Com 100% das urnas apuradas e com direito a um possível recorde de abstenção de votos, o segundo turno na disputa pela prefeitura de Rio Branco está garantido entre os candidatos Tião Bocalom (PP) e Socorro Neri (PSB), e a situação política da capital promete ficar ainda mais tensa até o dia 29 de novembro. Ao final da apuração, Bocalom obteve 49,58% dos votos, enquanto Neri ficou com 22,68%.
O tucano Minoru Kinpara ficou na terceira colocação, com 14,62%, o que resultou em 25.939 votos e o emedebista Roberto Duarte com 6,97% e 12.362 votos. O petista Daniel Zen encerrou a votação com 4,01% e 7.121 votos. Jarbas Soster, do Avante, obteve 1,29% e 2.294 votos e Jamyl Asfury (PSC) com 0,85% e 1.509 votos.
Mesmo com todo o apoio do governador Gladson Cameli, Socorro Neri não conseguiu passar de Tião Bocalom na disputa. Minoru Kinpara, apoiado pelo vice-governador Major Rocha, até poucos dias liderava todas as pesquisas de intenção de voto.
E é nessa disputa escancarada entre “padrinhos” que o primeiro turno foi marcado por uma “guerra fria”, muitas vezes até com “vísceras expostas” com contendas públicas entre o 01 e 02.
Aliás, essa arenga entre governador e vice pode ter sido um dos motivos primordiais para que Tião Bocalom disparasse na frente de seus adversários nas semanas que antecederam a disputa deste domingo, 15. Enquanto os padrinhos de Neri e Kinpara brigavam, Bocalom, vinha sendo apadrinhado pelos senadores Sérgio Petecão (PSD) e Mailza Gomes (PP), que comandavam mais de R$ 8 milhões do fundão eleitoral distribuídos em seus diretórios estaduais para bancar a campanha.
Pela primeira vez, Bocalom tinha recursos para a disputa de eleições, situação muito diferente dos últimos 6 pleitos em que disputou, onde os “santinhos” acabavam semanas antes do dia decisivo.
Mas um dos fatores que mais chamou atenção nessa guerra eleitoral foi o fato do governador esfacelar todo o seu grupo político que contribuiu para sua ascensão no Palácio Rio Branco, para apoiar Neri, que era vice de Marcus Alexandre até 2018 e assumiu o comando da prefeitura após o petista renunciar para disputar o governo do Estado e perder a eleição.
Um dos principais motivos alegado nos corredores do Palácio não apoiar um candidato do seu grupo original é o fato de não confiar neles e travar uma guerra com o seu próprio partido para que abrissem mão da candidatura de Bocalom, o que gerou outra núcleo interno de desavença que culminou com o chefe do executivo se afastando do partido Progressistas. A aproximação de Cameli e Neri teria surgido com o tensionamento da pandemia e os dois trabalhando juntos constantemente em agendas conjuntas. Pelo menos isso é o que foi ecoado oficialmente.
O casamento Cameli e Neri não foi apenas marcado por flores e mimos. Em determinados houve tensionamentos, principalmente pela personalidade mais dura de Socorro em relação à Gladson, mais extrovertido e muitas vezes uma espécie de “meninão”. Uma das contendas expostas foi o fato do governador, indiretamente, ter colocado a socialista na parede ao exigir, por meios de terceiros, que o PCdoB, aliado histórico do PSB, fosse rifado da aliança de partidos minutos antes da convenção que chancelaria a candidatura de Socorro.
Independente dos troncos de barrancos, é bem provável que o grupo de Minoru e Rocha apoiem Bocalom no segundo turno e o governador tenha que se “virar nos 30” para garantir a eleição de sua ungida.
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