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Reabertura de igrejas no Acre durante pandemia coloca padres e pastores em lados opostos

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A volta do funcionamento das igrejas, mesmo que com apenas 20% da capacidade máxima, foi autorizada pelo governo do estado a partir desta sexta-feira, 24. Como o Acre ainda não chegou ao nível amarelo, que permitiria a reabertura dos templos, o governador Gladson Cameli, pressionado pela grande parte dos pastores evangélicos, alterou o decreto para permitir que para as igrejas voltassem a realizar suas celebrações com a presença de fiéis.


Os pastores evangélicos pressionaram o governo por considerar que as igrejas estavam tendo um tratamento diferenciado. Enquanto diversos setores não estavam autorizados a funcionar, continuavam abertos sem nenhum tipo de fiscalização, já as igrejas, que dizem ter todas as condições de seguir as orientações necessárias, estavam impedidas de abrir suas portas.

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Ocorre que a volta das atividades nos templos com público evidenciou uma imensa diferença na concepção entre líderes católicos e evangélicos. Na contramão da maioria dos pastores, os padres mais respeitados da Igreja Católica no Acre se posicionaram por diversas vezes contra a reabertura da igreja no atual momento.


O último posicionamento veio do vice-reitor da Diocese de Rio Branco, Padre Jairo Coelho, na manhã dessa sexta-feira (24). Em um longo texto, usando diversas passagens bíblicas, Padre Jairo faz o seguinte questionamento: “é sábio e prudente abrir as nossas igrejas agora? Não é mais sábio e prudente esperarmos um pouco mais para ver como ficam os dados depois desse primeiro relaxamento das medidas de isolamento? Estamos prontos para respondermos à pergunta que o Senhor nos fará: “onde está o teu irmão?”, indagou.


Em outro trecho da carta, o padre questiona se a abertura das igrejas neste momento é pensar de acordo com Deus ou pensar igual aos homens. “Abrir as igrejas agora só porque o comércio abriu seria pensar de acordo com Deus ou de acordo com os homens (cf. Mt 16, 23)? Muitos podem até pensar que agimos assim porque não sentimos falta de celebrarmos em comunidade ou porque somos pastores relapsos, que não se importam com o rebanho. A verdade, no entanto, é que somos pastores segundo o coração de Deus, que apascentam com clarividência e sabedoria (cf. Jr 3,15)”, aponta, alertando para “prudência e sabedoria em tempos de pandemia”.


Demais vertentes religiosas conflitam com reabertura de templos religiosos

Culturas Ayahuasqueiras


Além do grupo de evangélicos e católicos, representantes das demais vertentes religiosas no Acre emitiram posicionamento após decreto que permite a reabertura dos templos diante do aumento de casos de Covid-19 no Acre. Entre eles, os conselheiros da Câmara Temática das Culturas Ayahuasqueiras de Rio Branco, que articula lideranças das diversas denominações religiosas ligadas aos três mestres fundadores, Raimundo Irineu Serra, Daniel Pereira de Mattos e José Gabriel da Costa.


“Nossas casas religiosas só reabrirão e retomarão as suas cerimônias quando as autoridades sanitárias atestarem que a pandemia está sob controle ou que uma vacina esteja acessível a toda a população. Seguiremos realizando nossas orações em casa, por nós e por toda humanidade. Estas medidas visam manter o bem-estar, a saúde e a vida dos integrantes de nossas comunidades, bem como dos demais cidadãos”, avisaram.


Matriz Africana


A Federação de Religiões de Matriz Africana (FEREMAAC) diz que se reuniu virtualmente com Babalorixás, Yalorixás e dirigentes de Umbanda nas suas várias vertentes no dia 23 de julho de 2020 para decidir o posicionamento sobre a reabertura dos Terreiros, Searas, Roças e outros, diante da Covid-19.


“Nossas casas religiosas reabrirão para a manutenção, bem como ritos internos, obedecendo às orientações da OMS – Organização Mundial da Saúde. Visando manter a saúde e a vida dos membros e correligionários das Casas de Santo, informamos que está sendo produzida uma Cartilha com o objetivo de colaborar com o bom funcionamento das mesmas. Seguiremos intercedendo, junto ao sagrado, para que possamos superar este momento difícil pelo qual estamos passando”, concluem.


Federação Espírita

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Outra que se posicionou foi a Federação Espírita do Estado do Acre. Esta considerou que, no atual momento, o distanciamento social é a maneira mais eficaz de proteção contra o SARS-CoV-2 (COVID-19). “Continuaremos mantendo as atividades de forma virtual, priorizando assim, a segurança dos trabalhadores, simpatizantes e frequentadores”, disse em nota, recomendando, ainda às suas casas afiliadas que “mantenham todas as suas atividades de forma on-line, utilizando-se de todos os recursos tecnológicos possíveis ao seu alcance”.


Diocese de Rio Branco


A Diocese de Rio Branco também emitiu nota pública manifestando seu posicionamento acerca da reabertura das igrejas e templos religiosos em tempos de pandemia do coronavírus. “Tomamos a difícil decisão de manter as nossas igrejas fechadas. Desde então, submetemo-nos às decisões do Governo, sem criar mecanismos para driblar a lei e, procuramos seguir todas as orientações das autoridades sanitárias. Em nenhum momento pressionamos o Governo ou as prefeituras, para acelerar o processo de reabertura das igrejas, porque acreditamos que ainda não é o momento para isso. Ademais, o “efeito sanfona” de abrir e depois ter que fechar, poderá trazer perdas irreversíveis para o nosso povo”.


A Diocese destacou que não ignora a crise econômica que acompanha a crise sanitária, porém, que “precisamos ser prudentes e sábios, para não nos deixarmos ser conduzidos por outros interesses, pois nosso interesse principal sempre será a defesa da vida acima de tudo”.


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