Uma portaria publicada quase que despercebida pela imprensa no Diário Eletrônico do Ministério Público Federal no último dia 14 de maio traz a tona oficialmente um suposto caso de improbidade administrativa praticado pelo senador Márcio Bittar (MDB), escolhido pelo Congresso Nacional para ser o relator do Orçamento da União de 2021.
De acordo com a publicação, o parlamentar do Acre é alvo de uma investigação presidida pelo procurador da república, Ricardo Alexandre Souza Lagos, que instaurou um inquérito civil para apurar possível ato de improbidade tendo em vista que um de suas assessoras, Gleiciane Meneses de Souza, ocupante do cargo de Ajudante Parlamentar Júnior vinculado ao gabinete do Senador, estaria cursando medicina na UNITEPC, em Cochabamba/Bolívia, em turno integral, o que inviabilizaria o regular exercício das atividades junto ao Senado Federal.
Segundo a portaria ministerial, o procurador adota uma série de medidas para iniciar as investigações como por exemplo a juntada aos autos dos extratos das remunerações recebidas por Gleiciane no período de setembro/2019 a abril/2020, extraídos do sítio eletrônico do Senado.
A publicação ainda enfatiza que o prazo para conclusão do procedimento investigatório já havia se esgotado sem que tenha sido concluídas as primeiras diligências necessárias à sua instrução. “Notadamente em decorrência da ausência de resposta a ofício direcionado ao Senado Federal no qual foram requeridas informações imprescindíveis ao esclarecimento dos fatos”, diz trecho da portaria. O ac24horas apurou que o caso estava sob a órbita do MPF desde outubro de 2019 mas somente agora foram tomadas providências após ao não fornecimento de respostas pelo senado federal.
Em consulta ao Portal do Senado Federal, a reportagem verificou que Gleiciane ainda consta na folha de pagamento de assessores do parlamentar com salário e mais auxílio que o ultrapassa os R$ 3 mil. Ela ingressou no gabinete do senador em fevereiro de 2019, logo após a posse.
Questionado por ac24horas, Bittar confirmou que Gleiciane estuda medicina na Bolívia e presta seus serviços de forma remota. “Não vejo problema algum. Ela trabalha como qualquer outro assessor meu. Divulga minhas ações e participa das reuniões de equipe. Ela estuda em Cobija, mas mora no Acre. Eu não vejo problema. O mundo mudou, as pessoas hoje trabalham de qualquer lugar. Mas se a justiça quer esclarecimentos, eu darei de bom grado. Não tenho nada a esconder”, disse.