O governador Gladson Cameli conversou com o ac24horas na manhã desta quarta-feira, 6, a respeito dos últimos acontecimentos envolvendo a pandemia de coronavírus (Covid-19) no Acre. O chefe do Palácio Rio Branco ressaltou que é muito provável que o Estado registre 1000 casos antes do final desta semana e com base nisso decidirá se decretará “lockdown”, que seria uma espécie de confinamento ou bloqueio total de todas as atividades, que nem para isso seja utilizada com mais rigor a força policial.
Para especialistas, a estratégia é extrema, e deve ser adotada apenas em situação de grave ameaça ao sistema de saúde, como é o caso do Acre que até às 22h de terça-feira, 6, registrou até o momento 904 casos confirmados de 3.677 testes realizados e que 355 em estão em análise, conforme adiantou o governador a reportagem.
“Existe hoje 60% de possibilidade da gente decretar lockdown, não existe uma conversa inicial com órgãos ainda, mas é bem possível que após os 1000 casos registrados, possamos tratar do assunto de forma mais dura. Creio que até o final de semana possa está tomando essa decisão”, informou Cameli.
O governador enfatizou ainda que vem tomando todas as medidas para combater a proliferação do vírus, mas reclamou da imposição da classe empresarial que não tem gostado de suas atitudes. “A situação é simples. A prioridade é vida, os nossos empresários infelizmente não estão entendendo isso. Eu ouço todos, mas essa pressão pela verticalização do decreto de isolamento tendem piorar as coisas muito mais. Não paramos de registrar casos. Eu estou para convidar os empresários para irem na UPA do 2º Distrito comigo para ele verem de perto o aperreio da população em busca de diagnóstico. Nós somos humanos, ninguém aqui é de ferro não. Qualquer um de nós podemos ficar infectados, temos que fazermos a nossa parte”, disse.
Sobre a população não vir respeitando as regras de isolamento, o chefe do executivo foi mais duro. “Eu estou fazendo de tudo, aconselho, somos transparentes nas informações. Depois não culpem o governo quando tiver gente morrendo em casa devido o sistema de saúde ter entrado em colapso. Se a população não falar a mesma língua, vai morrer gente em casa, infelizmente, como está acontecendo em Manaus e em Belém. Mais uma vez eu peço, fiquem em casa”, argumentou.
Gladson pontuou ainda uma série de esforços para que o INTO funcione ainda esta semana para receber pacientes e não descarta o uso da estrutura dos hospitais particulares Santa Juliana, Santa Casa e Prontoclinica, se for necessário. “A todo momento chega um problema. As pessoas nem imaginam os tipos de gargalos burocráticos que estamos enfrentando. Mesmo em tomando todas as precauções, o sistema não aguenta. Não existe respiradores e equipamentos no mercado a pronta entrega, a indústria ainda está se adaptando a demanda crescente de pedidos”, enfatizou.
O POSSÍVEL LOCKDOWN NO ACRE
O bloqueio total prevê a suspensão das atividades não essenciais, com exceção de serviços de alimentação, farmácias, portos e indústrias que trabalham em turnos de 24 horas. Bancos e lotéricas abrem apenas para o pagamento do auxílio emergencial, salários e benefícios sem lotação máxima nesses ambientes, com organização de filas.
Existe a possibilidade ainda da proibição da entrada e saída de veículos por dez dias, com exceção para caminhões, ambulâncias, veículos transportando pessoas para atendimento de saúde e atividades de segurança.
O ac24horas apurou ainda que o governo estuda suspender também a circulação de veículos particulares, sendo autorizados somente a saída para compra de alimentos ou medicamentos, para transporte de pessoas e atendimento de saúde, serviços de segurança ou considerados essenciais.
Além disso, esse tipo decreto prevê limitação da circulação de pessoas em espaços públicos e proibição de qualquer aglomeração de pessoas em local público ou privado, para realização de eventos como shows, congressos, torneios, jogos, festas e similares. O lockdown ainda estipula ainda que é obrigatório o uso de máscara em todos os locais públicos e de uso coletivo, ainda que privados e quem não cumprir as regras estará sujeito a advertência ou multa. Estabelecimentos podem sofrer interdição parcial ou total do estabelecimento, no caso de empresas.
O decreto também suspende todas as obras públicas e privadas, com exceção das áreas da saúde, segurança pública, sistema penitenciário e saneamento. Só podem funcionar indústrias que atuem em turnos ininterruptos ou as que atuem no setor de alimentos, bebidas e produtos de higiene e limpeza.