Um edital de licitação orçado em R$ 40 milhões foi lançado durante uma sexta de carnaval com o intuito de contratar uma empresa para executar os serviços comuns de manutenção predial em todos os espaços públicos do governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Infraestrutura – SEINFRA. Essa seria uma das primeiras grandes licitações prometidas pelo governador Gladson Cameli, lançadas com o objetivo de gerar emprego e renda, porém alguns itens do certame foram questionados por empresários do ramo e acabaram ficando sob a órbita da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, principalmente da promotora Myrna Mendonza, que por meio de questionamento do ac24horas, prometeu apurar o caso e, se constatada alguma irregularidade, abrirá um procedimento preparatório visando investigar possíveis irregulares.
O questionamento dos empresários que tinham interesse em participar da licitação decorre do item 10.8 do edital, na página 7, que destaca que serão desclassificadas as empresas que detêm desconto inferior a 22,07% do serviço total, que até então já é o desconto praticado pela Murano, empresa que desde o início da gestão Cameli abocanhou contratos milionários no governo Cameli através de caronas. Segundo estimativa de bastidores, a Murano teria executado mais de R$ 30 milhões em serviços somente em 2019, no primeiro ano da nova gestão.
Outro ponto questionado por empreiteiros consta na página 32, no item 3.2. Nesse trecho é colocado que a estimativa do contrato de R$ 40 milhões é baseada no Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), valor que, aplicado o desconto exigido por si só, faria com que as empresas perdessem cerca de R$ 11 milhões. “No final o valor mínimo para início das disputas no pregão é de 38.927.593,60, o que é abaixo do valor do custo estimado dos serviços. Supondo que o desconto oferecido seja o mínimo e ninguém se aventure a baixar, a construtora já começa com R$ 1 milhão de prejuízo, isso considerando que ela não pagará impostos e nem obterá lucro”, enfatizou uma fonte de dentro do governo ao ac24horas.
O ac24horas apurou que essa suposta manobra poderia quebrar as novas empresas que entrarem na disputa do certame, como aconteceu na gestão do PT, em que a maioria dos empreiteiros quebraram com prejuízos milionários. A suspeita é que esse tipo de licitação beneficiaria apenas a Murano, que já está acostumada a executar esse tipo de serviço com esses preços.
O ac24horas questionou o secretário de Infraestrutura, Ítalo Medeiros, que de antemão negou que a licitação teria sido feita para beneficiar a Murano.
Sobre os descontos inviabilizarem as empresas, Medeiros destacou que “o que se tem visto nas licitações que tem rodado no Estado é que as empresas entram com preços bem mais baixos do que os 22%, tipo 35% ou até 40%. Nós temos casos desses relatos. É um desconto, mas não é nada anormal do que nós temos visto por aí nos processos licitatórios”.
Reafirmando que o processo não visa beneficiar uma empresa específica, Ítalo voltou novamente rechaçar que edital foi publicado e a concorrência é legítima. “Quem tiver algum questionamento que acha que pode beneficiar, segue o procedimento normal que é o de questionar. A gente faz uma análise técnica e dá uma resposta lá. Então não há direcionamento. Qualquer empresa pode entrar com o desconto que quiser, qualquer empresa pode participar, inclusive a empresa que já tem contrato [Murano] . Se a gente por acaso fizesse a licitação que proibisse a entrada de alguém, aí sim nós estaríamos direcionando”, argumentou o gestor, enfatizando que o Sinapi é um preço referência (médio). “Tem empresas que têm custo menor ou maior. Tudo depende da forma de trabalhar, eficiência e outros fatores. Se você observar o resultado das licitações no Estado, digo até no Brasil, os preços finais ficam abaixo do SINAPI em percentual maior que 20%”, pontuou.
Medeiros defendeu o processo, destacando que o “Estado está incentivando a legalidade quando licita e agindo com zelo ao erário público quando busca um menor valor. Seria estranho, se o Governo abrisse mão de um contrato de valor menor e optasse por um mais caro”, justificou. O ac24horas informou que o caso seria levado ao Ministério Público para análise.
O ac24horas procurou a promotora de Justiça Myrna Mendoza, titular da 1ª Promotoria Especializada de Defesa do Patrimônio Público, a qual informou que o referido edital será analisado e investigado, podendo ser aberto procedimento ou inserido em procedimento já existente na promotoria.
Passados alguns dias dos questionamentos da reportagem, nesta quarta-feira, 11, foi publicado no sistema de licitações que o edital foi suspenso.
A reportagem voltou a falar com o secretário de infraestrutura, o qual respondeu que as “empresas entraram com impugnação e estamos analisando”.
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