020, por iniciativa das três federações empresariais do estado (da Indústria, do Comércio e da Agricultura), foi formalmente criado o Fórum Empresarial de Inovação e Desenvolvimento do Acre, agora uma Associação Civil, com CNPJ próprio e que substitui a antiga organização informal, denominada de Fórum Permanente de Desenvolvimento do Acre. Agora temos uma associação civil de direito privado, sem fins lucrativos. Seu objetivo geral é articular diferente setores da sociedade com o intuito de debater e alinhar, coletivamente, informações sociais, econômicas e ambientais, estabelecer estratégias que visem: o desenvolvimento do estado, priorizando a incorporação da inovação e difusão de tecnologia, que busquem melhorar a competitividade da economia acreana para alavancar o crescimento social e econômico, promovendo a geração de emprego e distribuição de renda, incentivar a implementação de novos produtos ou serviços e melhorar significativamente os existentes, bem como introduzir novas práticas de negócios inerentes a todos os processos das cadeias produtivas dos empreendimentos e promover a atração de investimentos para o estado.
Os Associados Efetivos do fórum e que formam o seu Conselho Deliberativo é composto pelas seguintes instituições: Federação das Indústrias do Estado do Acre – FIEAC, Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Acre – FAEAC e pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Acre – FECOMÉRCIO. O Fórum terá um Conselho Consultivo (um colegiado de líderes), formado pelas seguintes instituições: Governo do Estado do Acre, Prefeitura Municipal de Rio Branco, FEDERACRE, SEBRAE/AC, UFAC, IFAC, EMBRAPA/AC, BB, BASA, CEF, AMAC, SUFRAMA e IBGE.
O Fórum continuará a contar com a atuação das Câmaras Técnicas e do Observatório do Desenvolvimento e terá em sua estrutura, um aparato técnico para gerir a sua parte executiva que atuará como a instância de interlocução entre as decisões tomadas nos Conselhos e suas execuções. É quem vai gerenciar e articular todas as atividades inerentes ao planejamento estratégico e os programas e projetos, sempre com o foco na garantia da missão e do alcance dos seus objetivos definidos.
A Presidência do Fórum será exercida por um dos representantes titulares das três Federações empresariais, eleito para o mandato de dois anos. O seu primeiro Presidente é o presidente da FIEAC: o empresário José Adriano da Silva.
É salutar o chamamento da classe empresarial para o debate do desenvolvimento do Acre. O surgimento e a consolidação do Fórum como uma organização capaz de promover a participação dos vários segmentos da sociedade civil, em escala estadual e regional, ajudará a criar uma base mais sólida para o enfrentamento dos problemas locais. A constituição dessa base torna-se especialmente necessária, pois as políticas para o desenvolvimento tendem a ser, cada vez mais, focalizadas na mobilização em busca dos recursos para financiar programas e projetos.
Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas.
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