Por falta de assunto, ou mais precisamente por falta do que fazer, o Acre literalmente parou para discutir o uso de um dinossauro para ornamentar a entrada no Estado pela BR-364.
A obra deverá ser edificada como resultado de uma emenda parlamentar “carimbada” do deputado federal Flaviano Melo. Ou seja: o recurso público não poderá ser utilizado para outro fim, para acalmar o ímpeto daqueles que o contestam alegando outras prioridades no Acre.
Por ironia do destino, a atual secretária de Turismo, Eliane Sinhasique, ordenadora da despesa, era uma ferrenha opositora da destinação de recursos para a construção do Museu dos Povos Acreanos, usando exatamente o argumento das prioridades, embora a verba, também carimbada, tenha sido contratada com finalidade específica.
Minha opinião é que a figura de um dinossauro como meio de atrair turistas para o Acre terá o mesmo efeito de usar uma branquela alemã para ser a Globeleza.
Mas tudo bem. Não será o adorno de um portal que colocará nosso Acre no roteiro do turismo nacional. Este poderia ser um dinossauro, uma anta, Plácido de Castro, um “I love Acre” ou até mesmo o Flaviano.
A discussão é a seguinte: o que é que o Acre tem para mostrar? Quais as nossas atrações para disputar com o litoral brasileiro ou com as ruínas de Machu Picchu?
Alguém, em sã consciência, acha que um cidadão gastaria seu dinheiro apenas para ver o bibelô gigante de um dinossauro? Depois dessa parte do programa, o turista se contentaria em visitar a Gameleira? Ou a opção seria tomar um chopp às margens do fétido Canal da Marternidade?
Quem desejar vir ao Acre puxado pelo meio ambiente ou pelos diversos segmentos da Ayashuasca virá, com ou sem portal.
Já escrevi em outras oportunidades que um dos maiores erros do PT foi o ufanismo em relação às coisas do Acre. Continuamos na mesma pisada.
Pergunte a si mesmo quais as opções que os residentes no Acre tem para fazer num domingo ou num feriado prolongado.
De posse dessa resposta, faça outra: quem sairia do seu lugar para gastar dinheiro em pórtico com “dinossauros gigantes”?
Fato é que não temos nenhum atrativo diferenciado para concorrer nesse rico segmento.
Fortaleza do Abunã e outros pontos turísticos de Rondônia continuarão em alta por muito tempo.
Luiz Calixto escreve todas às quartas-feiras no ac24horas.
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