Depois de 13 meses sendo espezinhado pelos próprios aliados, cuja “medida do ter” nunca enche, e só aparecem ao lado do governador quando a pauta oficial é simpática, eis que saiu da toca o ex-prefeito, ex-governador e ex-senador Jorge Viana para avaliar a seu modo e a medir com a régua dele, os rumos do governo de Gladson Cameli.
Óbvio, que o pesado fardo da maldita herança petista fez curvar o espinhaço do companheiro general, o que pode ser mensurado pelas centenas de comentários desfavoráveis nas redes sociais ao rei deposto.
De início, Jorge Viana destacou como pecado capital de Gladson o rateio de cargos comissionados entre os deputados que formam o time de Cameli. Nas palavras dele, “cada um procura tomar a bola do outro”, numa alusão à falta de entrosamento dos secretários.
Ora, com essa afirmação Jorge Viana desdenha da memória do povo acreano ao tentar negar que no governo dele a base parlamentar também era muito bem alimentada, bem como sua parentada o foi.
A diferença é que na sua época o deputado “que comia do seu pirão provava do seu cinturão”.
Na gestão de Cameli, o que se observa é que quanto mais o partido aliado tem, mais problemas para o governo ele cria.
O erro de Cameli é ser demasiadamente democrático.
Veja-se o exemplo do PMDB. O partido ocupa importantes espaços na administração e, no entanto, vive permanentemente com a metralhadora apontada para cabeça ou para o coração do governador.
Esperto, e pretendendo se mostrar como uma flor no meio do lodo, Jorge escolheu o que quis e o que lhe era mais conveniente falar na entrevista ao temido ac24horas.
Tivesse boa memória, Jorge recordaria que durante seus oito anos um meio de comunicação que ousasse conceder um espaço destes para um oposicionista estava fadado à maldição e à inanição financeira.
Ninguém melhor que Narciso Mendes para falar sobre isso.
Pois bem: é fato que o governo atual passa por sérios problemas. Isso não se pode esconder.
Todavia, vale lembrar que a violência de hoje é resultado das políticas fracassadas da época que o PT comandava o país de cabo a rabo.
Se o Estado vive em petição de miséria e com pouco ou nenhum poder de reação, Jorge não pode olvidar que isso se deve, sobretudo, ao astronômico endividamento deixado pelos 20 anos de petismo. E o pior: empréstimos feitos a rodo para investimentos estéreis, que não resultaram em nada.
Evidente que apenas culpar o PT não vai encher barriga de ninguém e o governo atual tem de apontar caminhos e soluções, mas Jorge Viana precisaria primeiro ser perdoado pelos erros e malfeitos de seu partido para depois dar lições.
Defenestrado do poder, Jorge Viana virou aquilo que imputava ao irmão Tião: um míssil desgovernado.
Luiz Calixto escreve todas às quartas-feiras no ac24horas.
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