Estou numa viagem pelo Juruá, a trabalho. Rio vazio, cheio de praias e barrancos que passam devagar. O movimento intenso de canoas, voadeiras e pequenos pescadores deixa a paisagem menos monótona.
A ida de Cruzeiro do Sul para Eirunepé foi em dois dias longos com descanso em Ipixuna, onde quase quase todos os hotéis permaneciam fechados pela pandemia, levada a sério pela população. Todo mundo de máscara pelas ruas e o serviço de borrifação em atividade foram as principais imagens dali. Ao contrário, em Eirunepé ninguém parecia se importar com o vírus.
A volta, programada em detalhes para chegarmos no mesmo tempo a Cruzeiro, não está contando com a colaboração do motor do barco. Paramos diversas vezes e até fomos rebocados alguns quilômetros por uma bajolinha com motor de rabeta. Já estava escurecendo quando atracamos ao lado de um batelão na comunidade Deixa Falar. Acho que tínhamos navegado menos de um terço do planejado para o dia.
Uma parte da equipe instalou suas redes no batelão, que parecia abandonado. Eu e mais dois aceitamos a oferta de alojamento feita por um morador. Também não recusei o café, já pronto na garrafa térmica na varanda onde um grupo se reunia para a prosa do fim de tarde.
Após um banho no igarapé, sentamos também na varanda cercados pela molecada que aproveitava a hora do gerador ligado para se ligar na internet. Opa! Tem internet? Abri o tablet, fiz o relato do atraso da viagem para despreocupar os de casa e comecei a navegar sobre as imagens do Google tentando reconhecer os lugares ao longo do rio. A meninada que se juntou ao lado foi me mostrando que é boa mesmo na geografia.
Pela manhã, nosso barco voltou a Eirunepé tentar o conserto e ficamos na vila. São algumas dezenas de casas, quase todas ao longo de um trapiche de madeira acompanhando a linha do rio. Uma igreja, uma escola, uma casa de farinha. Entre as casas e o rio há uma faixa larga onde pastam alguns bois, búfalos e carneiros. Me disseram aqui que o barranco era bem mais distante e que o rio está vindo na direção do trapiche.
Ao fundo das casas há um igapó e, mais adiante, o lago que dizem ter excelente pesca de pacus e tucunarés. Numa rápida caminhada vi muitas fruteiras: manga, jambo, caju, laranja, cajarana, graviola… é tempo de melancias agora.
O sol da manhã pega em cheio e sem piedade a frente das casas. Nesse horário o local fica quase deserto. Alguns vão para o rio pescar e lavar roupas e outros para a roça da cana e da macaxeira, bases da produção local. Achei uma sombra de onde aprecio tudo e deixo o tempo passar até que o barco retorne. O relógio é lento. À tardinha deve ter roda de prosa com café, novamente.
Em breve volto para o estresse do trânsito e da internet lenta de Rio Branco . Sou mesmo viciado na cidade mas confesso que uma parada dessas às vezes me faz muito bem.
Roberto Feres escreve às terças-feiras no ac24horas.
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