A iniciativa do Núcleo de Educação de Brasiléia de mandar cobrir uma pintura artística feita pela prefeitura no muro de uma das principais escolas estaduais no município provocou uma polêmica entre as duas esferas administrativas.
Um vídeo feito pelo ex-secretário municipal de Cultura de Brasiléia, Raimundo Lacerda, mostra a obra de arte pintada no muro da escola Getúlio Vargas, que possui um dos maiores IDEB’s – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – do Acre, sendo encoberta por um produto que aparenta ser cal.
“Tem coisas que você procura explicações e não encontra. Uma obra de arte feita pelo artista Wando Cunha, renomado, catarinense, que esteve em Brasiléia e o poder público municipal, com o dinheiro do povo, mandou fazer esse mural, diga-se de passagem, muito bonito, sendo coberta por cal. O cúmulo de ignorância”, diz o ex-secretário no vídeo.
A prefeita Fernanda Hassem também se manifestou a respeito da atitude tomada pela Educação estadual. De acordo com ela, a ação é lamentável, pois a obra de arte, independentemente de a escola ser pertencente ao estado ou ao município, valorizava a cultura local.
“Meu posicionamento é o mesmo do Raimundo Lacerda; de revolta. Estão apagando a cultura do município, que investe em cultura. Nós lamentamos muito porque fomos pegos de surpresa, a prefeitura nem informada foi. Eu repudio esse tipo de ação”, desabafou a gestora municipal.
Fernanda Hassem também divulgou uma nota pública na qual lamenta a situação. Segue a íntegra da nota.
“A Prefeitura Municipal de Brasiléia, através da presente nota, vem de público LAMENTAR a retirada da arte existente no muro na Escola Estadual de Ensino Fundamental Getúlio Vargas, onde retratava a história do município de Brasiléia, feita pelo artista plástico Wando Cunha, que realizou o trabalho artístico em diversos pontos da cidade de Brasileia, enaltecendo a nossa cultura regional, e tão bem ilustrada através da pintura. Nossa gestão sempre teve como um dos pilares o enaltecimento de nossa cultura regional, dos valores e nossas tradições, e esses estão retratados nos muros da cidade de Brasileia, através da arte, a exemplo do que é feito em várias cidades do mundo, que utilizam a arte e retratam sua cultura através de seus espaços públicos. Lamentamos profundamente o ocorrido, e não termos sido comunicados, uma vez que, ao retirar tal arte, apaga-se dos olhos da comunidade, nossa cultura, tão rica e valorosa, e tão bem retratada no muro da Escola Estadual Getúlio Vargas”.
Fernanda Hassem – prefeita de Brasiléia
Procurada, a coordenadora do Núcleo de Educação em Brasiléia, Sílvia Pacheco, disse que não poderia responder a respeito do assunto quando foi contada em razão de estar acompanhado um parente doente. Ela pediu que o contato fosse retomado posteriormente.
À rádio CBN, a assessoria da Educação estadual afirmou que “a escola passa por reforma, mas que a autonomia de cobrir ou não a arte seria da direção da escola que ficou de acordar isso com a gestão municipal”.
Veja o vídeo: