No sábado, troquei por refletores de LED todas as luminárias que ficam na mureta de entrada de casa. Dois pequenos holofotes de trinta watts foram suficientes para clarear a calçada e me fazer enxergar melhor quem bate no portão à noite.
Enquanto o eletricista fazia as trocas, notei a falta das duas câmeras de segurança que eu havia instalado no poste em frente e serviam para acompanhar o movimento da rua e, eventualmente, gravar os acidentes de trânsito no cruzamento da Ceará com a Pernambuco, que não são poucos.
Fui olhar nas gravações e descobri que, numa madrugada de maio, um gaiato que passava na rua usando bermudas brancas, sentou por algum momento em frente ao meu portão, aguardou o trânsito passar e as surrupiou rapidamente.
Na quinta à noite minha mulher me disse que uma das luminárias novas foi arrancada e que só restava um emaranhado de fios pendendo acima do portão. Demorei para ir ao local, remoendo a raiva. Perdi o sono até que encarei olhar o estrago de perto. Para retirar a peça o meliante danificou ela toda.
A violência que usou para arrancar era evidente nas ferragens que ficaram e nas imagens gravadas no sistema de câmeras da casa. A imagem que ilustra este artigo foi tirada do vídeo onde ele demorou mais de três minutos dele puxando, batendo e girando o objeto pelo qual paguei não mais que cinquenta reais no Lojão.
Não é difícil descobrir quem surrupiou as câmeras, em maio, e a luminária, na semana passada. Mas de que adianta? O certo é que alguém paga por esses restos retorcidos de metal e alimenta o vício de uma legião de drogados. O mesmo acontece com os aparelhos de som dos carros estacionados na rua ou com os hidrômetros que deveriam medir o consumo de água das residências.
Da catação a atos de maior violência para recolher celulares ou roubar veículos é um passo curto que também remete à existência dos receptadores. Sem eles esses crimes não fariam sentido. E são esses pequenos crimes, quando a gente vê nossa privacidade invadida, nossos bens danificados e até perdidos, os principais responsáveis pela sensação de insegurança.
Prender vadios no varejo é polêmico e chega a ser ineficiente. Será que é tão complicado pegar e punir os receptadores? Para isso que as instituições policiais são dotadas dos tais serviços de inteligência. Suponho que se fossem efetivamente utilizados teríamos, inclusive, menor custo para a recuperação dos drogados.
Roberto Feres escreve às terças-feiras no ac24horas
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