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Mudança na gestão expõe problemas no Depasa que resultam em falta d’água no Acre

Por
Leônidas Badaró

Não é difícil medir a baixa popularidade do Depasa (Departamento Estadual de Água e Saneamento). Basta sair às ruas e perguntar à população sobre a qualidade do serviço oferecido pela autarquia. As respostas são as mais negativas possíveis. Mas quais os motivos de tanta reclamação? E o que a nova gestão pretende fazer para mudar essa realidade?


Segundo decreto do governo do Acre, o Depasa foi criado para oferecer mais qualidade de vida aos moradores e evitar o desperdício de dinheiro público.


Nomeado para a presidência do departamento em 24 de março, Tião Fonseca detalha as ações dos primeiros 45 dias de trabalho com o objetivo de garantir o funcionamento do sistema.


Nesta sexta-feira, 8, Fonseca falou com exclusividade ao ac24horas sobre as ações planejadas para os próximos dois anos e sobre um plano emergencial para solucionar problemas no abastecimento de água.


Segundo Tião Fonseca, o primeiro e principal problema é falta de dinheiro. “Ocorre que atualmente, o Depasa conta com 156 mil usuários cadastrados. Desse total, apenas 11 mil usuários pagam a conta de água em dia, ou seja, arrecada apenas 18% do que investe”, disse.


Ele informa ainda que o departamento emite todos os meses algo em torno de 6 milhões de reais em faturas de serviços, mas a média de arrecadação é de apenas 2 milhões e 600 mil reais. Ou seja, a autarquia arrecada menos de 50% do que deveria.


De acordo com uma pesquisa recente divulgada pelo IBGE, apenas 36,5% dos domicílios acreanos são abastecidos com água potável todos os dias. Esse dado expõe uma das reclamações mais recorrentes da população é que a água não chega em todos os bairros. Sobre isso, Fonseca explica que as grandes adutoras, responsáveis por transportar grandes volumes de água até a rede de distribuição, foram sangradas e perderam a pressão. Fazendo com que as casas dos bairros da ponta de rede passaram a não ter mais pressurização para essa água chegar.


Sobre a rede de esgoto, Fonseca informa que houve uma ampliação recente, mas que o esgoto não chega onde deveria chegar. “Em Rio Branco, 80% da rede está pronta, mas apenas 23% chega à estação de tratamento”, afirma o diretor-presidente. Segundo pesquisa do IBGE, apenas 40,6% dos domicílios no Acre estão ligados à rede de esgoto, uma das dez piores taxas do país.


Do total das casas que recebem água tratada do Depasa, 75% são cobradas a tarifa mínima de consumo, no valor de R$17,92. Segundo Fonseca a tarifa está defasa “há bastante tempo”.


Fonseca expõe deficiências das administrações anteriores e falhas em relação ao projeto Ruas do Povo. “Não se mede o consumo, não se lê os registros. As ligações de água do programa Ruas do Povo, por exemplo, foram todas fora do sistema do Depasa. Não entraram por falta de cuidado das administrações que nos antecederam, para colocar no sistema”, disse. “Já que o Depasa executava o Ruas do Povo, era só ligar o programa aos serviços do setor comercial de abastecimento de água que tinham resolvido isso. Mas não houve esse trabalho, então é mais uma ação que precisamos realizar”.



Da gestão herdada por Tião Fonseca, além de contas atrasadas, há um total de 8500 ordens de serviços (OS) acumuladas desde o ano de 2015. Diante deste cenário, o atual gestor do departamento anuncia um plano emergencial e planejamento estratégico para os próximos dois anos em que promete virar o jogo.


“Estamos montando um plano emergencial de abastecimento de água e esgotamento sanitário para o combate à Covid-19. No próximo dia 24, irei a Brasília para discutir as propostas do documento com o relator do Orçamento Geral da União (OGU) 2021, senador Márcio Bittar”, informa Tião Fonseca. “O objetivo é garantir o fornecimento de água, inclusive nas localidades que ainda não contam com rede de distribuição”.


Do encontro com o senador Márcio Bittar, Tião Fonseca espera conseguir apoio para implementação das ações a médio e longo prazo previstas no planejamento até 2022.


“Esperamos, com apoio do relator, ter do Governo Federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento regional, alguma linha de crédito para socorrer as estatais para que possam fazer frete ao novo coronavírus”, disse Fonseca. “E assim, garantir o fornecimento de água tratada nas torneiras até mesmo para quem ainda não conta com rede. Fazer com que o sistema funcione na capital e interior. Para isso o Depasa precisa de investimento urgente. Esperamos conseguir o apoio do poder público para fazer frente a tantas deficiências que o sistema acumulou”.


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Leônidas Badaró

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