O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) deve anunciar até a próxima quinta-feira, 19, se o Acre passará para o status de Zona Livre de Febre Aftosa sem Vacinação. Durante toda a semana passada, os auditores do Mapa visitaram as unidades do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) selecionadas no interior do estado, além da unidade central de Rio Branco.
No interior, as unidades auditadas foram as de Capixaba, Xapuri, Plácido de Castro, Feijó e Sena Madureira. Os meses, semanas e dias que antecederam a chegada dos auditores foi de muito trabalho nas unidades do Idaf. O governo do estado, por meio de recursos do próprio órgão, fez importantes investimentos para a preparação do estado para esse momento. Outros serão feitos, segundo o presidente Rogério Melo, até o fim de 2021.
Neste domingo, 15, está sendo realizado o concurso para a formação de cadastro de reserva no Idaf nos cargos de engenheiro agrônomo, engenheiro florestal e médico veterinário, de nível superior, além de técnico em defesa agropecuária e florestal, de nível médio e técnico. Os ganhos iniciais são de R$ 4.411,56 (médio) e R$ 6.824,40 (superior).
O concurso é uma das medidas exigidas pelo Ministério da Agricultura. O certame tem o objetivo de estruturar o quadro de profissionais do órgão para os desafios que virão após a transição para o novo status sanitário. Rogério Melo ressaltou a importância da ação para que o Idaf tenha as condições para desempenhar e garantir as certificações dos produtos, seja da parte animal ou vegetal.
“Temos um planejamento para incrementar e fortalecer as atividades de defesa. E essa questão do concurso vai ser um passo importante para a restruturação do instituto, principalmente devido às responsabilidades que estão por vir, pois, com a retirada da vacina, as responsabilidades do Idaf, que já são gigantes, se tornam ainda maiores”, afirmou à Agência de Notícias do Acre.
Outro patamar
Sem registrar casos de febre aftosa há 20 anos, por meio de um rigoroso programa de imunização dos rebanhos que consiste em duas campanhas anuais sob coordenação do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), o estado do Acre vive agora a ansiedade para o esperado resultado, tanto pelo governo quanto por todos os envolvidos na cadeia da bovinocultura.
O Acre possui, atualmente, cerca de 3,5 milhões de cabeças de gado, o que representa um patrimônio de quase R$ 7 bilhões com receita anual de R$ 1,4 bilhão. A produção do estado é de 100 mil toneladas de carnes por ano, sendo que desse total apenas 30% fica no mercado local. O status sanitário de Zona Livre de Febre Aftosa sem Vacinação representará a elevação da pecuária acreana a um novo patamar no mercado de exportação de carnes.
Natural de Franca, interior do estado de São Paulo, o pecuarista Rubens Ignácio Júnior, o Juninho Ignácio, está em Xapuri há 18 anos. Proprietário da fazenda Bom Jesus, no ramal do seringal Cachoeira, ele diz que a passagem do Acre para a condição de Zona Livre de Aftosa sem Vacinação é um momento que todos os pecuaristas acreanos estão aguardando com grande ansiedade. Segundo ele, a certificação contribuirá para melhorar o que já é muito bom – a qualidade do rebanho acreano.
“Isso significa para nós um grande avanço. Vamos conseguir colocar a nossa carne em todo o Brasil, sem restrições, assim como vamos poder exportar o nosso produto que já é de bastante qualidade. O rebanho acreano tem uma sanidade excelente, resultado de um trabalho de muitos anos que os pecuaristas vêm fazendo com o apoio do Idaf e de outras instituições ligadas ao setor, o que significa que não vamos apenas agregar valor financeiro à nossa carne, mas também o respeito de uma mercadoria de qualidade e de boa procedência”, afirmou.