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Funerárias não estão preparadas para o pior cenário da pandemia

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Além do medo do contágio pelos profissionais das funerárias, estoque de caixão em todo estado é para uma situação de normalidade. Pedido de reposição de urnas mortuárias, após a crise da Covid-19, leva mais de 30 dias para chegar ao Acre. Cemitérios públicos não possuem área de expansão. Projeto de novo cemitério-jardim foi abandonado há cinco anos por falta de recursos.


Na primeira quinzena de março o ex-ministro da saúde, Henrique Mandetta, por telefone, aconselhou o governador Gladson Cameli a colocar as funerárias do estado em alerta. Médico, Mandetta parecia prever que o pior estava para acontecer no sistema público de saúde do estado.

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Mesmo com o risco de colapso no sistema, que teria efeito dominó, parece que o governador não seguiu os conselhos de Mandetta. Pelo menos é o que revelou um proprietário de funerária do interior do estado.


“Falei com o secretário Alysson Bestene que estávamos à disposição, ele não deu importância, nunca reuniu mesmo por videoconferência com os donos de funerárias dos municípios. Tivemos que correr atrás das orientações. Os primeiros enterros de vitimas da Covid-19 foram feitos sem nenhuma regulamentação publicada oficialmente”, disse o proprietário de uma funerária que, temendo represálias, pediu para não ter seu nome divulgado.


Segundo o empresário um aumento no número de mortes em Rio Branco e nas cidades mais atingidas pela propagação do vírus, pode ocasionar o colapso no sistema funerário. “Primeira coisa que deve faltar é mão de obra. Olhem o que ocorre em Manaus, os enterros acontecem até durante a noite” alerta.


No Estado do Amazonas, primeiro a ter o sistema de saúde estrangulado por falta de vagas em leitos e UTIs, 1.130 óbitos a mais foram registrados desde o registro do primeiro caso do novo coronavírus, causando uma verdadeira correria em toda rede funerária.


O empresário chama atenção para a localização geográfica do estado e diz que em consulta com os demais proprietários de empresas funerárias, constatou que o estoque de urnas mortuárias é para uma situação normal.


“Após a pandemia, no interior as urnas levam até 90 dias para chegar. Em Rio Branco as encomendas ultrapassam os 30 dias. Existe uma demanda muito grande dos estados do sul e até do Amazonas, Pará, Ceará e Roraima. Todos pedidos são para São Paulo a mais de cinco mil quilômetros da capital”, disse.



Cemitérios públicos não têm espaço para expansão e demanda de enterros vem sendo atendida pelo Morada da Paz


A média de enterros na capital, segundo o empresário, é de 20 sepultamentos por dia. “Um aumento nesse número de óbitos pegaria todos de surpresa, não existe veículos suficiente, equipamentos de proteção e muito menos caixão, além da mão de obra especializada nesses tempos de pandemia”, voltou a comentar.


Os alertas feitos pelo ex-ministro Henrique Mandetta e pelo empresário do setor não estão fora da realidade, o estado do Acre é a segunda unidade federativa que mais apresentou novos casos de Covid-19 na última semana (de 28 abril a 4 de maio) na comparação com a anterior (21 abril a 27 de abril), com uma variação de 341%, ficando atrás de Sergipe (418%) e Tocantins (506%).

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Outra preocupação é com relação às vagas nos cemitérios. A prefeitura de Rio Branco administra quatro deles: São João Batista, Jardim da Saudade, São Francisco e Cruz Milagrosa. Em nenhuma área existem vagas. Os sepultamentos são apenas de quem já tem terras compradas.


Os corpos das 38 vitimas até este sábado (9) foram enterrados no cemitério particular Morada da Paz. Procurada, a administração do espaço se negou a falar sobre o assunto. Segundo a reportagem apurou, novos jazigos foram abertos durante o aumento de óbitos no Acre pela pandemia da Covid-19.


A falta de vagas nos cemitérios de Rio Branco não é um assunto novo. Um projeto de construção de um cemitério-jardim chegou a ser apresentado pelo ex-prefeito Marcus Alexandre, mas a ideia não saiu do papel. A obra custaria R$ 18 milhões aos cofres públicos.


Próximas semanas serão decisivas para decretação de Lockdown no Acre

Embora o governador Gladson Cameli tenha admitido a possibilidade de decretar Lockdown, o Comitê Gestor da Covid-19 deve aguardar a evolução da pandemia nas próximas semanas, consideradas decisivas para o achatamento ou não da curva de contaminação.


A esperança das autoridades de saúde do Acre é que com a organização do novo fluxo de atendimento exclusivo aos pacientes testados positivos, o INTO, possa definitivamente diminuir a capacidade de proliferação.


FOTO: SECOM ACRE

No Brasil, o estado de Mato Grosso foi o primeiro a reduzir em 46% os casos de contaminação. O governador Gladson Cameli, a primeira dama Ana Paula e até uma campanha do Ministério Público, reforçam os pedidos de isolamento social.


O principal problema colocado sob a mesa do Comitê é a evolução rápida do vírus nas cidades interioranas. Em Cruzeiro do Sul já são 68 os casos confirmados até a manhã de sábado. Plácido de Castro com mais de 50 positivados, é a cidade de maior incidência no Acre.


“Em todas cidades do interior não existem vagas de expansão nos cemitérios públicos e, pior, nem cemitérios particulares como em Rio Branco com capacidade de atender as primeiras demandas”, concluiu o empresário.


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