Dê a qualquer morador uma folha de papel e um “cotoco de lápis” e este, sem dificuldades, relacionará todos os problemas de Rio Branco.
Rede de esgoto deficitária, coleta de lixo mais ou menos, calçadas, pavimentação, transporte coletivo, postos de saúde, periferias esquecidas, escolas fundamentais.
Vale dizer que não é necessário ser nenhum adivinho para saber de cor e salteado os problemas da cidade.
De 1983 até os dias atuais, a prefeitura de Rio Branco esteve sob o controle de apenas três partidos: o PMDB durante 16 anos, o PT por 20 anos e o PP e o PSB com rebarbas de dois anos.
Uns fizeram alguma coisa, mas nenhum deles pode bater nos peitos para dizer que este ou aquele problema tenha sido resolvido definitivamente. Entra ano e sai ano e as reclamações são as mesmas.
Na disputa atual, a maioria dos candidatos está prometendo o que não poderá entregar ao eleitorado. Prefeituras de cidades do porte de Rio Branco têm poder de intervenção bastante reduzido.
As receitas de IPTU e ISS são insignificantes diante das despesas e o “grosso” tem de ser enfrentado com os repasses constitucionais do FPM e cota do ICMS.
Quaisquer outras obras saem de parceiras com governo estadual ou através das emendas parlamentares
Óbvio que gestões razoavelmente eficientes fazem das tripas coração e conseguem dar respostas aos desejos mínimos da população.
Flaviano Melo, em seu mandato biônico, Raimundo Angelim e Marcos Alexandre foram demasiadamente beneficiados pelos seus governadores aliados.
Claro que não há nenhum obstáculo que uma prefeitura seja administrada por partido que não seja o do governador de plantão ou aliado dele.
Em alguns casos é até salutar. Aliás, a maioria das prefeituras não são tocadas por políticos aliados do executivo estadual.
Ocorre que há um fator que não está passando despercebido na presente disputa. Três dos quatro principais concorrentes não escondem que farão da prefeitura uma trincheira pra enfrentar e tentar desbancar o governador em sua tentativa de reeleição.
Indisfarçadamente deixam transparecer a derrota política do governador precede à buraqueira nas ruas e a melhoria dos serviços municipais básicos.
Em toda a pandemia, que deu ao governador e à prefeita enorme reconhecimento popular, não se ouviu uma palavra de apoio às medidas sanitárias. Aliás, alguns estimularam a insubordinação.
O açodamento é tão explícito que não restam dúvidas que as pontes do diálogo administrativo estarão gravemente comprometidas e os estilhaços cairão na cabeça do povo.
Essa guerra fratricida, com certeza, vai adiar a resolução de demandas elementares da comunidade. Estão esticando demais a corda.
Luiz Calixto escreve todas às quartas-feiras no ac24horas.