O Bar do Vaz desta semana entrevista o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Acre, o fazendeiro Assuero Veronez. Nos últimos dias, o ac24horas trouxe à tona a denúncia de que fazendeiros do Estado estariam desviando a fiscalização e aberto um rombo fiscal milionário na venda clandestina de bezerros. Assuero trata desse e de outros assuntos ao jornalista Roberto Vaz, como novidade do agronegócio, economia e impactos da pandemia do coronavírus na economia acreana.
O presidente destaca que o setor do agronegócio foi pouco afetado com a crise sanitária decorrente da Covid-19. Essa situação, segundo ele, é percebida anto a nível nacional como a nível somente de Acre. Ele acedia que esse foi o setor menos prejudicado diante da pandemia. “O agronegócio vem superando essa crise e mostrando um vigor muito grande. O setor vive um momento de crescimento. O aumento de investimento no campo e a produtividade fez quebrar recordes de safra”, explica o fazendeiro.
De fato, o agronegócio não para. Como diz o ditado popular, o agro é pop e permitiu que a população ficasse em casa em meio à pandemia de maneira abastecida. “O agro continuou trabalhando. Isso fez uma diferença grande na manutenção das pessoas em casa e ainda aumentou o consumo em função disso”, destaca Assuero. A situação do setor produtivo no Acre é bem menos complicada do que a de outros setores da economia, como a construção civil e a indústria.
Mesmo assim, os cuidados de distanciamento social no ambiente rural também em sendo praticado, segundo o presidente da Federação, muito embora este seja um meio em menos contaminado que o ambiente urbano do estado. “Os funcionários de fazenda estão trabalhando de máscara e tomando os cuidados necessários. Uma coisa é certa: não há como interromper a produtividade”, salienta.
A interrupção desse serviço implicaria num problema bem maio para o estado, além de que se atrasar o calendário, pede-se a época de plantar e colher. “Tivemos alguns produtos do agronegócio que foram afetados, como a produção de flores, que praticamente parou. Não houve casamentos e os velórios foram modificados por conta da pandemia. Esse setor foi profundamente afetado, mas de um modo geral, os produtos principais do agronegócio brasileiro não tiveram interrupção”.
A pecuária no Acre continua com seu calendário sanitário e de reprodução normal. A demanda por alimentos continuou em alta durante a pandemia e o “fator China” favoreceu ainda mais as exportações. No entanto, o estado ainda vive um desafio grande junto aos pecuaristas: o de transformá-los em potenciais agricultores. Veronez destaca que há regiões no Acre propícias para a agricultura mecanizada, onde parte da área de pastagem pode virar área de agricultura. “Esse fenômeno está chegando aqui também, com o início da plantação de soja e milho. É um processo que deverá crescer gradativamente. A logística atual facilita e viabiliza a produção de grãos no Acre, que os envia para Rondônia e de lá para Europa, sem precisar enviar paro o sul ou sudeste do país”, garante.
A pecuária é, de longe, o grande negócio do estado. Esta semana, uma denúncia oriunda das indústrias de carnes bovinas apontou que haveria uma rombo de R$100 milhões de evasão fiscal cometido por fazendeiros. Para Assuero, esse número é absurdo e nada perto de uma realidade. Segundo ele, daria uma média de 600 mil bezerros, o que representa mais que a produção anual de bezerros machos em todo o Acre.
“Essa denúncia não faz sentido. Temos sim algumas saídas de bezerros no Acre [dessa forma], mas a maioria sai pagando imposto de forma legal, sem problema nenhum. Esse número denunciado está muito longe, pois seriam 6 mil bezerros por dia. Mesmo assim, é uma denúncia que precisa ser apurada pelo estado”, afirma.
Ocorre que os pecuaristas pleiteiam um mercado mais aberto para a carne bovina, enquanto que os frigoríficos querem manter toda a produção no estado, o que, segundo da Federação, é impossível para manter a economia. “O Acre não pode se fechar achando que vamos consumir toda nossa produção. Precisamos dar vasão à nossa produção, tanto de bezerro quanto de boi gordo porque nosso mercado é pequeno para nossa produção”, salienta.
Veronez acredita que pode estar havendo um equívoco por parte do governo do Ace ao acatar apenas o que a classe da indústria solicita, sem perceber, de fato, o que é importante para a produção. “Está faltando ao governo um entendimento melhor da questão”.
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