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Efeito da pandemia na produção de frutas gera perda de renda e já causa desemprego no setor

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Raimari Cardoso

Abacaxi, laranja, acerola, açaí, cajá, caju, cupuaçu, goiaba, graviola, manga e maracujá. Sabores conhecidos e consagrados pela população acreana que, além de enriquecer a alimentação de crianças, adultos e idosos, geram emprego e renda para centenas de agricultores em todo o estado.


Porém, essa área altamente promissora da agricultura familiar no Acre entrou no rol das muitas atividades agroextrativistas ameaçadas pelos efeitos da pandemia do novo coronavírus, a exemplo do que ocorre também com a castanha-do-brasil e outros produtos acreanos.


Com o fechamento obrigatório de escolas, lanchonetes, hotéis, pousadas e restaurantes, para onde vai grande parcela da produção de polpas de frutas, o prejuízo não tardou a bater à porta de muitos produtores que tiveram grande parte das compras suspensas pelas agroindústrias locais.


Manoel Monteiro de Oliveira, superintendente da Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre), que administra a maior agroindústria de processamento de frutas do estado, explica que esse forte impacto é causado porque quase a totalidade da produção de polpas de frutas ainda é vendida apenas no mercado local.


“A falta de investimentos em um sistema de produção com alta tecnologia dificulta o escoamento da produção para outros mercados, fazendo com que, por enquanto, a única opção seja a venda dentro do próprio estado”, diz.


Monteiro afirmou ainda que todo o fornecimento de polpas de frutas foi paralisado pelas ações de contenção à covid-19 prejudicando toda a cadeia de produção. Com os estoques lotados, a agroindústria foi obrigada a suspender as compras causando perdas de produção aos agricultores.


“Também suspendemos as atividades das indústrias, dando férias coletivas aos funcionários na esperança de que os efeitos da crise causada pela pandemia passem logo, pois caso a situação se prolongue muito, teremos que rescindir”, acrescentou.


Cerca de duzentas famílias produziam frutas para a Cooperacre antes da chegada da pandemia. Anualmente, a cooperativa processa cerca de 500 tonelada de frutas, volume que deve cair para um patamar de 150 a 200 toneladas.


A empresa do segmento de polpas Só Frutas, estabelecida no bairro do Calafate, em Rio Branco, também relata as dificuldades nos negócios causadas pela pandemia. De acordo com o proprietário, Joci Souza do Nascimento, o volume de compras este ano caiu de 200 para 150 toneladas, isso porque a safra de algumas frutas já havia passado até a chegada da pandemia.


A queda mais brusca, no entanto, foi nas vendas de frutas in natura, com destaque para a laranja, que, segundo Souza, teve uma redução de 95% nas quase 500 toneladas comercializadas anualmente por sua empresa. Com isso, o quadro de funcionários que contava com 100 colaboradores foi reduzido para 70.


“O reflexo negativo do fechamento do comércio foi enorme, pois causou a queda imediata nas compras junto ao produtor. E se o comércio não abrir logo, a tendência é a de que nós demitamos mais colaboradores”, ele diz.


E há mais um risco de os prejuízos serem maiores, caso as restrições sanitárias demorem ainda mais. Como no Acre a grande maioria dos plantios de frutas não são irrigados, a produção e a coleta da maior parte das espécies se dá no período chuvoso, que se aproxima do fim.


O ac24horas conversou com o secretário de estado de Produção e Agronegócio, Edivan Azevedo, sobre como o governo está acompanhando a crise no setor causada pela pandemia. Segundo ele, a SEPA está intensificando o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) com compra dos produtos da agricultura familiar e com doação simultânea para às instituições de saúde, casas de abrigos e famílias em insegurança alimentar e nutricional.


O secretário afirmou que para esse fim o Ministério da Cidadania aportou emergencialmente R$ 1,7 milhão para que o programa atue nos 22 municípios acreanos. Além do PAA, Edivan Maciel citou também o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), por meio da Secretaria de Estado de Educação, e as compras institucionais da UFAC, 7º BEC e do 4ºBIS, que totalizam R$ 31 milhões para aquisição de alimentos da agricultura familiar, beneficiando diretamente 6 mil agricultores.


“Em breve o BID/PDSA (Programa de Desenvolvimento Sustentável do Acre com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento) também liberará R$ 7,5 milhões para compra emergencial da produção dos beneficiários em todo o estado com doação simultânea para 6 mil famílias em situação de vulnerabilidade e 16 unidades de acolhimento. Com isso o governo do Estado está garantindo renda ao agricultor familiar, e ao mesmo tempo, alimentando os mais vulneráveis”, explicou o secretário.


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Raimari Cardoso

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