No meu primeiro ano da escola as turmas de meninos e meninas eram separadas. Isso acabou no ano seguinte. Quando fui para o ginásio, cinco anos depois, ainda havia uma atividade onde as mocinhas aprendiam coisas da casa, e os garotos a manusear ferramentas.
Era proibido entrar no espaço delas. Às vezes ganhávamos uns quitutes que elas tinham feito enquanto trabalhávamos na oficina. Hoje essas coisas seriam tratadas como incentivo ao trabalho infantil, misoginia e um monte de de outros vieses do politicamente correto. No início dos anos 70 eram simplesmente modos de desenvolver habilidades motoras e ampliar a curiosidade da molecada.
Aprendi com os professores Geraldo Arcângelo e Romualdo Russo a fazer uma porção de coisas: uma caneca de metal, usando solda, uma caixinha de madeira, um fole de atiçar fogo, um motorzinho elétrico, algumas ferramentas usando torno e fresa, encadernei livro. Moldei e pintei objetos em cerâmica, aprendi e amolar ferramentas, a travar serrotes, a fotografar com câmera profissional e a revelar minhas próprias fotos e, principalmente, a deixar a oficina limpa e em ordem para a turma da aula seguinte.
Mens sana in corpore sano, o curso de Artes Industriais, a Música, as Artes Plásticas, a Educação Física complementavam a Matemática, História, Geografia, Ciências, Português e Inglês com igual importância.
Tenho certeza que a proposta de colocar meninos numa oficina lidando com máquinas, fornos e ferramentas cortantes tinha pouco a ver com formar mecânicos e operários. Naquela época, escola pública era frequentada ainda por uma elite da classe média, com ambição de formar seus filhos em Engenharia, Direito ou Medicina.
O que conta é que, desde bem novo, eu adquiri facilidade com trabalhos manuais, consertar coisas, manipular sistemas elétricos, hidráulicos, mecânicos, que me valem não ter muitas vezes que depender de um profissional especializado para resolver pequenos problemas cotidianos.
Na adolescência, a habilidade com alicates, fios de cobre e miçangas me valeram até alguns trocados fazendo bijuterias que as manas vendiam para as amigas. Por um tempo tive o hobby de fotografar, jogando com abertura e velocidade das lentes e a sensibilidade dos filmes. Hoje, mesmo com as artrites travando os dedos das mãos, ainda brinco com circuitos elétricos inventando armadilhas para que não roubem mais as lâmpadas que iluminam o portão de casa.
Só não aprendi bem a manter minha oficina em ordem, mas ainda consigo achar as ferramentas no meio da caixaria.
Numa reforma do ensino, dessas que volta e meia alguns burocratas resolvem fazer, retiraram essas atividades do currículo escolar, talvez porque devessem ter um custo elevado, comparando com aquelas onde a gente fica recebendo informação de livro didático e respondendo questões de múltipla escolha sentados nas carteiras com braço de um lado só. Só acho que estudar era bem mais interessante há meio século.
Roberto Feres escreve às terças-feiras no ac24horas.
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