Nunca endeusei Sergio Moro quando era o juiz da Lava Jato. Sempre me pareceu que aquela imagem de onisciência e onipotência sobre a operação foi construída na estratégia de defesa dos acusados. Juízes decidem sobre pedidos das partes, fundamentadas nas provas. Sua projeção se deveu ao teatro produzido para desviar a atenção sobre os crimes e tratar a questão jurídica como mais uma disputa meramente política, e encampado pela mídia sempre à busca de um herói nacional.
Tenho minha convicção pessoal, formada por conhecer um pouquinho do funcionamento das operações policiais, do relacionamento entre a investigação e o Ministério Público e de ambos com os juízes, que a Lava-Jato estabeleceu sim um marco na forma de perseguir o crime no Brasil. Muitos dos procedimentos e atitudes que permitiram isso, entretanto, têm pouquíssimo a ver com pessoas e foram determinadas por condições locais apropriadas.
Os juízes, procuradores e policiais são, antes de mais nada, servidores federais que passaram em concursos públicos e tomaram posse inicialmente onde havia vaga, geralmente em Estados do Norte, nas regiões de fronteira, em cidades do interior. Com o tempo e a experiência, esses profissionais se removem, naturalmente, para seus locais de origem. Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre estão entre os destinos mais desejados. Por isso, a quarta região do Tribunal Regional Federal – TRF-4 se destaca em efetividade. Alí foram desenvolvidos sistemas que tornam o trâmite dos processos muito mais ágil e a comunicação entre os órgãos muito mais eficiente.
Enquanto as pilhas de documentos em papel sabotam o trabalho de investigação dos crimes em geral pelo país, os sistemas informatizados e o uso racional da tecnologia são eficientemente empregados pelas diversas equipes da Operação. Somente assim foi possível colecionar e analisar a imensa quantidade de dados e documentos arrecadados nas diversas fases.
Quando surgiu a notícia de que Bolsonaro convidou Moro para o Ministério da Justiça eu torci que não fosse. Me lembrei de quando Lula convidou Marina para o Meio Ambiente e eu dizia que ela, como senadora e tendo a projeção internacional que havia conquistado, servia melhor ao país continuando no Legislativo.
Aqui no Acre a gente costuma dizer que de dentro da clareira não se tem a visão da floresta. De Curitiba, Moro certamente enxergava a possibilidade de oferecer sua experiência para que a legislação penal fosse melhorada em diversos aspectos. Atuando num ambiente de excelência, não devia fazer ideia das mazelas das demais regiões do país. Fora da clareira, deve ter notado que o que lhe parecia floresta na verdade é um pântano gigantesco.
Por ora, perdemos um bom juiz e o governo perdeu um importante elo de credibilidade. No jogo para a platéia, a tentativa da comunicação oficial é de reverter o descrédito imputando-lhe adjetivos como desleal e ingrato. Francamente, nada do que ele disse e mostrou ao sair me surpreendeu. Fez foi ficar muito tempo protegendo a pasta de interferências desastrosas. No mais, muito do que seria necessário para que a segurança pública do Brasil saia do modelo arcaico que conserva há 200 anos ficará para outro governo.
Roberto Feres escreve às terças-feiras no ac24horas.
William Bonner, 61, publicou uma foto em que aparece com o braço imobilizado após tropeçar…
Nesta sexta-feira (20/12), Rodrigo Faro gravou o último programa na Record. O apresentador deixa a…
Anitta abriu o coração e falou sobre a briga de ego que tanto assola o…
Um policial penal suspeito de alugar celulares para presos integrantes de facções criminosas, foi afastado…
Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT10) publicou um edital de concurso público que…
Uma mulher de 25 anos é investigada por suspeita de dar um golpe no próprio…