A Nova Educação tem no conhecimento sobre o funcionamento do cérebro o grande aliado para a materialização da formação humana integral que a contemporaneidade demanda. Para isso, dois conjuntos de atributos precisam ser incorporados no processo formativo: a capacidade de perceber e entender os fatos e fenômenos do mundo, por um lado, e ser capaz de agir em conformidade com padrões de eticidade e alteridade individuais e grupais. Sinteticamente, o primeiro conjunto tem o desafio de tornar o mundo mais íntimo, enquanto o segundo visa à produção do bem. Ambos os conjuntos, porém, são convergentes de que a finalidade da educação é a promoção da felicidade individual e coletiva. Não há mais, portanto, a ideia de se educar para o trabalho, sucesso ou qualquer outra finalidade limitadamente egoísta. Trabalho e sucesso, por exemplo, trazem apenas contentamento temporário. Apensas a produção constante do bem é capaz de proporcionar mais momentos felizes e duradouros. Este ensaio tem como objetivo apresentar o escopo da Nova Educação.
Grandes educadores ao longo da história apontaram sempre o mesmo sentido da educação: o entendimento do mundo. Era e é necessário que saibamos como o mundo funciona, qual é a lógica que está por trás de cada fato e fenômeno que o compõem, para que possamos saber como agir. É preciso entender não apenas para a contemplação, como equivocadamente interpretaram os gregos, mas para agir. A moderna neurociência tem a resposta de por que agir assim: é a ação que consolida, retifica e amplia o que está sendo aprendido. Nenhum conhecimento é definitivo. Está sendo sempre alterado. A cada vez que nos lembramos, a própria lembrança já o altera. E é preciso saber por que e como isso acontece.
Mas não basta qualquer agir. A ação precisa ser benéfica, trazer como consequência algo efetivamente bom. E algo efetivamente bom é aquele que, no presente e no futuro, não apresenta consequências maléficas. É preciso, portanto, um cálculo utilitário de consequência, de maneira que se possa aferir a adequação ou inadequação de uma ação ou de um entendimento. E o referencial para a avaliação é sempre a bondade, o bem. Dessa forma, a educação passa a ter um caráter teleológico, uma finalidade, que parametriza tanto o processo de aprendizagem quanto o aprendizado auferido.
Os atributos da Nova Educação que são direcionados para o alcance da intimidade com o mundo partem da essencialidade da vida humana e vão se ampliando gradativamente. O indivíduo não começa conhecendo a si mesmo, mas aquilo que lhe é mais próximo, mais essencial, como comer, beber, abrigar-se etc. Quando conhece essa essencialidade, conhece um pouco de si, mesmo não tendo consciência desse conhecer. Em seguida amplia o foco da aprendizagem para os relacionamentos familiares e tudo o que dali advém, e então novamente conhece um pouco mais de si, também de forma inconsciente. Nova amplitude é verificada nos grupos de amizades e vizinhança com novos entendimentos, que outra vez se voltam para o indivíduo, ampliando e aprofundando o que sabe sobre si. E essa ampliação prossegue infinitamente, até que consiga entender o funcionamento dos infinitos universos, tornando-se membro de uma comunidade cósmica, quando obtém vasto e profundo conhecimento de si mesmo.
Nesse vai-e-vem de entender e agir, o indivíduo vai pouco a pouco entendendo a limitação das explicações humanas. Compreenderá que não pode ter uma única visão do que quer que seja. O autor A, por mais conhecido e amado que seja, apresentará sempre uma visão extremamente limitada e falha da realidade. É preciso a ajuda dos autores B, C, D e E, conjugada com o auxílio dos profissionais Alfa, Beta, Gama e Ômega. Mas também isso não é suficiente para gerar o entendimento que se quer. É imperioso conhecer todas as visões contrárias e aparentemente contraditórias. É só quando conheço todos os pontos de vistas e perspectivas é que sei o que o ser humano sabe. E é quando percebo o quão limitado é o saber que se tem. E é quando sou chamado a contribuir para aperfeiçoar esse saber. A Nova Educação não dogmatiza, portanto, e nem discrimina: todas as contribuições são extremamente importantes porque representam o grande esforço humano do conhecer. São as pequenas contribuições individuais e grupais para o grande projeto humano de ser feliz.
Não existe, portanto, a ideia de que essa teoria é mais interessante do que aquela. Não é a teoria que nos interessa. É o conhecimento sobre cada fato e sobre cada fenômeno do mundo o que importa. As teorias, todas elas, por mais díspares que possam ser, se focam determinado fato ou fenômeno, apresentam uma lógica no seu conjunto. É essa lógica que se tem o desafio de conhecer. Cada teoria toca um instrumento na grande sinfonia da conquista da intimidade com o mundo. A teoria só provoca dissonância sozinha. E quando ela quer o lugar privilegiado no palco é sinal quase inconteste de que precisa ser descartada, porque não mais pretende gerar música. A Nova Educação visa à alteridade, ao outro. Cada teoria é direcionada para servir às outras teorias sobre o mundo, da mesma forma que o bem só pode ser gerado para alter. É no bem gerado ao outro que o indivíduo encontra o bem que procura para si.
E para que minha ação se direcione ao bem, preciso aprender a fazer ao outro aquilo que eu gostaria que o outro fizesse para mim. Como consequência, preciso conhecer o outro e a mim, para que eu possa produzir ações éticas. Esse direcionamento ao outro, à alteridade, é o desafio de aprender a servir. O sucesso ou o que quer que seja não vem com a produção do mal, vem com o bem. As pessoas se aproximam não pela quantidade e qualidade da maldade que produzem, mas pelo bem que fazem aos outros. Mas para fazer o bem, o que os outros querem e o que eu também quero, é preciso conhecer. E não há aprendizagem nem aprendizado efetivo sem que se conheça as potencialidades e as limitações do cérebro.
Daniel Silva é PhD, professor, pesquisador do Instituto Federal do Amazonas (IFAM) e escreve todas às sextas-feiras no ac24horas.
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