As declarações do governador Gladson Cameli de que a escolha do novo comandante da Polícia Militar será “minha, sem interferência”, desencadeou uma série de comentários na equipe de governo. A fala do chefe do executivo teria tensionado um desgaste na relação com o vice-governador Major Rocha, que está deixando o PSDB e indo para o PSL. Assessores próximos a Cameli, que desconfiam da “lealdade” de Rocha, tentam a todo custo alimentar essa divisão dentro do governo. Mas hoje, logo cedo, Gladson passou mensagem para o seu vice dizendo que “não dê ouvidos para comentários mal-intencionados”.
O desgaste seria pela situação que durante a campanha de 2018 Gladson teria prometido publicamente que a pasta de segurança seria de inteira responsabilidade de Rocha. No início, de fato isso ocorreu. Todos os nomes colocados no primeiro escalão da segurança passaram pelo crivo do major milita da reservar, mas com o passar do tempo ele foi perdendo a influência sobre essas indicações.
A fala de Gladson, de que o novo comandante que substituirá o Coronel Ulysses Araújo [que também irá engrossar as fileiras do PSL], não passaria pelo vice gerou um mal-estar. Tanto que o governador tratou de mandar uma mensagem para Rocha apaziguando suas declarações.
Ao ac24horas, Cameli afirmou que sua relação com Rocha está harmoniosa. “O pessoal fala demais. Já falei com o Rocha hoje e acertamos que o coronel Luciano Fonseca, que é subcomandante da PM, deverá assumir a corporação até definirmos o novo nome. Nossa relação é a melhor possível, tanto que o desejei boa sorte nessa ida dele para o PSL. Quero o melhor para ele”, disse.
Á reportagem Rocha demonstrou está meio contrariado, mas evitou dar declarações a respeito do assunto. “Estou aqui apenas para ajudar o governador”, garantiu.
Como ac24horas adiantou, o favorito do palácio para substituir Ulysses é o coronel Paulo César Gomes, ex-comandante do Batalhão de Operações Especiais (BOPE). A indicação do militar teria influência do secretário de segurança, seu xará Paulo César, que há muito tempo não vem falando mais a mesma língua com o vice.
PSL – O ac24horas apurou que o governador Gladson Cameli já sabia da saída de Ulysses pelo menos desde janeiro. Ele teria chegado a perguntar pessoalmente ao coronel se ele continuaria no governo ou sairia. Na época o militar negou. Desde então, a relação entre os dois não foi a mesma de tempos atrás.
O vice-governador informou que a indicação de Ulysses para comandar a PM do Acre foi do secretário de segurança Paulo Cézar, e ele [Rocha] deu o aval. Essas influências teriam levado o governador a escolher o Araújo, que durante a campanha de 2018 foi seu adversário ao disputar o cargo de governador.
A reportagem consultou alguns assessores palacianos que afirmaram que apesar de não declarar publicamente e tentar manter as aparências, Cameli não teria gostado nenhum pouco da manobra e da ida de Ulysses para o PSL.
O secretário de segurança do Acre, Coronel Paulo César Rocha, negou que tenha indicado o coronel Paulo César Gomes ao governador para comandar a Polícia Militar. “Não conversei nada disso com o governador”, frisou.
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