Com o governador Gladson Cameli sinalizando que retorna para o Acre nesta terça-feira, 4, com carta-branca da cúpula nacional do PSDB para fazer as mudanças que achar necessárias nas articulações das eleições 2020, os tucanos do Acre se articulam atentamente em duas frentes de trabalho: a política e a jurídica.
Segundo o ac24horas apurou, essas frentes visam sinalizar a Cameli que a candidatura do professor Minoru Kinpara é intocável, principalmente após o governador declarar que estudava colocar o tucano no mesmo palanque da atual prefeita Socorro Neri (PSB), enfatizando até mesmo a possibilidade dele ser vice. O “sonho” do PSDB acreano é que Cameli venha para o partido e que apoie Kinpara e que pelo menos não em 2020 tenha tanta influência, sendo praticamente uma “Rainha da Inglaterra”, com o status de estrela, mas sem poder decisório para criar o ambiente adequado para sua reeleição em 2022.
Mesmo com os deputados estaduais e dirigentes do partido desejando boas-vindas a Cameli, o clima é tenso devido à expectativa gerada com as declarações do governador. Quem deu boas-vindas, mas não deixou de alfinetar foi a deputada federal Mara Rocha, que em comunicado nas redes sociais afirmou que o ninho tucano “tem ordem”, alfinetando o chefe do Palácio Rio Branco devido os últimos enfrentamentos que ele travou com dirigentes do partido Progressista.
Aliás, é Mara Rocha que lidera a frente política ao mobilizar a bancada federal do PSDB em Brasília para tomar posicionamento a cerca da situação, caso o governador efetive alguma ingerência no PSDB local que comprometa as forças do partido.
Já na frente jurídica, advogados tucanos locais trabalham baseados no Estatuto do PSDB sob o argumento de que as direções locais sofrerão intervenção para manter integridade partidária, reorganizar finanças, preservar linha política, impedir coligações em desacordo com decisões superiores, assegurar disciplina e fidelidade partidária e garantir o exercício da democracia interna, situações que supostamente não se aplicam no ambiente tucano atualmente.
Caso Cameli não se acerte com os tucanos acreanos, um possível processo de intervenção poderia ser aberto e contaria com a votação de ampla maioria, sem contar que caso a situação seja judicializada, já existem decisões favoráveis a grupos locais Brasil afora.
Antes das declarações de Cameli, os tucanos se organizavam para preparar uma grande festa em sua chegada no aeroporto internacional de Rio Branco, mas a ideia foi abortada. A expectativa é que Cameli se reúna com lideranças tucanas durante a semana para organizar a sua oficial para o PSDB, que contará com a presença do presidente nacional do partido, Bruno Araújo, e os três governadores tucanos Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), Reinaldo Azambuja (Mato Grosso do Sul) e João Doria, do Estado de São Paulo, responsável por chancelar o convite formal a Cameli em reunião no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo.