O chega pra lá que a prefeita Socorro Neri deu no PT é um clássico exemplo do “feitiço que virou contra o feiticeiro”.
Em 2016, por uma obra de autoria ainda desconhecida, a professora Socorro Neri foi sacada do PSDB, onde nem nos melhores sonhos ela teria chance de se eleger prefeita.
O inusitado ingresso de ex-tucana nas fileiras da coligação Frente Popular representou, de início, uma espécie de vingança contra o antigo e tradicional aliado petista, o PCdoB.
Mesmo sendo minha conterrânea de Tarauacá uma mulher que reúne os adjetivos de integridade, simpatia e de bom relacionamento, naquele momento, nem de longe, Socorro Neri representava uma ameaça ou um ganho eleitoral.
Em verdade, o PT desejava ter na companhia de Marcus Alexandre uma pessoa que não fosse “nem carne, nem peixe”, ou seja, não tivesse luz própria e não representasse qualquer perigo ao projeto deles de perpetuação no poder.
Essa era a verdadeira intenção: Marcus ganharia a eleição para prefeito e ficaria livre para alçar o voo governamental, posto que sua vice continuaria sendo vice das decisões petistas.
Ainda que o partido tivesse caindo aos pedaços em razão dos sucessivos e abusivos escândalos de corrupção e o povo acreano de saco cheio do vianismo, Marcus era venerado entre os petistas como um trunfo importante e imbatível.
Como a estratégia não foi combinada com os eleitores, Marcos perdeu feio para Gladson Cameli e a professora Socorro Neri assumiu a camisa 10 na prefeitura.
Aos poucos, a prefeita foi demonstrando que não era um poste e que a luz dela não dependia de alimentação da tomada petista.
Como está fazendo uma administração razoável, dentro das possibilidades financeiras da capital, Socorro, com maestria, dispensou o indesejável apoio petista e tornou-se uma das opções favoritas para o pleito deste ano, isto se a pandemia não adiá-lo.
Ao PT restou a choradeira nas enfadonhas notas cuja passagem para leitura do segundo parágrafo é um ato de devoção.
Nunca esqueci do ex-deputado Sibá Machado quando este dizia que o PT usava a tática do papagaio para nunca cair, qual seja: só soltava o pé quando o bico estava firme no arame e só largava o bico quando o pé estava bem seguro.
Moral da história: o PT largou a prefeitura e Socorro quebrou o arame deles, deixando o partido com as asas quebradas e espatifado no chão.
Luiz Calixto escreve todas às quarta-feiras no ac24horas.
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