Oitenta e cinco por cento das pessoas, no Brasil, moram nas áreas urbanas. Mas todas moram em cidades. Umas melhores, outras nem tanto. Duvido que haja alguma da qual não haja nada para se reclamar ao prefeito.
Numas falta água, noutras tem enchente (por aqui temos ambos). O trânsito congestionado, o ônibus que não passa. O lixo que não é recolhido. Buracos nas ruas, lama, poeira, faltam calçadas, falta sombra, faltam praças. Sobram impostos e burocracia. Se o último prefeito não resolveu nada disso, está cheio de candidatos aparecendo agora e dizendo que vão arrumar tudinho com a varinha do Harry Potter.
Tenho comigo minhas dúvidas de que muitos desses bem intencionados aspirantes a síndico-mor façam alguma ideia da encrenca que os espera. Nossas cidades são pobres, cresceram sem planejamento, os problemas mais graves estão embaixo da terra (ou do tapete) e alguns feudos já dominam os principais serviços e não estão dispostos a abrir mão do espaço conquistado.
E além de ter que se preocupar o tempo todo com problemas dos serviços básicos da Saúde, Educação e Assistência Social, o prefeito tem mais um calo que é o tempo todo se projetar para a próxima eleição. Dele ou de quem continue com sua equipe e seus compromissos.
Não é mole não. E ainda tem a concorrência do governo estadual com dinheiro para fazer obras mais vistosas que as suas. E ainda tem que mendigar recursos federais, senão mal dá para a folha de pagamentos. Municípios são o primo pobre da Federação.
Agora você vai me dizer: mas, junto com o prefeito a gente elege mais um montão de vereadores para ajudá-lo a administrar a cidade. E eu te respondo com uma perguntinha: você se lembra em quem votou (e quais as propostas que defendia) para vereador, na eleição passada?
A Câmara de Vereadores é, realmente, muito importante para que uma cidade seja bem administrada, porém (sempre há um porém) se tornou uma casa com pouquíssima atenção da sociedade. Pouca gente acompanha o trabalho do “seu” vereador.
Quase ninguém encaminha os problemas que têm para a prefeitura resolver se utilizando de indicações ou de proposições legislativas. Às vezes acho que alguns dos nobres edis nem sabem o que, ou quem, representam nos quatro anos que passam por lá.
Nessa próxima eleição, daqui a dois meses, terá mais candidatos do que qualquer outra que já vimos. Uma oferta enorme de currículos e experiências para serem mostradas dão a oportunidade aos eleitores de escolherem o que há de melhor. E há gente muito boa para todos os gostos concorrendo.
Ao escolher o próximo prefeito e, principalmente, ao escolher o seu vereador lembre-se que, durante a campanha, todos serão os teus melhores amigos e te prometerão uma porção de coisas boas. Use os recursos que puder, converse muito e não torça por ninguém, para conhecer melhor cada um deles. Eleja quem realmente está preparado para levar adiante todas as propostas que fez e contribua efetivamente para que a vida de todos fique melhor.
Roberto feres escreve às terças-feiras no ac24horas.
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