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Insegurança

Por
Roberto Feres

No sábado, troquei por refletores de LED todas as luminárias que ficam na mureta de entrada de casa. Dois pequenos holofotes de trinta watts foram suficientes para clarear a calçada e me fazer enxergar melhor quem bate no portão à noite.


Enquanto o eletricista fazia as trocas, notei a falta das duas câmeras de segurança que eu havia instalado no poste em frente e serviam para acompanhar o movimento da rua e, eventualmente, gravar os acidentes de trânsito no cruzamento da Ceará com a Pernambuco, que não são poucos.


Fui olhar nas gravações e descobri que, numa madrugada de maio, um gaiato que passava na rua usando bermudas brancas, sentou por algum momento em frente ao meu portão, aguardou o trânsito passar e as surrupiou rapidamente.


Na quinta à noite minha mulher me disse que uma das luminárias novas foi arrancada e que só restava um emaranhado de fios pendendo acima do portão. Demorei para ir ao local, remoendo a raiva. Perdi o sono até que encarei olhar o estrago de perto. Para retirar a peça o meliante danificou ela toda.


A violência que usou para arrancar era evidente nas ferragens que ficaram e nas imagens gravadas no sistema de câmeras da casa. A imagem que ilustra este artigo foi tirada do vídeo onde ele demorou mais de três minutos dele puxando, batendo e girando o objeto pelo qual paguei não mais que cinquenta reais no Lojão.


Não é difícil descobrir quem surrupiou as câmeras, em maio, e a luminária, na semana passada. Mas de que adianta? O certo é que alguém paga por esses restos retorcidos de metal e alimenta o vício de uma legião de drogados. O mesmo acontece com os aparelhos de som dos carros estacionados na rua ou com os hidrômetros que deveriam medir o consumo de água das residências.


Da catação a atos de maior violência para recolher celulares ou roubar veículos é um passo curto que também remete à existência dos receptadores. Sem eles esses crimes não fariam sentido. E são esses pequenos crimes, quando a gente vê nossa privacidade invadida, nossos bens danificados e até perdidos, os principais responsáveis pela sensação de insegurança.


Prender vadios no varejo é polêmico e chega a ser ineficiente. Será que é tão complicado pegar e punir os receptadores? Para isso que as instituições policiais são dotadas dos tais serviços de inteligência. Suponho que se fossem efetivamente utilizados teríamos, inclusive, menor custo para a recuperação dos drogados.



Roberto Feres escreve às terças-feiras no ac24horas


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