Nos últimos dias, algumas declarações e matérias jornalísticas, incluindo editoriais, mantiveram alta a temperatura no cenário político, dando corda a movimentos que até parecem caóticos, mas não são, aliás, nessa área nada é por acaso, tudo faz sentido.
Em primeiro, menciono o artigo (07/07) em que o colunista da “Folha de São Paulo”, Hélio Schwartsman, disse torcer para que o presidente Jair Bolsonaro morra. O autor justifica o desejo macabro recorrendo a uma ética consequencialista, segundo a qual, as consequências de sua morte – de Bolsonaro, seriam mais vantajosas do que a sua permanência vivo. É a mesma ética que para muitos justifica o aborto, ou seja, a morte do feto traria menos problemas do que a sua sobrevivência. Ao cabo, é o relativismo moral que preside o esquerdismo militante, que esconde, permite, perdoa ou até comemora, por exemplo, a roubalheira geral e as dezenas de milhões de assassinatos em seus regimes ao redor do mundo. A história é testemunha.
Em segundo, registro o pedido de perdão ao PT, feito pelo experiente e prestigiado jornalista de “O Globo”, Ascânio Seleme, em artigo indecente do dia 12/07. Sugere o editorial que a sociedade teria que perdoá-lo pelo “erros cometidos” tendo em vista que o agrupamento petista, por ele estimado em 30% da população brasileira (sic), fiéis ao partido, não pode ser alijado da política. O troço é tão mal resolvido que o jornalista evita as palavras roubo e corrupção.
Em terceiro, ainda em curso, destaco o inquérito malsão promovido pelo STF, via Toffoli e Alexandre de Moraes, que visa intimidar e perseguir apoiadores do governo, ainda que para isto sucumba a liberdade de expressão. Da sanha autoritária não escaparam sequer jornalistas e parlamentares, cujo mister é a palavra e a expressão da opinião. Mandados de busca e apreensão foram distribuídos à baciadas, jamais alvejando os esquerdistas opositores ao governo, embora constituam estes a maior e mais profunda ameaça à democracia. Querem saber, perguntem ali na Venezuela.
Em quarto, mais recente, vem a estupidez suprema, digo, do ministro, que produziu um verdadeiro ataque ao Exército e ao Governo Federal. O ministro do STF, Gilmar Mendes, aquele que fala mais fora do que nos autos e dedica-se com mais zelo a enriquecer seu Instituto e tirar folgas em Portugal do que em guardar a Constituição Federal, acusou o presidente Bolsonaro de genocida e o Exército de associar-se a este crime (genocídio).
O Ministério da Defesa acionou a PGR, entendendo que o Gilmar Mendes violou a legislação militar e pratica delito claramente tipificado no artigo 23 da Lei de Segurança Nacional – LSN, que prevê como crime a prática de incitar “a animosidade entre as Forças Armadas ou entre estas e as classes sociais ou as instituições civis”. Além disso, vislumbra-se crimes de calúnia e difamação. Apesar de tímida e legalista, a reação das FFAA emite sinais relevantes. Me pergunto em que outro país, um membro da Suprema Corte se daria a tal expediente sem ser imediatamente enquadrado e defenestrado. O Senado, ao qual caberia o contraponto via processo de impeachment do referido, faz cara de paisagem, lembrando que parte dos senadores possuem tem contas a acertar na Corte.
Sob toda essa espuma virulenta, Marcelo ODEBRECHT, o príncipe das propinas, delata certas contribuições feitas ao atual ministro do STF Dias Toffoli. A notícia, gravíssima, foi ignorada pela grande mídia e virou comentários de mídias sociais. A turma de cima tem a “boa vontade” dos editores.
Quem acompanha a movimentação política se pergunta por que no Brasil esses fatos, embora graves, acontecem assim, sob olhar complacente de nossa gente. É espantoso, mas, creiam, há uma lógica nisso tudo. O alvo é o governo Bolsonaro, sua pauta conservadora e sua gestão liberal da economia.
Sucintamente, se poderia dizer que o Congresso Nacional atua para emparedar e desacreditar o governo, a mídia para potencializar seus erros, esconder seus acertos, proteger e promover a oposição e o STF para criminalizá-lo (o governo). A intenção é chegar ao impeachment, se não der, o governo segue enfraquecido e desgastado continuamente. Na torcida, se acotovelam o petismo restaurado(?), Luciano Huck, Sérgio Moro, Mandetta e Ciro, já que Dória foi pro brejo com tucano e tudo.
O passo pós pandemia está sendo preparado. Apesar das medidas relativas ao vírus serem de competência de estados e municípios conforme decisão do próprio STF, é sobre o Governo Federal que recairá, segundo a mídia, a responsabilidade pelas mortes. Somando-se a isto, também está na chapa a culpa pelo desemprego e óbvia lentidão na retomada da economia. Os governadores e prefeitos fizeram as burradas, alguns se locupletaram, mas das três fontes (Mídia, CN e STF), se ouvirá que Bolsonaro falhou no combate ao vírus e na gestão da economia. Aguardem.
Ocorre que não combinaram com os “russos”. Apesar do ataque mais feroz, múltiplo, amplo e permanente que já se viu no mundo contra um presidente da república, todas as pesquisas reconhecem que pelo menos 30% a 40% da população são fiéis ao Bolsonaro. Tais números, aliás, explicam por que os pedidos de impeachment seguidamente apresentados pela esquerda e seus sequazes não são pautados pelo presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, que responde pela alcunha “botafogo” nas planilhas da propinagem da ODEBRECHT. Vontade não lhe falta, é que não há impeachment sem povo e, normalmente, não há povo se não existe uma motivação clara e inconteste.
Por outro lado, parece que o bicho econômico não será assim tão violento quanto desejaria a esquerda. Paulo Guedes mostra a que veio. O agronegócio deu demonstração de grande vigor e apresentou crescimento! O índice BOVESPA passa dos 100 mil pontos, a atividade econômica já mostra recuperação, a taxa de juros é a mais baixa da história, a inflação é baixa e sob controle, privatizações e reformas estão na agenda… enfim, para inviabilizar o governo a oposição terá que fazer muito mais contra o Brasil do que fez até agora.
Pelo andar da carruagem, desconfio que a contragosto da “Folha de São Paulo” e de outros da espécie, Bolsonaro continuará vivo e no cargo que conquistou pelo voto. Quanto ao perdão proposto pelo “Raskolnikov” de “O Globo”, penso que o pedido não pode ser terceirizado, a contrição terá que ser pública, autêntica e veemente até que, cumprida a penitência, o povo diga “vá e não peque mais”.
Valterlucio Bessa Campelo escreve às sextas-feiras no ac24horas
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