A declaração da prefeita de Tarauacá, Marilete Vitorino, de que um índio que chegou de fora do Brasil foi encontrado em um hotel da cidade com todos os sintomas do coronavírus e que índios não deviam ter livre circulação, gerou respostas duras da direção da Funai e do Distrito Especial Indígena (DSEI) da região.
Segundo a prefeita, o indígena foi identificado em um hotel da cidade pela Vigilância Epidemiológica. ” O que soubemos é que ele veio de fora do país e já teria fugido da UPA de Rio Branco”.
Vitorino citou que “deveria haver uma forma de proibir essa circulação. A Funai e o DSEI nos dizem que na cidade os índios não são de responsabilidade deles”.
Na Funai de Cruzeiro do Sul, responsável pela região que inclui Tarauacá, o chefe, Marco Antônio Gimenez disse que a declaração da prefeita foi inconsequente. “Esse indígena nunca se evadiu da UPA e a prefeita de Tarauacá foi inconsequente quando afirmou que deveria haver uma forma de impedir a circulação de índio. O índio é igual a qualquer outro cidadão no seu direito. Nós estamos monitorando a situação”, declarou.
Para a chefe do DSEI, Iglê Monte, a prefeita de Tarauacá foi preconceituosa, o que induz as pessoas da cidade ao mesmo comportamento. Ela destaca que qualquer índio que esteja fora e retorne, deve ficar 14 dias em quarentena até voltar para a aldeia. O indígena que esteve no México passou em Santa Catarina e Rio Branco e já está em Tarauacá há 10 dias nesta quarentena . Neste domingo (29) a noite ele se sentiu mau e buscou o Hospital de Tarauacá, com uma suposta crise de asma.
“O indígena sofre de asma e procurou a UPA em Rio Branco e Tarauacá. Fez o exame e aguarda resultado. Ele estava em isolamento em um hotel até passar os 14 dias e poder voltar para a Aldeia que fica no Jordão. Agora vai aguardar o resultado do exame. Não esperávamos uma atitude tão preconceituosa da prefeita”, finalizou Inglê.