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Mal acostumado

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O trânsito de Rio Branco está uma maravilha. Nem em época de férias escolares ficou assim há muito tempo. Percursos que se fazia em vinte minutos, estão demorando menos de dez, com um consumo bem menor de combustível também. E o preço do combustível despencou.


Consequência direta das medidas contra a proliferação da pandemia de coronavírus que nem estão sendo levadas tão a sério, ainda, por aqui.

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Quem achava que a imprudência de muitos motoristas e, principalmente, motociclistas estava associada ao estresse nos congestionamentos, já pode constatar que nesse aspecto pouca coisa mudou. Me parece até que piorou. Com as ruas mais livres, muitos abusam da velocidade e continuam a desrespeitar semáforos fechados a qualquer hora do dia.


E o trânsito poderia estar ainda muito melhor se o transporte coletivo fosse mais eficiente e menos arriscado à contaminação da virose. E também se uma quantidade maior de pessoas mantivesse o isolamento e saísse de casa o mínimo necessário. Supermercados, por exemplo, estão mais lotados atualmente que antes das medidas restritivas.


O certo é que as ruas sem congestionamento são um incentivo a mais para quebrar um pouco o tédio da reclusão doméstica para muita gente. Talvez essa seja uma das explicações para que os indicadores de isolamento calculados com o monitoramento de localização de celulares estejam relativamente baixos por aqui, onde grande parte da população trabalha no serviço público, em relação a lugares que o setor privado e autônomo tem participação muito mais significativa.


Os números da doença, entretanto, continuam subindo. Na última semana os 301 casos computados na segunda-feira, 27, foram para os 733 divulgados ontem. As mortes cresceram de 14 para 28. O hospital de referência para o tratamento da virose está com a capacidade esgotada e o sistema de saúde não comporta esse ritmo de contaminação.


Vários Estados já adotam o ‘lockdown’ ou isolamento total. Uma medida que, em breve, precisaremos também por aqui. É uma medida drástica que poderia ser evitada por uma população mais comprometida em conter a expansão do vírus.


A cidade de São Paulo está experimentando uma medida para restringir os deslocamentos de automóvel promovendo congestionamentos artificiais que desestimulam os motoristas. Uma forma de fazer isso por aqui é instalar barreiras de controle sanitário ao longo das principais vias. Outra é simplesmente estrangular o fluxo com barreiras de concreto restringindo faixas de tráfego.


Mais dia, menos dia, a pandemia passará e estabeleceremos uma nova normalidade. Vamos adquirir uma porção de novos hábitos e abandonar outros. O vírus mostrou o quanto somos vulneráveis e despreparados para situações absolutamente previsíveis como essa. Os congestionamentos voltarão também à normalidade a menos que, entre os novos hábitos, a gente consiga reduzir nossa enorme dependência do automóvel.




 


 


Roberto Feres escreve às terças-feiras no ac24horas.  


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