requiem aeternam/repouso eterno
Há pouco menos de vinte anos, uma mocinha batia na porta do prefeito César Messias, em Cruzeiro do Sul, pedindo uma passagem de ida para a capital. Por aqui concluiu os estudos e ingressou no quadro do pessoal administrativo da Polícia Federal.
Eu e ela entramos na polícia mais ou menos na mesma época. Ela cuidava dos contratos, das licitações, dos pregões e também se engajou no sindicato. Por conta de eu ser engenheiro e a superintendência ter diversos projetos em curso, fizemos muitos trabalhos juntos. Abarrotada de serviços, nunca me disse um não quando precisei. Não tinha tempo ruim para ela.
Com menos de cinco anos na “casa”, foi eleita presidente do sindicato nacional dos servidores administrativos da PF e se mudou para Brasília. Mas não perdeu o jeito simples da moça do Juruá. Na eleição de 2014, quando concluiu seu mandato classista, se arriscou numa campanha a deputada federal pelo Partido Progressista, por Cruzeiro do Sul, e voltou a morar em Brasília, que era sua lotação na “firma”.
Quando assumiu no ano passado, Gladson pediu sua cessão, servidora do Governo Federal, para assumir um cargo de direção no Estado. Foi convidada inicialmente para o Acreprevidência. Acabamos chegando ao mesmo tempo e para trabalharmos juntos na Secretaria de Planejamento uma ano atrás.
Na diretoria Administrativa da Seplag ela rapidamente conquistou seu espaço, o respeito por sua competência e o carinho pelo jeito que tratava e reconhecia cada um. Ao mesmo tempo que impunha dinâmica e organização no trabalho, mantinha uma proximidade e empatia com as pessoas, principalmente as mais humildes.
O cargo no governo era também um pretexto para voltar para o Acre. Vieram com ela o companheiro e o bebê. Brasília já era agitada demais para a família que começava.
Ontem fui dormir com a notícia de que perdemos Leilane. Há menos de dois meses faleceu meu sogro e, faz três semanas, minha mãe. Vivo tempos tristes. Confesso que me faltou a coragem para fazer algumas ligações necessárias.
Hoje ela volta para Cruzeiro do Sul, pelas notícias que me chegaram. Para próximo dos seus. A nós, que a conhecemos mais de perto, ficam as boas lembranças e os exemplos para tentarmos seguir. Ai se o mundo tivesse mais algumas milhares de leilanes!
Roberto Feres escreve às terça-feiras para o ac24horas.
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