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Cigma

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Flaviano não é muito de se gabar, ao menos em público, do legado que deixou ao Acre na área ambiental. Já devo ter tratado disso em algum artigo passado. Foi no seu governo, entre 1987 e 1990, com a criação do Imac e da Funtac, que o Estado passou a ser, e é até hoje, referência no domínio da tecnologia e da qualificação de profissionais para monitorar desmatamentos, queimadas, inundações e uma infinidade de eventos de origem antrópica e climática.


Lá no começo, as imagens produzidas pelos satélites eram adquiridas em papel e tinham que ser tratadas em imensas mesas digitalizadoras. Atualmente tudo é trabalhado em computadores e as respostas são quase em tempo real para subsidiar os órgãos de controle, fiscalização, socorro e planejamento.

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Como santo de casa não costuma ser bom milagreiro, confesso que fiquei surpreso quando o vice presidente Mourão veio por aqui no mês passado para conhecer o recém criado Centro Integrado de Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental (CIGMA com C), da Secretaria de Meio Ambiente, que funciona num dos prédios do complexo da Funtac.


Em tempos tão duros para a ciência e tão castigados para a Amazônia, em especial, que será que sobrou por ali e que mereceu tão distinta deferência? Evidentemente que fui por lá dar uma espiada. Muitos que alí trabalham são meus antigos conhecidos. Senti falta do Henrique, da Hiromi, da Valéria, do Saint-Clair… mas, acreditem, ainda há gente que está por ali há mais de 30 anos com a mesma empolgação.


Quem trabalha na área ambiental tem uma infinidade de dados disponíveis, hoje em dia, gratuitamente disponibilizados por agências brasileiras e internacionais. O INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) fornece imagens de diversos satélites, localização de focos de calor, alertas de desmatamentos. A ANA (Agência Nacional de Águas) o monitoramento de vazão dos rios. O INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) informações sobre chuvas, ventos, temperatura. Há também o Serviço Geológico americano – USGS, a NASA, a agência espacial europeia, que produz imagens semanais de boa resolução. Agora devem ser disponibilizadas também gratuitamente as imagens Planet, de alta resolução, segundo se lê no noticiário.


É dado prá dedéu. Transformar isso em informação dá um trabalho enorme e é isso que a equipe da professora Vera Reis está conseguindo fazer no CIGMA.


O monitoramento e os relatórios produzidos pelo Centro são ferramentas fundamentais para a prevenção de eventos pela Defesa Civil, por exemplo, que pode se antecipar no atendimento de ribeirinhos antes mesmo do isolamento por uma inundação. Ou permite o planejamento das ações dos Bombeiros no enfrentamento de incêndios florestais. Ou ainda, dá elementos importantes para que as agências e a polícia ambiental impeça desmatamentos criminosos.


Não há mágica que substitua o conhecimento e o trabalho. A história da Funtac mostra bem isso. Tudo foi construído ali, tijolo por tijolo, durante décadas. Temos no Acre o que Estados muito mais ricos e poderosos não têm que são pessoas capacitadas para produzir informação ambiental de qualidade, reunidas num processo integrado.


O desafio agora é saber usar esse potencial, essa vantagem, a favor do desenvolvimento equilibrado que melhore efetivamente a qualidade da vida da população daqui.



Roberto Feres escreve às terças-feiras no ac24horas.


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