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Produtores de leite adequam rotinas para evitar prejuízos na pandemia da Covid-19

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Como medida de proteção, os produtores de leite parceiros do Projeto Balde Cheio, inciativa que apoia propriedades leiteiras acreanas, adequaram a rotina de trabalho para possibilitar a continuidade da atividade produtiva durante a pandemia da covid-19 e evitar prejuízos. Algumas ações em conjunto com os técnicos do projeto passaram a ser realizadas à distância e nas visitas mensais de acompanhamento da propriedade rural foram adotados protocolos de segurança recomendados por órgãos oficiais de saúde.


Segundo o professor da Universidade Federal do Acre, Eduardo Mikte, coordenador do Balde Cheio no Estado, para não parar as atividades nesse momento de distanciamento social a equipe reprogramou a agenda de trabalho com os produtores. “Adiamos reuniões e palestras e intensificamos a comunicação por telefone e a troca de informações com os produtores rurais, por mensagens de texto, fotos e vídeos via aplicativo Whatsapp. Já as reuniões de acompanhamento mensal têm sido realizadas com apenas um técnico e o produtor rural, seguindo os cuidados necessários para garantir a saúde dos envolvidos, como o uso de máscara e álcool em gel e a distância física recomendada. É fundamental manter esse acompanhamento às propriedades rurais, especialmente porque a pandemia trouxe outras dificuldades para os produtores”.

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Mikte explica, ainda, que algumas atividades do projeto foram suspensas temporariamente, como os encontros com grupos de produtores rurais e cooperativas dos municípios de Manoel Urbano e Brasiléia, que pretendem aderir ao Balde Cheio. “As articulações iniciaram em março, mas devido à necessidade de evitar aglomerações foi necessário dar uma pausa no diálogo. Estamos com reuniões programadas e quando isso tudo passar, retomaremos o diálogo”, destaca.


O Balde Cheio é um projeto em rede, executado pela Embrapa junto com outras instituições, em diversos estados, com foco na capacitação de técnicos da extensão rural para a assistência continuada a produtores rurais que atuam na pecuária leiteira, para a adoção de tecnologias sustentáveis e ferramentas de gerenciamento da atividade para melhoria da produção leiteira e da renda das famílias.  No Acre, dois técnicos vinculados ao Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) prestam assistência a quatro propriedades leiteiras. 


De acordo com o analista da área de transferência de tecnologias da Embrapa Acre, Márcio Bayma, o projeto tem buscado parcerias institucionais para ampliar número de técnicos para atendimento às propriedades e de produtores rurais assistidos. “Para adotar as tecnologias recomendadas pelo projeto, entre outros fatores, o produtor de leite precisa contar com arranjos institucionais consolidados que contribuam para  a implementação de políticas públicas efetivas para o atendimento de demandas do segmento, incluindo o aumento da oferta de assistência técnica, o estabelecimento de relações mais justas entre a indústria de laticínios e o produtor rural e a melhoria do acesso a linhas de crédito”, diz.


Primeiros resultados

Na fase inicial, o foco das ações do projeto Balde Cheio são a melhoria da fertilidade do solo e a oferta de alimentação de qualidade para o rebanho. Entre outras atividades, são priorizadas as análises de solo, correção e adubação e a divisão da área em piquetes, com uso de cerca elétrica, e as anotações econômicas e zootécnicas. De acordo com Mikte, a análise do primeiro ano do projeto em propriedades rurais do Acre ainda não está concluída, mas já é possível perceber um incremento na produção dos rebanhos e na melhoria da renda das famílias. “Esses primeiros resultados indicam que estamos no caminho certo”, afirma.


O produtor rural Ermenegildo Cardoso Neto, morador da Colônia Santa Luzia, no município de Porto Acre, aderiu ao projeto há 11 meses e já comemora um aumento de 30% na a produção de leite. Com 28 vacas em lactação, em uma área de 2,7 hectares de pastagem reformada com capim BRS Zuri, a produção diária da propriedade é 110 litros de leite.  Ele apostou na cama de frango para adubar o pasto, no piqueteamento da área e no manejo rotacionado do rebanho. Além disso, melhorou a oferta de água, o conforto térmico do gado e tem investido na elevação do padrão genético do rebanho, por meio da seleção e descarte de animais e aquisição de matrizes leiteiras mais produtivas.


“Com apenas uma forrageira, hoje temos pasto de qualidade para o gado e conseguimos manter a produção de leite mesmo no período de estiagem. O segredo é não descuidar da adubação e das práticas de manejo para manter o pasto sempre produtivo. O próximo passo é implantar o sistema de irrigação na pastagem. A meta é chegar a 500 litros de leite/dia. É um longo caminho, mas com planejamento e orientação sei que conseguiremos”, ressalta Neto.


Impactos da pandemia

Metade do leite produzido diariamente na propriedade de Neto é vendida de forma avulsa para consumidores de Porto Acre, ao preço de três reais o litro. A outra parte é utilizada como matéria prima na pequena queijaria da família, instalada na propriedade, onde são produzidos 300 quilos de queijo por mês, vendidos a 20 reais o quilo. Neto garante que mesmo com as restrições impostas pela pandemia, as encomendas não pararam de crescer e para garantir maior segurança ao processo produtivo e aos consumidores intensificou as práticas sanitárias na produção e adotou medidas preventivas na fase de comercialização. 


“Reforçamos os cuidados com a higiene do local e pessoal e o uso de luvas, máscara e álcool em gel se tornou parte da nossa rotina em todas as fases do trabalho. Além disso, na entrega dos produtos evitamos conversar com os clientes e procuramos manter um distanciamento seguro para proteger a nossa saúde e dos consumidores.  Temos mercado garantido tanto para o leite como para os queijos e uma demanda crescente”, enfatiza Neto, destacando que diante da necessidade de aumentar a produção de leite para ampliar a capacidade produtiva da queijaria, buscou o apoio do projeto Balde Cheio.


Na fazenda Laticínios Buriti, empresa parceira do projeto Balde Cheio desde agosto de 2019, também em Porto Acre, as vendas de leite UHT (longa vida) reduziram 15% desde o início da pandemia. Visando proteger a saúde dos 28 empregados e dos consumidores, a empresa reforçou os processos de higienização na área de produção, dispensou os empregados do grupo de risco e reforçou os cuidados com o uso de equipamentos de proteção individual entre outras medidas de segurança. “Embora a pandemia tenha impactado a rentabilidade do negócio, nenhum trabalhador foi demitido. As vendas de leite reduziram, mas ganhamos novos mercados para os derivados lácteos, que passaram a ser mais procurados”, diz o produtor Marcelo Oliveira, proprietário do empreendimento. 


O foco inicial do trabalho com o projeto Balde Cheio é a melhoria da qualidade das pastagens, para aumentar a produção e reduzir a compra de leite de terceiros.  O rebanho de 22 vacas em lactação produz 275 litros de leite por dia, mas o processamento diário da fazenda é de 8.200 litros, utilizados na elaboração de derivados como queijos, iogurte, manteiga e leite pasteurizado. “Já reformamos sete hectares de pastagem com capim Mombaça, estamos investindo na irrigação do pasto e vamos ampliar a área reformada. Até o fim do ano, a meta é produzir 600 litros de leite, diariamente, e a longo prazo queremos chegar a cinco mil litros/dia”, diz Oliveira.

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