A delegada de polícia aposentada, Wânia Lília Maia Viana, que já atuou como titular na Delegacia da Mulher em Rio Branco, desde em março (quando começou a pandemia de coronavírus) tem feito um trabalho voluntário para auxiliar mulheres em situação de violência doméstica.
Wânia passou a atender mulheres por telefone e redes sociais. Ela destaca que não de trata de uma consultoria jurídica especializada, mas sim de uma possibilidade de acolhimento, orientação e de desabafo. “Diria que faço escuta sem julgamento e tento junto com a mulher encontrar saída, fazer com que ela decida o que quer fazer. Esta é apenas uma pequena contribuição nessa causa”, diz.
Segundo ela, o disque 180, serviço nacional de denúncias a respeito da violência contra a mulher, em abril deste ano teve quase 40% de aumento de chamadas, se comparado ao mesmo período de 2019. Por outro lado, o registro de Boletim de Ocorrências (BO) nas delegacias, e concessão de medidas protetivas, tem diminuído muito.
“Isso se justifica, provavelmente, pelo fato de a mulher não ter, nesse período, desculpas para sair de casa e, com isso, buscar ajuda”, explica. O atendimento voluntário começou com chamadas pelo número (68) 99245-2824, depois passou a funcionar o WhatsApp e, por último o Instagram @euteescutomulher. O horário de atendimento é das 10h às 12h e das 14h às 16h, de segunda a sexta-feira. Já aos sábados das 10h às 13h.
Ela ressalta que esse atendimento não substitui o serviço prestado pelo poder público, mas busca dar espaço para a mulher desabafar, tirar dúvidas sobre a lei Maria da Penha, seus direitos e dos filhos. “Quando há sinalização de que ela aceita ajuda, encaminhamos para um dos maiores parceiros – CAV, órgão do Ministério Público que atende Mulheres vítimas e Defensoria Pública”.
De acordo com Lília, estes órgãos viabilizam ajuda efetiva à mulher que necessita. “A maioria das mulheres que fez contato está vivendo do auxílio emergencial. A violência diz respeito a um consumo maior de álcool e drogas ilícitas por parte desses homens e atitudes mais violentas em casa com ofensas, agressões físicas e psicológicas. Indicamos sempre o número 190 para o caso de emergência”.
O projeto já é um sucesso: além de Rio Branco, Wânia recebe chamadas e mensagens de Sena Madureira, Cruzeiro do Sul, Jordão e Senador Guiomard, além de outros estados. “Há um mês conseguimos ajudar uma moça da Paraíba. Ela hoje está com medida protetiva e se sente mais tranquila por ter denunciado”.
Wânia Lilian Maia é graduada em Letras, Direito e Sociologia pela Universidade Federal do Acre (UFAC). Se aposentou em 2016, após 22 anos como Delegada de Polícia Civil. Atuou com crianças e adolescentes vítimas, adolescentes infratores e mulheres em situação de violência. Foi diretora da Polícia Civil e chefe da Delegacia da Mulher de Rio Branco. E ainda fez parte do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher.
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