A cidade de Xapuri, fundada no dia 22 de março de 1904 (há controvérsias históricas), completa 116 anos neste domingo sem qualquer celebração. Todas as atividades comemorativas à data foram canceladas pela prefeitura dentro das medidas de prevenção adotadas com relação à pandemia de covid-19 (novo coronavírus).
Em vez de festa, as autoridades municipais, especialmente as da área de saúde, estão voltadas para o monitoramento das pessoas que chegam à cidade, tomando os procedimentos para o isolamento espontâneo e a comunicação de sintomas a uma equipe criada pela Secretaria Municipal de Saúde para esse fim.
O prefeito Ubiracy Vasconcelos lamentou o momento e pediu a compreensão da população com as medidas tomadas. Quando assinou o decreto declarando situação anormal, caracterizada como emergência, com medidas preventivas, de caráter temporário, para o enfrentamento à pandemia, pediu a união da população no momento difícil enfrentado pelo mundo.
“Peço que a gente se una em oração, rogando a Deus que essa fase ruim passe e que a gente consiga enfrentar essa doença que parece um pesadelo, um filme de ficção, mas que é real. Vamos enfrentar unidos, cada um na sua religião, na sua casa e na sua forma, sem aglomerações e o menor contato possível com outras pessoas”, pediu o gestor municipal.
Essa é a segunda vez, nos últimos cinco anos, que Xapuri aniversaria sob estado de calamidade pública no estado ou no município. A primeira foi em 2015, durante a enchente histórica do Rio Acre, quando mais de 40% da área urbana da cidade foi inundada deixando milhares de pessoas desabrigadas.
Considerada como “o berço da Revolução Acreana”, por aqui ter nascido o movimento armado que mais tarde, pelas via diplomáticas, tornou o Acre brasileiro, Xapuri também é tida como símbolo do “Movimento Ambientalista Mundial”, liderado por um de seus filhos mais ilustres, o seringueiro e líder sindical Chico Mendes, que viveu toda a sua vida na cidade, onde foi assassinado, em 1988.
Os primeiros habitantes da região foram os índios das tribos dos Chapurys (mais numerosa e que originou o nome da cidade), Catianas e Moneteris.
A excursão de Manuel Urbano da Encarnação à foz do rio Xapuri, em 1861, foi o início da colonização da região. As terras, onde atualmente se localiza a cidade, eram de propriedade do cearense Manuel Raimundo, seringalista que chegou à região durante o Ciclo da Borracha.
Os seringais da região do atual município de Xapuri eram os mais produtivos do planeta, fazendo com que a região se tornasse a principal referência (em termos sociais, culturais e econômicos) do Acre em outras regiões do país e do mundo.
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