Foto: Sérgio Vale/ac24horas
O IBGE lançou no último dia 12/11 a Síntese de Indicadores Sociais para o ano de 2019 e, no dia 13/11, o resultado das Contas Regionais de 2018, que trouxe o valor do PIB do Acre para aquele ano. Nosso objetivo hoje e abstrair os dados do Acre das referidas publicações. Os resultados utilizam dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua de 2012 a 2019, entre outras fontes. Vamos aos números.
Aumentou a extrema pobreza
No Acre, de 2018 para 2019, a pobreza medida pela linha de US$ 5,5 PPC (Paridade de Poder de Compra) subiu de 41,4% para 42,9% das pessoas. Já a extrema pobreza (US$1,90 PPC) aumentou de 14,4% para 16,1% da população, o maior indicador para os estados da Região Norte, que ficou em 11,4%. O índice de Gini (0,556) caiu em relação a 2018 (0,557), mas ficou acima do índice da Região Norte (0,537) e do Brasil (0,543). O índice de Gini consiste em um número entre 0 e 1, onde 0 corresponde à completa igualdade e 1 corresponde à completa desigualdade.
A análise da evolução temporal da extrema pobreza no Acre teve agravamento em relação ao início da série, com aumento de 27,8% na incidência pela linha de US$1,90 PPC, passando de 12,6%, em 2012, para 16,1% da população, em 2019. Em relação à 2018 (14,5%), houve um aumento de 11,8%.
Pela linha de US$ 5,50 PPC, houve redução na proporção de pobres entre 2012 e 2019, de 46,7% para 42,9% da população. Frente a 2018, a proporção de pessoas com rendimento domiciliar per capita abaixo dessa linha caiu 1,5 ponto percentual, passando de 42,9% para 41,4%.
O rendimento médio domiciliar per capita de 2019 foi de R$ 890 para o total da população acreana. Um pouco maior que o valor médio da região Norte (R$ 872) e bem abaixo do valor médio do Brasil (R$ 1.406). Esse padrão de diferença nos patamares de rendimento domiciliar per capita do Acre, do Norte e do Brasil, se alterou pouco desde 2012. Em 2019, no Brasil, o rendimento domiciliar per capita mediano (ao que até metade da população tem acesso) equivalia a cerca de 60% do rendimento médio e foi de R$ 861 em 2019, valor inferior ao salário mínimo nacional vigente neste ano (R$ 998). No Acre, esse rendimento mediano equivalia a cerca de 57% do rendimento médio e foi de R$ 508.
Aumentou a Taxa dos Desocupados
Entre 2018 e 2019, a taxa de desocupação no Acre subiu de 13,2% para 14,5%. Além do mais, cinco em cada dez trabalhadores acreanos ocupados estavam na informalidade em 2019. Enquanto a informalidade no mercado de trabalho brasileiro, de caráter estrutural, atingia 41,6% dos trabalhadores, no Acre era de 56,6%, em 2019, ou 173 mil pessoas. Este indicador se manteve estável em relação a 2018. Em termos regionais, a proporção era maior na região Norte (61,6%) e menor na Sul (29,1%).
Enquanto no Brasil, entre os jovens de 15 a 29 anos de idade, 22,1% não estudavam e não estavam ocupados em 2019, no Acre eram 29%, percentual um pouco a mais que em 2018, em decorrência do aumento da taxa de desocupação.
Melhora o número médio de anos de estudo das pessoas de 18 a 29 anos de idade
Em 2019, no Brasil, a taxa de frequência escolar bruta das crianças de 0 a 3 anos atingiu 35,6% e, na faixa entre 4 e 5 anos, chegou a 92,9%. Para a Região Norte, os valores foram de 17,6% e 86,6% e no Acre, 23,4% e 78,3%, respectivamente. Tanto o Brasil, como o Norte e o Acre, ainda estão abaixo das metas do Plano Nacional de Educação (50% para 0 a 3 anos e universalização para 4 e 5 anos até 2024). No Acre, em 2019, entre as pessoas de 25 anos ou mais de idade 56,6% não haviam completado o ensino médio, mas apenas 6,9% da população nessa faixa etária frequentavam escola.
A média de anos de estudos na população brasileira entre 18 e 29 anos, moradora de domicílios no Brasil, pela PNAD Contínua em 2019 foi de 11,6 anos. No Acre foi de 11,1 anos, ambos abaixo da meta do PNE, que é de 12 anos até 2024. O Sudeste foi a única região a alcançar essa marca em 2019; Norte e Nordeste registraram um valor de 10,9 anos para esse indicador.
Entre 2016 (primeiro ano da série histórica) e 2019, no Acre, a taxa de frequência escolar bruta, isto é, a proporção de pessoas de um determinado grupo etário que frequentam escola (desde creches até o nível superior) cresceu em três das seis faixas etárias consideradas. Os menores aumentos foram nos grupos de 6 a 10 anos (0,4 p.p.) e de 4 a 5 anos de idade (0,8 p. p.). Em 2016, na faixa etária de 6 a 10 anos, o Acre já se encontrava em patamar bastante próximo à universalização (98,2%).
O PIB de 2018
Como resultado das Contas Regionais de 2018, estudo que compreende as informações sobre geração, distribuição e uso da renda no País e nos Estados, acumulação de ativos não financeiros, abrangendo indicadores como Produto Interno Bruto – PIB, PIB per capita, entre outros aspectos. O PIB do Acre, em 2018, foi estimado em R$ 15,33 bilhões e sua participação na economia brasileira manteve-se em 0,2%. Em termos de variação em volume, houve crescimento de 0,5% do PIB do Acre, entre 2017 e 2018, em que a queda da Agropecuária e Indústria, foi compensada pelo crescimento de Serviços, que representou mais de 80% da economia do estado. O PIB per capita, por sua vez, foi de R$ 17.636,88. Abaixo, um resumo dos grupos de atividades econômicas em 2018:
– A Agropecuária apresentou a maior retração entre os três grupos de atividades econômicas, com queda em volume de 9,5%.
– A Indústria, que representou 8,0% do valor adicionado bruto do estado em 2018, registrou queda em volume de 4,0%, em 2018.
– Serviços foi o grupo de atividades de maior peso na economia do Acre, com participação de 83,1%, e registrou expansão em volume de 1,9% em 2018, em relação ao ano anterior.
A utilidade dada aos indicadores sociais podem ser o fundamento para a construção de políticas públicas, permitindo diagnosticar necessidades de intervenção ou avaliar seus resultados. Qualquer que seja o seu uso pode ajudar na construção de uma sociedade acreana melhor e mais justa.
Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas.
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