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Família diz que pandemia atrasou negociações para reabertura da Casa de Chico Mendes

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Fechada desde 2018, quando o contrato de aluguel que a família mantinha com o governo do Acre foi rescindido meses antes do fim do mandato de Tião Viana, não sendo renovado por Gladson Cameli, a casa onde o líder sindical Chico Mendes passou os dois últimos anos de sua vida e onde o seringueiro foi assassinado em 1988 ainda não têm previsão de ser reaberta ao público.


Único bem tombado no Acre pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a casa de memórias também é patrimônio tombado pelo estado do Acre. Há um ano, quando consultada sobre a situação, a Fundação Elias Mansour, por meio do diretor administrativo Francisco Generozzo, disse que a família Mendes não havia feito proposta para a renovação do contrato e que os valores pagos pelo governo anterior eram inviáveis.


“Nós não temos hoje nenhuma condição de manter os valores e acordos que foram feitos na gestão passada. A realidade do estado hoje é outra. O governador está ciente dessa demanda, o Chico Mendes é realmente uma pessoa de visão de nível internacional que o mundo lá fora vê por conta da Amazônia, mas a gente precisa dialogar de acordo com essa nova realidade”, disse.

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À mesma época, o superintendente do Iphan no Acre, Jorge Mardini, informou que o instituto mantinha contato com o governo do estado, por meio da Fundação Elias Mansour, e com a família Mendes, alertando para a necessidade de preservação do imóvel tombado. Segundo ele, a única prerrogativa do Iphan é a de preservação e guarda do patrimônio.


“Uma coisa que precisa ficar bem clara é que o imóvel é da família. O patrimônio é tombado, mas é uma propriedade particular dos herdeiros. A nossa única prerrogativa é a de impedir a destruição do imóvel. Para evitar isso o Iphan tem, inclusive, poder de polícia. No mais é fazer apenas a fiscalização e zelar para que o patrimônio seja preservado porque ele representa parte importantíssima da vida do Chico Mendes”, explicou.


No entanto, nem mesmo essa preocupação o Iphan demonstra estar tendo. A aparência do imóvel é de total abandono. Até mesmo a energia elétrica da casa está cortada, com fios pendurados na cerca. Os espaços criados no entorno do patrimônio, como o Memorial do Seringueiro e o Café Regional, encontram-se na mesma situação.


Família nega abandono

O ac24horas conversou com Sandino Mendes, o filho mais novo de Chico, que está à frente do Instituto Viva Chico Mendes, ONG que tem entre seus objetivos reativar a visitação à casa histórica. Ele afirmou que a família lamenta o fato de o patrimônio estar fechado para visitação e que tem consciência da importância da casa para o turismo do estado e, principalmente, para Xapuri.



Sandino disse que a família tem feito o possível para manter o imóvel nas melhores condições, mas alegou que a situação ocasionada pela pandemia do novo coronavírus causou prejuízos tanto para a guarda quanto para a manutenção da casa. Ele afirmou que não sabe se existem contas de energia em atraso e que o fato de os fios estarem pendurados na cerca é decorrente da queda de uma árvore que havia em frente ao imóvel.


“Infelizmente tudo ficou parado durante esse período de pandemia e agora, com a reabertura gradual das atividades, já estamos providenciando a limpeza e manutenção da casa. Sobre ela estar fechada para visitação, não só a casa Chico Mendes se encontra nessa situação, mas todos os espaços de memória do estado estão fechados, alguns até bem sucateados, inclusive antes de governo Gladson esses espaços já não estavam sendo prioridade”, afirmou.


Sobre as negociações para a reabertura do espaço, Sandino informou que em 2019 algumas reuniões foram realizadas com o governo do estado visando um novo acordo, mas sem nenhum avanço. Ele disse ainda que no começo deste ano, novamente houve reunião com representantes da FEM e do IPHAN, que também não resultaram em progresso, principalmente pela chegada da pandemia.


“Acredito que agora, com a início das atividades, poderemos voltar as conversas com o governo do estado, mas te adianto que já estamos em busca de outros parceiros e as conversas estão bem adiantadas. Acredito que nos próximos meses já teremos algo definido. Nós nunca ficamos parados nem nunca deixamos a casa abandonada. Somos os maiores interessados na manutenção e na reabertura da casa”, garantiu.


SOS Amazônia

A organização não governamental SOS Amazônia, que teve Chico Mendes como um de seus sócios fundadores, chegou a iniciar um diálogo com a família do seringueiro com objetivo de chegar a um acordo para a reabertura da casa. Miguel Scarcello, diretor-executivo da organização, informou que as conversas avançaram até certo ponto, mas cessaram após a administração do patrimônio ser transferida para o Instituto Viva Chico Mendes.


Museus Fechados

Os outros espaços culturais de Xapuri cadastrados pelo Ibram – Instituto Brasileiro de Museus – também seguem fechados por diferentes razões. O Museu do Xapury, de responsabilidade do estado, se encontra em situação precária depois que duas licitações para a sua recuperação não despertaram o interesse de nenhuma empresa.


O prédio da antiga Fundação Chico Mendes já não pertence mais aos herdeiros do líder sindical. Depois de ser objeto de uma disputa judicial, o imóvel foi adquirido pela Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre, a Cooperacre, que mantém lá a sua sede na cidade.

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Já o museu Casa Branca, tido erroneamente como a antiga intendência boliviana do povoado de Mariscal Sucre, mas que possuía um relevante acervo da Revolução Acreana, está fechado desde que uma obra de recuperação iniciada na gestão municipal passada resultou em fracasso. No último dia 6 de Agosto, aniversário da Revolução Acreana, a prefeitura assinou a ordem de serviço para a continuidade da restauração do patrimônio.


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