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Planejamento: o que e como

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A primeira etapa do processo de gerenciamento da inovação é a percepção da necessidade a ser suprida. A segunda etapa é o planejamento desse suprimento. Em termos gerais, o planejamento representa o estabelecimento de uma sistemática interna para lidar com fenômenos externos no esforço de cumprir determinados acordos. Esses acordos feitos com o ambiente externo materializam o que é chamado de pensamento estratégico, que é o grande delineador de tudo o que a instituição realizará a partir do momento que for tornado público, declarado. A declaração de missão, visão e valores representa o eixo delineador das ações, onde estão estabelecidos as grandes diretrizes a serem seguidas a cada instante do esforço organizacional de honrar os compromissos assumidos. Em termos globais, o pensamento estratégico representa, na prática, a grande resposta à questão “o que a instituição pretende fazer?”, enquanto o planejamento estratégico responde a segunda pergunta “como isso será feito?”. Neste sentido, este ensaio tem como objetivo apresentar a fórmula estrutural de todo sistema de planejamento da inovação.


Planejar é responder a duas questões: o que fazer e como fazer. A primeira resposta identifica o objetivo pretendido, o alvo a ser atingido; a segunda, o caminho que levará ao objetivo, chamado estratégia. Dessa forma, a estrutura elementar de todo planejamento é f(p) = o + e, onde p é o planejamento, o é o objetivo e, a estratégia. Um objetivo é qualquer situação futura desejada, que pode variar tanto no tempo quanto em outras magnitudes. Há objetivo de algumas horas, como participar de uma reunião, da mesma forma que há objetivos de dezenas e até centenas de ano, como mandar o ser humano em viagem interplanetária. As estratégias dão suporte aos objetivos, variando na mesma proporção de tempo e suas magnitudes.

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Em termos institucionais, a maior das situações futuras desejadas é chamada visão, que representa a imagem atual de como a instituição pretende ser ou estar futuramente. Por isso também é chamada “visão de futuro”. É essa visão que todos os membros institucionais procurarão materializar a cada atividade desenvolvida. Tudo o que a organização passar a fazer a partir do momento da publicação da visão tem que estar voltado para esse futuro, o que representa outra forma de dizer que cada um constrói o futuro desejado a cada dia, a cada momento, naquilo que faz. E toda visão está vinculada a uma missão institucional.


Toda organização existe por algum motivo. Ninguém cria um centro de pesquisa para ficar inoperante. Isso significa que cada instituição tem uma razão de existência. A essa razão de existência se chama missão. Toda instituição tem uma missão, tem que ter uma missão. A organização que não sabe qual é a sua missão não tem razão de existência e tampouco sabe onde quer chegar, além das graves dificuldades que terá para sobreviver.


A missão institucional, grosso modo, é a resposta a quatro perguntas essenciais: primeiro, para que a instituição existe; segundo, qual é o seu negócio, seus produtos/serviços; terceiro, quem é o seu público-alvo; e quarto, quais são suas condições básicas de desempenho. Uma instituição, por exemplo, poderia ter como razão de existência a inovação tecnológica, como negócio a construção de embarcações fluviais, público-alvo os pescadores artesanais amazônicos e condições básicas de desempenho a satisfação dos seus clientes e baixo custo. Essas informações poderiam ser sintetizadas assim: “Gerar inovação tecnológica na construção de embarcações fluviais para pescadores artesanais com elevada satisfação e baixo custo”. Essa frase é considerada uma declaração de missão. A frase “Ser considerada referência mundial na inovação tecnológica em embarcações fluviais para pescadores artesanais até 2030” poderia ser a sua declaração de visão.


Complementa o pensamento estratégico a declaração de valores. Valores são fenômenos subjetivos que funcionam como substratos mentais estruturantes dos esforços humanos. Por exemplo, ética, comprometimento e preocupação com a satisfação das pessoas são tipos de valores que dão sentido a determinadas visões de futuro e, consequentemente, à missão institucional. Os valores são aquilo que as pessoas da instituição realmente acreditam, praticam e, por causa disso, prezam muito. Quando alguém passa por cima de algum valor, os demais membros da instituição se incomodam, tornam-se constrangido muitas vezes. É que o desrespeito aos valores representa um tipo profundo de desprezo.


Missão, visão e valores precisam ser declarados, tornados públicos, como uma forma de constituição institucional. Mas como são muito abstratos, precisam ser especificados, detalhados como serão aplicados, executados, colocados em prática. É para cumprir com esse papel que surge o chamado planejamento estratégico. A ideia de planejamento é de processo, que representam as etapas através das quais vão ser definidos o que fazer e como fazer, enquanto a ideia de plano estratégico é de produto, designando um documento onde está detalhado o que vai ser feito e como se vai fazê-lo. 


Geralmente os planos estratégicos apresentam blocos de grandes objetivos (mas menores do que a visão), chamados vetores ou setores, que dão sentido completo a ações específicas, como Plano Estratégico de Pesquisa, apenas para pesquisa, e Plano Estratégico de Extensão, apenas para extensão. Esses grandes objetivos são desdobrados em objetivos medianos (e em planos táticos) e menores (os planos operacionais). Cada plano apresenta, portanto, o que fazer e como será feito.


 


Quando esses blocos de objetivos (o que fazer) e estratégias (como fazer) são unidos em um esquema lógico global tem-se a estratégia global da instituição. Essa estratégia é alinhada tanto de cima para baixo (visão desdobrada em perspectivas estratégicas, objetivos estratégicos, metas e objetivos operacionais) quanto de cima para baixo, em que os objetivos operacionais vão materializar as metas, que levam ao alcance dos objetivos que materializam a visão de futuro, que cumpre a missão institucional. Os próximos ensaios mostrarão os esquemas lógicos de cada uma dessas peças.



Daniel Nascimento-e-Silva, PhD, professor, pesquisador do Instituto Federal do Amazonas (IFAM) e escreve todas às sextas-feiras no ac24horas. 


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